domingo, 27 de dezembro de 2020

MURCHO, O MOCHO

imagem: https://puzzlefactory.pl/de/puzzle/spielen/landschaften/269626-blattloser-baum


Como chegamos aos 50?

Alguns não tiveram oportunidades de construir uma vida economicamente sólida.
Outros não conseguiram.
Outros até conseguiram e desperdiçaram.
Isto, talvez, devido às intempéries da vida que fez mudar o seu destino.
Nem sempre os sonhos, ou o planejamento, o empenho profissional, a dedicação, a eficiência, a capacidade são suficientes para que se chegue a esta etapa da vida com uma certa tranquilidade e estabilidade.
"N" fatores podem colaborar para o sucesso ou o fracasso.

É verdade o que diz a piadinha popular que após os 50 acordados cada dia com uma dor nova, uma dor diferente.
Assim como acordamos menos pacientes, menos tolerantes às imbecilidades e estupidez do COTIDIANO.
Mas também acordamos com menos sonhos e projetos, pois a sociedade não nos permite idealizar de como realiza-los.
Não nos oferecem uma vaga de emprego, somos velhos.
Por outro lado não nos deixam aposentar, somos novos.
Tiram-nos os direitos, ficamos apenas com os deveres.

Você se torna o ranzinza, resmungão  - o velho chato.
Até mesmo a sua experiência já não tem mais valor, como se fossemos uma máquina desatualizada que não teve um upgrade.
Como se as nossas configurações não estivessem compatíveis para assimilar a realidade atual.
Um software não habilitado para receber as atualizações.
Tiram-nos os direitos de expressar, soltar a nossa voz.
Deixam-nos o dever de ouvir e ter que concordar.

Considerados a máquina ultrapassada e enferrujada, fria e insensível, sem sentimentos.
Quase que invisível.
E é exatamente o contrário, somos mais sensíveis, mais chorões.
Tiram-nos até o direito de amar e ser amado.
Sobram deveres de cuidar e zelar.


"Porque toda a carne é como a erva, e toda glória do homem como a flor da erva. Secou-se a erva, e caiu a sua flor" 1 Pedro 1:14


Wagner Pires,
in, Roteiros de Uma Rotina

quinta-feira, 24 de dezembro de 2020

EM CONTRAPONTO


https://i.pinimg.com/1200x/bd/d8/8d/bdd88d59e33936225c76bd541cd509b4.jpg


É quase 24. 24 horas do dia 24.
Já estouram os rojões no céu, e ouço rajadas de balas na comunidade.
Balas distribuídas pelo velhote de vestes vermelhas nos centros comerciais.
Vestes manchadas de vermelho corre aos gritos.
Diferentes melodias que confundem.
Uma sobrepõe à outra.

É quase 24. 24 horas por dia as luzes ficam piscando em decorações enfeitadas.
As luzes piscam, subindo e descendo do morro em alta velocidade 24 horas de todo o ano.
Diferentes cores em diferentes cenários que não se misturam.
Mesa farta e abundante, onde deixam cair as migalhas.
Na mesa que falta muito, ainda falta o chefe de família, ou o irmão mais velho, ou a tia desaparecida.
Confraternizam com migalhas.

24 horas de uma barriga farta. 24 horas de uma barriga em que o alimento falta.
Junta as moedinhas para comprar uma peça nova no camelô da baixada.
Alinhados para celebrarem a grande ceia, anseiam chegar a hora para abrirem os pacotes.
Presentes diferentes, sonhos opostos, vidas incomum, caminhos em comum.
Abre o sorriso ao abrir o pequenino embrulho: as chaves do carro novo.
Apressadamente rasga o papel da enorme caixa: um humilde carrinho de plástico, e o sorriso se estampa.

24 horas depois já é outro dia, de volta a velha rotina.
Lados contrários da mesma cidade contando os dias para a festa, é carnaval.
Sempre se cruzando: um na arquibancada, outro na passarela
Se cruzam nos faróis pelas esquinas, vidros fechados, só queria uns trocados.
No ritmo da batida do COTIDIANO, melodia em contraponto.
Vidas em contrassenso.




Wagner Pires
in, Roteiros de Uma Rotina

sábado, 19 de dezembro de 2020

PURA MAGIA

imagem: https://tersessenta.tumblr.com/


Não permita que o ódio seja maior do que o amor pelas pessoas.
Porque este ódio é capaz de mudar uma personalidade, fazendo com que as pessoas que te amam estejam afastadas de ti.

Não permita que o ódio cresça em teu sentimento.
Como já dizia o roteirista de cinema: o ódio te leva para um lugar desconhecido, oculto e obscuro, até mesmo macabro. Tornando-te uma pessoa marcada.

Não permita que o ódio interrompa teus sonhos.
Perdendo as ilusões, desacreditando, estar sem fé em algo ou alguém. Ficar sem rumo e sem direção.

Não permita que o ódio mude teu planejamento.
Siga firme no projeto estabelecido, construindo a cada dia, a cada passo o caminho que vem sendo trilhado.

Não permita que o ódio apague a sua alegria.
Muito pelo contrário, seja uma luz que brilhe em meio a toda a escuridão que te cerca.
Seja um tempero diferente que dê sabor ao mais humilde alimento.
O sábio em meio a uma multidão tresloucada.
Seja o diferente nesta geração comum, todos iguais, tudo igual.

O ódio faz com que se tome atitudes inesperadas.
Buscando barganhas, ou concessões, até mesmo aceitar migalhas.
Ação precipitada que o deixe à beira do precipício. E, para se voltar ao início poderá ser um caminho difícil.

A criança sempre respeitada e admirada que existe dentro de você, existe dentro de você.
Viva você mesmo onde quer que esteja, independente de política e políticos, religião e religiosos, dos mocinhos e os bandidos.
Independente do passado bom ou ruim, do presente inóspito. 
Mesmo numa terra sem perspectiva, o teu olhar é especial: porque pode enxergar em outra perspectiva.
Olhar de filho, olhar de pai, namorado, marido, amigo, companheiro, solidário.
No trabalho, como empregado, como patrão, colaborador, ajudante sem outro igual, incomum. Estudioso esforçado, capacitado a buscar capacitação.

Viva a magia de ser e fazer feliz.


"Mas Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; e Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes; e Deus escolheu as coisas vis deste mundo, e as desprezíveis, e as que não são, para aniquilar as que são..." 1 Coríntios 1:27 e 28


Wagner Pires, in Crônicas de Um Andarilho

sexta-feira, 18 de dezembro de 2020

CAIXEIRO-VIAJANTE



Melhor é sair em silêncio
No calar da madrugada
Deixando para traz a turbulência e a truculência

Melhor é deixar para traz os fantasmas e as fantasias
Somente com as roupas que o corpo carrega
Deixando aparente a dor e as feridas

Melhor é seguir a letra da canção do sanfoneiro
Não apenas as terras deste país
Deixando as fronteiras e atravessando as barreiras

Melhor mesmo é seguir o desejo do coração 
Chegar sem pressa, bem devagarinho
Deixando o momento fazer seu destino

Melhor é abastecer a bagagem de lembranças e carinho
Desfrutar da alegria de sorrisos anônimas
Deixando que estes desconhecidos te faça conhecido

Melhor é a sua recompensa
Mesmo que não tenha bens adquiridos
Deixando os romances já esquecidos

Melhor é a brisa soprar bem forte
Apagar todas as pegadas
Deixando o caminho sem rastro para não ser seguido

Melhor é recordarem dos seus sonhos
Vendedor de ilusão
Deixando os contos para contar suas histórias


"...coisa difícil pediste; se me vires quando for tomado de ti, assim te fará, porém, se não, não se fará." II Reis 2:10


Wagner Pires, in Roteiros de Uma Rotina

sábado, 28 de novembro de 2020

LIBERDADE



Percorro corredores estreitos, cheios de espelhos, mas não consigo discernir minha face.
Vivo a ilusão do caminho encontrado,  dou com a cara no vazio,
Derrubado ao chão, cansado, frustrado.
De um lado para o outro não encontro a saída, observo vultos, sons ocultos.
No fim do corredor, finalmente vejo um facho de luz,
O sol brilha apenas lá fora, fico trancado em quatro paredes.
Gostaria de ir para a desforra, o relógio fincou seus ponteiros.
No COTIDIANO dos jornais sempre a mesma Rotina em seus  Roteiros.
A fuga me condenaria a morte, fico jogado a sorte,
Só me permitem ir de trabalho em trabalho, não respeitam o cabelo grisalho.
Arrasto-me com imensa dificuldade, intensa dor, o calcanhar sangra da crueldade.
Apenas apoiado pelo meu parceiro, nem sempre meu companheiro, seguimos como forasteiros.
Olho para todos os lados, onde estará o serralheiro?
Não deixou rastros nem sombra, os fantasmas aproveitam e me assombra.
Acusações infundadas para me afundar.
Querem afogar-me, estacionando em alto mar.
O paladar se tornou salgado por ter me tornado um abnegado; um abstencionista querendo ser abolicionista.
Deixei o cargueiro carregado de fardos, descarregou minhas forças, um abandonado. Indigente ocultado.
Suas correntes cada vez mais pesadas, indo profunda. Coágulo causaria embolia.
Sou obrigado a remar devagar, em direção ao altar, para não causar uma implosão.
Erupções flutuantes de ar como águas-vivas, mortas. 
Queria que fossem coloridas bolhas para me elevar as alturas, chegar às nuvens, numa alegre folia.
Dançando com o vento, sem contra tempo, mas no ritmo regular do contratempo.
Meu mundo em perfeita sintonia de uma orquestra onde o maestro rege a sinfonia.
Com toda energia, da exosfera passaria, sem imaginar até onde minha alma me levaria.


"Então eu me volvi e entreguei meu coração ao desespero no tocante ao trabalho, o qual realizei debaixo do sol...Porque todos os seus dias são dores, e a sua ocupação é aflição; até de noite não descansa o seu coração; também isto é vaidade."
Eclesiastes 2:20 e 23


Wagner Pires, in Roteiros de Uma Rotina

sábado, 21 de novembro de 2020

FOME

https://i.pinimg.com/originals/69/0b/a9/690ba9db02d9f4c9ad8d354af308b53f.jpg


A madame desfila com seu cãozinho de lacinho cor-de-rosa, toda dengosa
Toda semana é banho e tosa, chega da petshop muito cheirosa
Alimenta-se da melhor ração, apetitosa
Não se fartam: vida gulosa

Na mesma quadra, lá vem o garotão de camiseta regata, todo bombado
Passos apressados, pela trela, quase enforcado, vem sendo arrastado
Cão de torque firme, agitado; muita cautela, cruzar seu caminho é arriscado
Focinho empinado, sempre com o dedo em riste, comportamento estouvado

Outros tantos com beleza, mais alguns de uma exemplar obediência
São guias, guardadores, caçadores com perseverança e insistência
Apesar do seu porte, é meigo, dócil com assistência e competência
Trabalhadores em resistência, de sabedoria e inteligência   

Mas pensam que eu sou Caramelo, aquele sem raça, mas com graça
Brincalhão, abana seu rabo para quem passa
Sou apenas um desfalecido na praça
Enquanto minha manga ainda arregaça, não vou viver com que da mesa grassa

"Mulher, grande é a sua fé! Seja conforme você deseja". Mateus 15:28


por Wagner Pires, em Silêncio, O Culto

sábado, 10 de outubro de 2020

DEIXE A CORTINA FECHADA

imagem: https://www.flickr.com/photos/rob_birze/2817365072/in/gallery-shutterhack-72157623174270748/


Manhã do amanhã e minhas manhas

Minhas dores e meus lamentos
Em fortes trovoadas numa intensa chuva
Atormentado, tenta me despertar

Pinga, repinga, respinga
Me convidando a continuar a sonhar
Enrolo nos trapos
Prenúncio d´um dia enrolado

O barulho das máquinas a produzirem
Ajudante no caminhão a carregar
Escapamentos serrados
Meus ouvidos estão cerrados

Cerrado sem pasto
Bruto e insensível
Dormiu aos gritos
Na madrugada aflito, outro conflito

Novo juiz e a mesma sentença
Lista que vai ficando extensa
Não posso querer sua tença
Ainda carrega o sorriso de criança

Os ponteiros passam rápido demais
O porteiro não me deixa passar
Tenho que aguardar no potreiro
Mas por favor, não deixe o facho de luz entrar


Wagner Pires
in, Roteiros de Uma Rotina

sábado, 3 de outubro de 2020

O ÚLTIMO SUSPIRO

imagem: https://1x.com/photo/14821


Nascer e esperar pela sua vez
Aliás, esperar para nascer
E os pais dizem
Espere até crescer

E quando cresce
Mesmo assim, esperar para ser atendido
Aguardar pela melhor oferta
Buscar o momento exato

Algumas esperam pelo príncipe encantado
Viver a vida tão desejada
Acaba com um desejo frustrado
Se embriagando numa cervejada

Fique a espera da chuva passar
Até o comboio chegar
Apenas pegue a senha
Aguarde ser chamado

Talvez fique ali, parado
Observando tudo através da vitrine
Com seus movimentos descompromissados
Entre uma conversa e outra

O ser desconhecido e invisível
Fica no tumultuado e abafado espaço, cansado
Só quer poder partir para seu destino
Mas, na fila vê os sonhos

Admira as carolinas
Camilas e Carinas
Enfim, quando chega sua vez
Fica apenas com o último suspiro


"Porque a criação ficou sujeita à vaidade, não por sua vontade, mas por causa do que a sujeitou,...mas se esperamos o que não vemos, com paciência o esperamos"

Romanos 8:20 e 25


Wagner Pires

in, Roteiros de Uma Rotina

sábado, 26 de setembro de 2020

O MENINO DO QUARTO VAZIO

imagem: https://culturacolectiva.com/estilo-de-vida/16-lecciones-de-vida-que-te-salvaran-de-caer-otra-vez-en-el-abismo/


Seu amigo é sua imaginação
Cria diálogos consigo mesmo
Sonha em ser alguém incomum
Super herói da televisão
Viajar pelo mundo
Conhecer tudo de trem
Descansar ao som do oceano
Admirar a beleza das montanhas
Ao pé da cachoeira
Apreciar os detalhes do caminho
Estar sobre as nuvens
Voar e avistar toda a beleza
Atravessar as estrelas
E aterrizar no infinito
Apenas um menino comum e real

Contador de suas histórias
Conta a dor de suas saudades
Contando os dias que passam
Da fama e seus amores
Do fracasso, os dissabores
Da fuga dos seus clamores
Nas telas reflete o COTIDIANO
Nas frases mal escritas
Nas músicas sem melodia
Brinca com os acordes
Brinda o romance
Blinda a alma
Tinge as cores desbotadas pelo tempo
Tece teias em velhos remendos 
Trancado num quarto vazio

"O que foi, isso é que há de ser; e o que se fez, isso se fará; de modo que nada há de novo debaixo do sol." Eclesiastes 1:9

Wagner Pires
in, Roteiros de Uma Rotina

quinta-feira, 10 de setembro de 2020

TERRA EM FIM

imagem: https://www.fastcompany.com/1842000/company-chaos-you-dont-know-youre-creating

Haverá de sobreviver, enfim?
Da terra linda por natureza
Tiraram o ar puro de se respirar, que tristeza
As matas queimam clamando por socorro, pedem água
E as águas foram contaminadas, o óleo tomou conta das marés
Ninguém tomou providência, não procuraram as evidências
39 quilos a bordo
89 mil na conta
Quem o tema aborda, sofre ameaça, uma afronta
Crimes são abafados
A Terra ficou contaminada
Os pulmões seguem abafados
A garganta sufocada
Gritam por ajuda, só querem um prato para comer
Porque até o arroz tem que espremer para render
Fazer cálculos para chegar ao final do mês
Enquanto os nobres são tratados no Sírio-Libanês
Não conhecem a lenda de Robin Wood
Tive esperança enquanto pude
Hoje bate aquela saudade da liberdade de viver
Pesquisar, estudar, questionar e debater
Fomos privados até de adquirir cultura, uma simples leitura
Todos devem seguir a mesma doutrina de uma única cartilha
Imposta, esquecem-se que é um Estado laico
Não somos obrigados a fazermos parte de uma mesma matilha
Doutrinas de uma religião de um tempo medieval e arcaico
E assim, querem calar-te
Introduzindo mentiras que vem de mentes vazias
Ou conduzindo para a enxovia
Pior, talvez abater como se fosse um inimigo
Mandar-te para o jazigo
Poder nas mãos da família
Tudo segue a revelia
Sem pudor, acabou o respeito
Dói minha alma, ainda mais insuportável dor em meu peito
Ouço, vejo, acompanho as notícias e não posso por em questão o meu pleito
Não se faz mais justiça contra corrupção, pela bala perdida
A morte virou uma rotina, banalizada, urdida
Quem se importa com o asfalto pintado de sangue
De sem respirar, nos hospitais morrer cambaleante
Quem se importa com a praia lotada
Desde que seja para expor a vida bem dotada
Quem se importa de se embriagar e ir ao bar
Se o líder, sem máscara,  não para de perambular
Um líder que nunca usou máscara, sempre se revelou tosco
Sórdido, mórbido que se alimenta de morte, um ser grotesco
Cada dia fica mais difícil
O caos está prestes a explodir como se fosse um terrível míssil
Haverá sobrevivente nesta terra em fim?

"...acautelai-vos, que ninguém vos engane; porque muitos virão em meu nome...porque é mister que tudo isso aconteça, mas ainda não é o fim." Mateus 24:4-6


Wagner Pires
in, Silêncio, O Culto


quarta-feira, 2 de setembro de 2020

ARTE - FATO

imagem: https://www.agilitypr.com/pr-news/public-relations/the-risks-and-benefits-of-working-with-virtual-influencers/


Youtubers, Instagramers e Tiktokers num mundo colorido de futilidades e muita imbecilidade.
Em tempos de Neymar, Anitta, Maísa e outros famosos, tem pouco trabalho e sobra diversão.
Para estes, não há crise, nem pandemia, a vida é apenas uma viagem em meio à fantasia.
Há os irmãos Neto, Carlinhos, Mari, Whinderson e Nostalgia.
Mas não acrescentam em nada no meu COTIDIANO do dia a dia.


Muitos desconhecidos em busca de fama e riqueza. Viram coachs, mestres, doutores e músicos, sem nenhum formação.
Pregam seus discursos sem estudos, d'uma mediocridade - que pobreza.
Alguns agem até sem princípios, mas o que importa se só querem ser visualizados e monetizados - só seu benefício.
Clicar no sininho, dar um joinha, segui-los e comentar - é dólar entrando em sua conta. Uma afronta.


Dos humildes vídeos no youtube fez explodir o ritmo do pancadão: pobre em melodia, vulgar em suas letras. Mulher é vadia,  muita ostentação e apologia: crime, drogas, álcool, vício e violência.


A política descobriu estes caminhos. Elege o corrupto e o bandido, usa  mentira como se fosse uma verdade. Transforma imbecis mortais em mitos acidentais, culpa dos eleitores, imbecis mortais

Ficou tudo louco.
O mercado segue estes passos: largos, gananciosos, tudo é pouco.
Anúncios por todos os lados, em cada imagem, em cada palavra, a cada minuto, tudo é consumível.
O tagarela solitário é um anunciante bem remunerado.
Ele é humano, é real, um ator, muitas vezes um banal teatral de forma desprezível. Incabível.
A voz da razão, um eco vazio, sem nenhuma informação.
Auto entitula filósofo e professor.
Tenha bom senso, por favor!


Todos seguem o mesmo roteiro, as mesmas linhas, tudo uma cópia sem nenhuma criatividade nesta intensa atividade. Todos querem os mesmos objetivos: fama e riqueza, mas nem todos confiáveis, aliás, poucos de relevância e qualidade.
De um a dez, não sobra nenhum.
Quem sabe entre cem sobre alguém!



Wagner Pires
in, Roteiros de Uma Rotina

sábado, 8 de agosto de 2020

DE SEM EM CEM


Sem saúde
Sem educação
Sem emprego
Sem economia
Sem respeito
Sem noção
Sem futuro?
Cem mil
Apenas lamentar por este Brasil
E prestar condolências àquele que partiu!


Wagner Pires

terça-feira, 4 de agosto de 2020

AGOSTO DO FREGUÊS



                      Inicia-se o mês de agosto.

                    E ficamos assim: o programa Fantástico, exibido na Rede Globo, revela em matéria o que todos já sabiam desde o ano de 2018: milícia carioca envolvida com políticos partidários do candidato à presidência do PSL (a qual eu me recuso e mencionar seu nome), juntamente com várias personalidades e empresários brasileiros em esquema de criação e divulgação de fake news para favorecê-lo nas eleições.

                    O Legislativo, representado pelo presidente da Câmara dos Deputados em Brasília, Rodrigo Maia, emite mais uma de tantas outras notas de repúdio - foi assim com o escândalo do COAF, com o ridículo vídeo da reunião ministerial, com o caso do Queiróz, com o esquema de eleições de Laranjas do PSL, com a indicação do Dudu para embaixador, com o Carluxo no gabinete do ódio, com o 01 no esquema de rachadinha, com os mais de 14 imóveis adquiridos pela ex-mulher do presidente (isso quando ainda estavam casados), dos privilégios de informações da Polícia Federal ao presidente... - enfim, uma série de crimes e irregularidades da atual gestão. Mas, apesar de milhares de pedidos de impeachment nas suas mãos, ele prefere ter toda a sua atenção voltada ao "menino" youtuber Felipe Neto, 32 anos, que insiste em dizer que não será candidato a nenhum cargo político, apesar de suas inúmeras aparições e entrevistas em diversos canais de televisão no Brasil e exterior e sua enorme influência nas redes sociais com milhões de seguidores. Tudo isso depois dele ter sido ferozmente atacado por este Gabinete do Ódio, com acusações de pedofilia, publicação de fake news entre outras mentiras. Sim, nisso o "garoto" é inocente, apesar de em tempos recentes ter declarado seu total apoio à este governo, mas parece que enfim amadureceu, abriu os olhos e aprender com seus próprios erros e todos merecem perdão com o arrependimento.
                    Ou seja, o programa Fantástico revelou que realmente existe um Gabinete do Ódio dentro do Palácio do Planalto. Uau, que revelação inesperada!
                    Poderemos chamar de: um Palhaço no Planalto?

                    No Judiciário, por suas vez, os juízes também se manifestam, como de costume: lamentando os fatos ocorridos através de postagens feitas no Twitter, para posteriormente eles absolverem todos os envolvidos, ou emitindo habeas corpus, arquivando todos os processos e investigações, ou ainda anulando todas as denúncias.

                    A Polícia Federal.  Ela também entra em ação, não como uma polícia federal deveria agir: investigando as denúncias seja de quem for. Neste governo ela foi transformada em PG - Polícia do Governo, PP - Polícia da Presidência, ou podemos chamar de PF - Polícia da Família.
                    Esta polícia atua nos mesmos moldes, formato e padrão do Exército Bolivariano criado por Hugo Chávez, o
 qual era duramente criticado por estes mesmos extremistas de direita neoliberais que hoje ocupam o governo - protegendo as ações do presidente.

                    Em relação à matéria, os governadores de estado também poderiam se manifestar, mas isso é  de acordo com as verbas liberadas pelo governo federal para seus estados. Neste caso, nem tenho nada a comentar, as atitudes dizem por si.

                    O governo, sendo ameaçado por esta reportagem veiculada pela Rede Globo, tem seu modus operandi: afasta um ou outro funcionário,  demite outro ministro ou secretário, transfere mais um para os EUA, e neste caso com salários superiores aos anteriores recebidos, ou ainda o presidente vai a público com mais uma de suas toscas imbecilidades para causar polêmica e desviar a atenção da imprensa.
                    Tudo seguindo a total normalidade de caos: desprezo pelo meio ambiente, descaso com a saúde, descuido com a educação, abandono do povo à mercê da sua própria sorte na saúde e economia - pior, criando novo imposto e aumentando as tarifas públicas e combustíveis.

                    Mas e o povo, não se manifesta?

                    Ah, o povo.....este povo continua indo trabalhar nos meios de transportes públicos abarrotados sem qualquer critério de distanciamento social - aliás, muitos nem entendem o que é um distanciamento social de 1 ou 2 metros nas filas dos supermercados, da farmácia, do comércio em geral, da obrigatoriedade de uso de máscara em todo local público em todo território nacional e demais atitudes para conter a pandemia.
                    Mas sim eles se manifestam: vão nos churrascos com pagode e cervejinha nos bares, nas festas de casa, nas baladas aglomeradas, organizando o chamado pancadão nas apertadas vielas das comunidades, nas praias superlotadas, ou ficam assistindo à novela e ao futebol na TV.
                    Se manifestam postando memes no Facebook; poses, cores e futilidades no Instagram; repetidas lives no Reddit; ou ainda produzindo vídeos no Tik Tok.
                    Tudo isso, e mais um pouco, gerenciado por um genocida vendedor de cloroquina que é um jumento ocupando o maior cargo público de uma nação, no Executivo. E, pelo povo, tudo vai passando por despercebido

                     Agosto nem sempre a gosto do freguês.

                    O freguês está à mercê dos influencers: seja da grande e poderosa mídia; seja dos políticos, confrades em seus acordos e conchavos; seja dos juízes e promotores em sua confortável passividade. Ou ainda à mercê dos empresários e bancários sustentados pelas suas fartas e gordas contas correntes; ou dos militares, burocratas acomodados sem função ou atividade a exerceram e ficam encostados no poder aguardando  a  aposentadoria ser creditada em seu contra cheque.
                    Pior ainda, é ficar como freguês deste povo, que carece de atitude firme de lutar contra tudo isso, pois são as peças fundamentais para toda e qualquer máquina poder funcionar: pública ou privada.

                    E viva 2020.

                    Ou morra de desgosto!


Wagner Pires

domingo, 2 de agosto de 2020

AZÁFAMA



        Ah o silêncio e o sossego de um final de semana em que eu me encontro sozinho.
        Madrugada de sábado para domingo, até as 5 horas, talvez, nem sei, e o pancadão irritante na esquina com o som que vem d'um butequinho.
        7 horas da manhã e eu ainda acordado, do lado esquerdo da minha casa já ouço, em altíssimo volume, a sofrência do estilo sertanejo no vizinho.
        Enquanto que as 10 horas me preparo para assistir ao GP da Inglaterra de F1, torcendo por mais uma vitória de HAM, em frente de casa já começa a rotina de confusão: muito palavrão, agressão, gritaria, uma baixaria, ameaças, sempre esta mesma arruaça entre o casal, o outro vizinho.
        Quase hora do almoço e as bicicletas a rodarem: de lá para cá, de lá para cá, mais gritaria; muito barulho: brinquedos jogados, marteladas, bolas a saltarem - na casa de cima, agora são os filhos do meu sobrinho.
        Feijoada e pagode ao vivo, desafinado. Carros para todos os lados, copos na rua são jogados. Risos, falatórios, sempre o mesmo repertório. Tudo isto em meio à pandemia, na Prainha, o outro barzinho.
        Entregadores de aplicativos em alta velocidade, irritante. Escapamentos adulterados, condutores alterados, o dia todo em todos os dias é este burburinho.
        Por falar em feijoada, deu fome, vou preparar o meu almoço, já são 14 horas, farei uma salada de feijão fradinho.
        Em meio a tudo, mudei de ideia, preferi colocar uns legumes a saltear e.....acaba o gás enquanto eu cozinho.
        Almocei, cozinha finalmente limpa e organizada, momento de relaxar, hora de assistir ao futebol na TV, tento me distrair, mas o jogo é muito ruim - eh Corinthians, com todo o meu cansaço, acabo dormindo com este futebolzinho.
        Gostaria de poder acordar ao cantarolar de um passarinho.
        Passarinho?
        Não, nem pardal, nem tico-tico, nenhum nem pequenino. Moro perto de um pequeno aeroporto, e sobre minha cabeça só passa teco-teco e jatinho.
        E, para aturar tudo isso, só mesmo se embriagando, mas eu não bebo. Caso eu bebesse teria que ser um bom vinho.
        Me embriagar no suave sabor do tinto vinho.
        Tudo tão perturbador como se fosse uma tempestade descendo sobre mim como num torvelinho.
        Um destruidor redemoinho.
        Desperto e reflito nesta ausência de compreensão e carinho.
        Egoísmo, mundo mesquinho.
        Quem me dera poder desfrutar da paz e liberdade do meu cantinho.
        Estar onde gostaria de estar, no sossego à beira do rio Tejo. Quem sabe até poder apreciar o saltitar de um golfinho.
        Enquanto isto não passa de um desejoso sonho, vou relatando fatos do meu COTIDIANO neste meu pergaminho.
        Enfim, o que devo fazer é seguir neste meu caminho.
        Descrevendo em contos 0 meu espinho.
        O silêncio que diz mais do que mil palavras, por favor; no bom mineirês: só um "cadim"!




Wagner Pires
in, Crônicas de Um Andarilho

sábado, 25 de julho de 2020

MEUS CAMINHOS



A vida pode ser um sopro
De desânimo e estafado
A vida pode ser um suspiro
De alívio ou estupefato

A vida pode expressar um gemido
Causado por sofrimento e dor
Pelos prantos do desiludido
Ou prazer do amor

A vida pode ser colorida, festiva
Ou simplesmente em preto e branco
Mas ambas muito atrativa
Ou não, se levar tudo ao tranco

A vida, de pessoas, pode estar rodeada
E mesmo assim, se sentir abandonada
A vida pode ser uma solidão bem planejada
E ser amada, respeitada e admirada

A vida pôde ter sido curta
E apreciada de maneira gostosa
Mas pode estar longa que até surta
Não sendo nada proveitosa

Ah, a vida, quem é que sabe o que se passa por ela
O que foi, o que acontece, o que está por vir
Seja triste, ou seja bela
Não há onde se esconder, não há como fugir

A vida em seus encantos e mistérios
É a vida de um indivíduo individual e indivisível
Cada qual tem seus próprios critérios
Com imprevistos no momento imprevisível


"Um faz diferença entre dia e dia, mas o outro julga iguais todos os dias. Cada um esteja inteiramente seguro em sua própria mente". Romanos 14:5


Wagner Pires
in, Crônicas de Um Anadrilho

domingo, 28 de junho de 2020

FRAGÂNCIA


                             
                              É uma rotina eu ficar olhando para o nada, num vazio carregado de sonhos. São sonhos de lembranças distantes. Distância de um desejo. O desejo para no futuro poder partir para uma rota definida e definitiva. Porque é definitivamente impossível deixar de sentir este perfume. Perfume que me transporta a este passado como se eu pudesse lá estar presente. Presente neste outro mundo. Meu mundo perfeito. Prefiro, mesmo que seja imperfeito, com defeitos. Só não posso ter estes sonhos desfeitos.
                         Então estarei lá, olhando para o nada, mesmo num vazio carregado de contos. São contos de uma vida vivida, construída sobre muitos desejos. Onde tive algumas conquistas e um único arrependimento. E eternamente carreguei esta penitência. Me fazia sentir este perfume. Perfume da maré, perfume do orvalho, um perfume habitual, incomum, nada igual. O perfume perfeito. Preferi, mesmo que fosse imperfeito, com alguns odores. E sua ausência me causava dores. Até eu poder voltar a sentir teus sabores.    

by Wagner Pires, in, Silêncio, O Culto, Jun 27th, 2020

domingo, 21 de junho de 2020

FLORESCER


Um período de fracasso
Com falta de sucesso
Por erros sucessivos
Mas nunca passivo
Tem trabalho exaustivo
Profissional na ativa
De coração emotivo
Oprime o comportamento altivo
Por isso, nem sempre pacífico
Neste mundo sem o físico
Só vivem o virtual lógico
Em qual propósito
Chega a ser inóspito
Nada satisfeito
Quando se quer tudo perfeito
Gritar, chorar, explodir o peito
Não aguento
Corruptos, fraudulentos
Sobra o crime violento
Fico  partido em fragmentos
Pedaços espalhados ao relento
Neste meu último alento
A esperança é outro renascimento

"Ai te digo: Levanta-te, toma o teu leito, e vai para tua casa"

Wagner Pires
in, Silêncio, O Culto

quinta-feira, 18 de junho de 2020

PILATOS





Pôncio, isso aqui está virando um manicômio.
Um bando de malucos no poder, outros tantos a fingirem que nada há.
Tudo muito triste, lamentável, mas chega a ser cômico.
Ah, bela Atibaia de seus deliciosos morangos do sítio da dona Sinhá.
Quem diria que além de morangos, teríamos também fartas laranjas. É irônico,
De pedalinho em Atibaia, as voltas que o mundo da.
Para quem se auto intitulava pregador de Deus, está mais para um ser satânico.
Faça alguma coisa, não se pode mais ficar como inglês a tomar uma xícara de chá,
E ficar lavando as mãos em notas de repúdio crucificando um pobre povo, Pôncio, Pôncio!


Wagner Pires
in, Roteiros de Uma Rotina

domingo, 14 de junho de 2020

FÉTIDO



Acompanhados de velhos cães,
Velhos caminham por velhas estradas, vestidos de velhas vestes.
Seguem em seus velhos costumes, velhos hábitos.
Com a visão já envelhecida, avistam velhos sobrados rodeados de velhas árvores.
Suas mentes velhas pensam em seus velhos sonhos, velhos desejos.
Cansados, carregam velhos fardos, velhos valores,
Velhos problemas.
O velho, de força enfraquecida,
De pele enrugada, envelhecida,
É mais sentimental, mais chorão, mais emotivo.
Mesmo que não tenha motivo.
É porque o velho traz muita história na memória,
Traz lembranças, saudades...
Lhe bate uma depressão.
Aí, o velho virou apenas um fantasma.
Uma sombra que caminha em velhos caminhos, acompanhado de seu velho cão.
Em seus velhos hábitos, velhos costumes.
Não o infortune.
Nos seus caprichos ainda anseia uma velha inspiração.




"...desligai-o, e deixai-o ir." João 11:44


por Wagner Pires
in, Silêncio, O Culto