sexta-feira, 18 de dezembro de 2020

CAIXEIRO-VIAJANTE



Melhor é sair em silêncio
No calar da madrugada
Deixando para traz a turbulência e a truculência

Melhor é deixar para traz os fantasmas e as fantasias
Somente com as roupas que o corpo carrega
Deixando aparente a dor e as feridas

Melhor é seguir a letra da canção do sanfoneiro
Não apenas as terras deste país
Deixando as fronteiras e atravessando as barreiras

Melhor mesmo é seguir o desejo do coração 
Chegar sem pressa, bem devagarinho
Deixando o momento fazer seu destino

Melhor é abastecer a bagagem de lembranças e carinho
Desfrutar da alegria de sorrisos anônimas
Deixando que estes desconhecidos te faça conhecido

Melhor é a sua recompensa
Mesmo que não tenha bens adquiridos
Deixando os romances já esquecidos

Melhor é a brisa soprar bem forte
Apagar todas as pegadas
Deixando o caminho sem rastro para não ser seguido

Melhor é recordarem dos seus sonhos
Vendedor de ilusão
Deixando os contos para contar suas histórias


"...coisa difícil pediste; se me vires quando for tomado de ti, assim te fará, porém, se não, não se fará." II Reis 2:10


Wagner Pires, in Roteiros de Uma Rotina

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