sábado, 5 de novembro de 2022

NO MEIO DO AMBIENTE

imagem: https://www.jornaltornado.pt/pandemia-pode-estar-causando-danos-ao-meio-ambiente/


Já passa da meia noite
Encontro-me deitado
Sonolento, meio atordoado
Não sei se são sonhos ou se são os meus pensamentos

Só sei que é o meio da noite e já passei pelo meio da vida
Somente meios sonhos foram realizados
A outra metade, nem sei ainda
Pois parece que foram levados pela enxurrada no meio fio

Muito frio, lá fora uma chuvarada
Calço meias rotas, meio furadas
Assim como o projeto que foi um desvario
Um copo meio vazio

Tudo eu sempre questiono
Fico com um pé meio atrás, assim não me decepciono
Porém, desta vez acredeitei e embarquei
Entrei de gaiato e fiquei pelo meio do caminho, me lasquei

Aí eu me lembro do que um amigo certa vez me disse
Que eu sempre deixava as coisas pela metade
Não gostei do comentário, mas não era nenhuma tolice
Fazia meio sentido, precisava ter mais força de vontade

Isto nunca sai da minha cabeça, por isto vivo numa luta constante
De encontrar um meio de solucionar esta equação
Para voltar de onde parei, não obstante
Deixar de ser meio frustrado e agir com determinação


por Wagner Pires
in, Roteiros de Uma Rotina


sexta-feira, 21 de outubro de 2022

FRAUDE



Dói minh'alma e as mentiras vem de encontro ao meu coração de forma cortante
Fico tenso e preocupado, a paciência palpitante
Revoltante
Está muito desgastante
Parece que as pessoas preferiram tirar o cérebro e deixa-lo sobre a estante
Mas não por um instante
Na ignorância, em atitude cruel,  mentir e mentiras é um ato constante
Irritante
Sai da boca do indecente presidente e da boca do seu militante
Desapontante
Ver pessoas queridas acreditarem e propagarem inverdades tão gritante
O vizinho, o amigo, o familiar se tornou um confrontante
Os evangélicos esqueceram até o que é ser um verdadeiro cristão protestante
Protestar contra a ação e a palavra que divergem da Verdade, que é conflitante
Como podem esquecer um passado que não está tão distante
Nunca poderemos apagar estes fatos, devem ficar registrados na história - muito importante
Para no futuro, saberem escolher com sabedoria e responsabilidade o seu representante

"E disse aos discípulos: É impossível que não venham escândalos, mas ai daquele por quem vierem!.....Onde estiver o corpo, aí se ajuntarão os corvos." Lucas 17:1 e 37


por Wagner Pires
in, Silêncio, O Culto

quinta-feira, 22 de setembro de 2022

FALÁCIAS E FALÉSIAS

imagem: http://egyketmondat.blogspot.com/2018/01/sotetben.html?spref=pi


Disseram que era lua nova, m
as de novo não havia nada
Pelo contrário, era tudo antigo, voltamos no tempo
Aliás, no poder continuam os mesmos idosos
Impulsionados pelos fervorosos religiosos
Me sinto na Idade Média - hipócritas inquisitores
E, por ironia, até vivemos uma pandemia
Nestes tempos de influenciadores, a Terra é plana, a inteligência é rasa
Muita lorota
Idiotas

Bate aquela fome, a geladeira está vazia
A luz do lampião ajuda a cozinhar à lenha no velho fogão
O menú está farto: pé de galinha acompanhado por quebras de arroz
Com o carro na garagem encostado, ir de charrete ao mercado
Em embalagem descartável reutilizada, compra um litro de soro de leite
Alguns ovos subistituem a carne neste cardápio, sem nenhum deleite
Os preços aumentaram
As embalagens diminuiram

Uma gritaria: "mãos para o alto"
Seria um assalto?
Sim, o pastor pedindo aos fiéis para orarem pelo pobre presidente
Demente
Um dia será cobrado por esta atitude inconsequente
Barganha-se livros por propina
Em barras de ouro
Dinheiro roda em pneus Michelin
Em direção aos pastores da Michelle

Fecham as escolas, demitem a ciência, arquivam os projetos
Da mesma forma fecham-se as casas de espetáculos
Shows apenas nas praças das cidades: "obrigado sr. prefeito"
Desde que agrade ao seu gosto musical
Ou seria eleitoral?
Estes são alguns exemplos de muitos fatos
A imprensa ainda omite alguns relatos

Nestes anos foram tantas as polêmicas
Diárias
Que afetou a todos de forma sistêmica
Um incapacitado, um pária
Em tudo pôs sigilo
Um chorumela para esconder suas falcatruas
Sua e de seus pupilos
Tudo pago em dinheirio vivo
Deixando uma sociedade morta

Enfim, estamos prestes a chegar à este fim
Foram tempos difíceis
Suado, desgastado, cansado
Em tempos virtuais, está tudo registrado
As verdades ficaram esculpidas nas falésias da história
Não se pode esconder estas muitas falácias
Poréma lua será crescente nesta noite de véspera
Crescer, é o que se espera


"...também nos gloriamos nas tribulações; sabendo que a tribulação produz paciência, e a paciência a experiência, e a experiência a esperança. E a esperança não traz confusão..." Romanos 5:3-5


por Wagner Pires
in, Silêncio, O Culto 




quinta-feira, 15 de setembro de 2022

FERROLHO



Quem sou
Para onde fui, ou para onde vou
Quem se importou?
Talvez aquele que achou que se prejudicou
Porque não se beneficiou
Mas não se beneficiou porque apenas gritou
Bradou, blasfemou, ofendeu, xingou e não dialogou
Tudo à seu bel-prazer forjou
Arrogância, não se curvou
Agressivo, nunca esteve em meio campo analisando a jogada, sempre atacou

O outro, nem hesitou
De tanto que cutucou, cutucou
Que o prazo de validade expirou
Sua paciência se esgotou
Estufou o peito, o mundo enfrentou
As dificuldades encarou
Driblou e passou
Por fim, se exilou
Mas sua bandeira hasteou e ela tremulou
Triunfou

Em seu caráter, um decreto determinou e assinou
Para a sua memória emoldurou
Retornar, nunca cogitou
Pôs um fim, acabou
Do passado inglório nada sobrou
Nem mesmo aquela a quem lhe rejeitou
Esta, ele alijou
Nem a humilhou
Apenas a tensão em sua consciência abrandou
E, em seu definitivo repouso, hibernou


"Ninguém desprezs a tua mocidade; mas sê o exemplo dos fiéis, na palavra, no trato, no amor, no esp[írito, na fé, na pureza. Persiste em ler, exortar e ensinar, até que eu vá." 1ª Timóteo 4:12-13


por Wagner Pires
in, Crônicas de Um Andarilho





sexta-feira, 9 de setembro de 2022

EU E MEU CÃO





Com nossa identidade peculiar
Não queremos ser avaliados, muito menos em avaliar
Olhamos as janelas que o mundo nos oferece
Firmamos nosso planejamento como nossa prece
Sempre com os pés prontos para enfrentar a estrada
Nunca definimos a nossa última parada
Meu fiel amigo segue o curso da vida e encontra uma linda donzela
Seguir-nos aquela com delicadeza e perfume de macela
Alegrando nosso COTIDIANO desta alucinada jornada
E assim, nesta caminhada
Seguiremos em firmes passadas
Mesmo que as circunstâncias nos tragam algumas pauladas


por Wagner Pires
in, Crônicas de Um Andarilho

quinta-feira, 8 de setembro de 2022

SINFONIA

imagem: https://www.canon.co.uk/get-inspired/tips-and-techniques/macro-photography-tips/?epik=dj0yJnU9SUtQNUJUUzdXdlRMODNESUd4dG9WS20yTWczb1BreDcmcD0wJm49aFJGc1pIYnVxR2l5OGhZOTB2MnBrUSZ0PUFBQUFBR01ZNmdF



De sol a sol
Trabalho, muito trabalho
Mas continuo só

De verão em verão
Tudo é um intenso inverno
O benefício do trabalho, muitos nem verão

Dia após dia
Segue sempre a mesma rotina
Por aqui estou de passagem, fazendo uma estadia

De hora em hora
Não é o resultado da telesena, uma pena
Não precisaria contar as horas para poder ir embora

É um passo a passo
Tendo que controlar a ansiedade
Para não perder o ritmo do compasso

Notas em notas
Trilha sonora num acorde
Comemorando a vitória sobre a derrota



"E, quando isto que é corruptível se revestir da incorruptibilidade, e isto que é mortal se revestir de imortalidade, então cumprir-se-á a palavra que está escrita: Tragada foi a morte na vitória."
1ª Coríntios 15:54



por Wagner Pires
in, Silêncio, O Culto






quarta-feira, 7 de setembro de 2022

O FAROL

         

crédito da imagem: Dawna Moore Photography
https://1lifeinspired.tumblr.com/post/690580394483056640


          Os muitos anos foram se passando, o Farol, prostrado sobre a Rocha, sempre esteve à espreita para guiar o caminho. Porém os navios foram atravessando sem aportar, sem se importar.

          Navegavam ao viés. Seguiam em caminho de ida, caminho de volta, e o Farol ficando pelo caminho, sem nenhum carinho. Sem a companhia do navio, o lugar ficava vazio, aos pés do Farol onde ele repousaria.

          Ensurdercedor gralhar de gaivotas e outras aves a rodearem, quando da procura de alimento e descanso, e até mesmo no ritual para acasalar, era o que constrastavam com o agitar da maré. Ao lado, o mato crescendo servindo de pasto e abrigo.

          Estes agitar das ondas, causadas pelas travessias, fez com que a Rocha fosse perdendo a força, definhando, o Farol desmoronando, quase acabando. Enquanto isso, suas luzes foram enfraquecendo, se apagando, com muita garra para que seus espelhos refletores ainda pudessem mandar um sinal de condução e proteção. O olhar a procurar, a querer guiar o rumo e a direção.

          Vinha a chuva, em fortes trovoadas, erguia-se o sol com intenso calor. O sol se punha e surgia a lua, brilhava as estrelas, ou escondiam-se atrás das nuvens. Os lábios secaram. Não mais teve a oportunidade de lançar o beijo do despertar: "acordar e zarpar, hora de trabalhar".

          E assim, independente de navios ou barcos, se o tempo estava forte ou fraco, o Farol, sentinela solitário, no seu COTIDIANO, não abandonava seu posto, mesmo tendo sua base se transformado um charco.

         Emblemático, não perde seu caráter de ser empático em seu trabalho nem sob densa neblina nem refrescante orvalho.



por Wagner Pires
in, Crônicas de Um Andarilho




domingo, 28 de agosto de 2022

SANTO DO PAU OCO

https://i.pinimg.com/originals/59/a0/0a/59a00ad8da00fbcf8fdcb043bb9dd9fd.jpg


Wagner Pires
in, Silêncio, O Culto

sábado, 9 de julho de 2022

DEZ COMPROMISSO



C'um enfoque no infinito
Vou fugir por este selvagem mundo
Montanhas escalar
E lá no alto
Ao ritmo da batida do techno
Fechar os olhos e viajar
Sem nenhuma substância
Dos poros exalar e pura e verdadeira alegria

Como o Cristo Redentor
Abrir os braços
O céu com alegria contemplar
Soltar a alta voz para quando este grito ecoar
Estremecer as densas nuvens
E quando a chuva cair
Assim como Gene Kelly
Sapatear pelas calçadas da cidade

As vitrines apenas cortejar
No utópico imaginario d'um mundo colorido
Em preto e branco
Clandestino
Entro no primeiro vagão
Não importa o seu destino
O importante é seguir o caminho
Que seja bem paulatino

No momento de saltar escondido
Continuar um anônimo
Prefiro que me conheçam pelo meu pseudônimo
Deixo que acreditem nas falácias
Sigo nesta minha razão
"Sem partido, sem religião"
Habito onde pratico meu hábito
Prático

Não tenho rotina
E assim eu navego
Só não é um barco sem leme
Neste fardo que eu carrego
Caminho de muralhas da China
Esperando o dia em que esta caia
Como os muros de Berlim
Numa vida de liberdade em qualquer cidade


"E, indo no caminho, aconteceu que, chegando perto de Damasco, subitamente o cercou um resplendor de luz do céu." Atos 9:3


Wagner Pires
in, Roteiros e Uma Rotina






sexta-feira, 24 de junho de 2022

FLUME

fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Nanshi_River_near_Lahao_Dam.jpg


Rios de janeiro a dezembro caminham e não se cansam.
Trabalham da nascente até a sua foz.
Desbravam matas, açoitam barrancos, perfuram rochas.
Irrigam a terra para produzir alimentos e, ele mesmo nos alimenta.
Matam nossa sede, refrescam nossa alma, limpam nossas impurezas.

Torrente ligeira, apressada. Uma vida curta, levada pela enxurrada.
Ribeirão sossegado que pode esconder muitas riquezas.
Uma lágrima escorrida do rosto da terra é um arroio, quase uma água parada.
Das alturas do planalto caiu sobre a planície pelo desfiladeiro.
Nas corredeiras muita adrenalina.

Rios límpidos e cristalinos, sem frescura com muito frescor e nada para 
esconder.
Peixes a nadarem, embarcações a navegarem.
Trafegando por ele sente-se a brisa e a pureza, cheiro da natureza.
Sua voz forte e segura quando despenca das alturas e proporciona quedas
- uma beleza.
Imagens para serem registradas - traz recordações.

Lembranças e memórias de fatos.
E de fato os rios na Europa são cercados de vida às suas margens.
Vida 24 horas por dia, um boêmio que não descansa.
Casais apaixonados, idosos aposentados, barcos para todos os lados.
Não sossegam nem no rigoroso inverno, apesar da superfície congelante.

Ah, o mal tratado rio da cidade de São Paulo. Doente, carente.
Tráfego apressado às suas margens. Trânsito poluente.
Necessita de carinho e atenção, limpeza, proteção e fiscalização.
Um rio que não serve para quase nada; sem vida, sem vigor...triste cenário.
Caminha desanimado aguardando a chegada na estuário.

Rios barrentos, pesados, semblante triste. Solitários.
Outros receptivos, que abraçam e acolhem outros rios em seus afluentes.
Abundante rio.
Rios que se fartam e transbordam quando a chuva é
demasiada.
Explodem para todos os lados para aliviar a tensão. Não colapsar, não
enfartar.
Sobe e desce, inconstância do leito, inconstância da vida.

Rio morto é aquela lagoa que não se move.
Sem sentimento, sem companhia, exala um mal cheiro.
Escondida atrás dos altos arbustos.
Ninguém a observa, não observa ninguém.
Água parada nada produz. Não segue para lugar algum.
Sem perspectiva, tímida; cada vez mais introspectiva.
Somem os peixes, some a alegria.

Incertezas do COTIDIANO, com a certeza do futuro: todo rio ao oceano
chegará.
Seja por caminhos alegres e festivos, desaguando diretamente no oceano.
Seja no encontro ao outro rio. Juntos caminham até o destino.
Ou, evaporado pelo intenso calor. Sobe direto ao céu para retornar como
chuva.
Pior, quando é soterrado para transformar-se em uma via.

Como disse o poeta: "foi um rio que passou em minha vida".
E meu coração por ele veleja, os rios em que meu rio navega.
Brota da nascente, expelido para seguir uma trilha desconhecida.
Acumulando resíduos, acolhendo vidas, recebendo outros rios.
Carregando fardos.
Trabalho incessantemente intenso.
Produzindo sementes como herança até descansar ao chegar ao mar.


"E mediu mais mil (côvados), e era um rio, que eu não podia atravessar, porque as águas eram profundas...e junto ao rio, à sua margem, de um e de outro lado, nascerá toda sorte de árvore que dá fruto para se comer; não cairá a sua folha, nem acabará o seu fruto; nos seus meses produzirá novos frutos, porque as suas águas saem do santuário; e o seu fruto servirá de comida e a sua folha de remédio."Ezequiel 47:5-12


por Wagner Pires
in, Roteiros de Uma Rotina 




 

sábado, 18 de junho de 2022

CASTELO DE AREIA



Trabalho que veio das mãos do artesão
Fruto de criativa imaginação
Retrata a beleza que ostenta a realeza
Poder por traz da exuberante fortaleza

Estático do nascer ao pôr-do-sol
Mesmo em dias em que é azul
Outros em forte vermelho
Provado pelo tornassol

Textura áspera de construção delicada
Difícil entender esta obra tão complicada
Resiste ao intenso sol, mas não à fraca chuva
Danifica a fortaleza, enfraqueçe a bravura

Sonha ao admirar o horizonte
Perturba-se com a água que sobe da fonte
Alegra-se com muitas vozes
Se irrita aos diálogos ferozes

Ao cair da noite, multidão a passear pela orla
A construção de muito suor, porque nada veio à borla
Fica abandonada esta solitária obra
Aguardando a maré para que a leve embora


"Tu pois, sofre as aflições, como bom soldado de Jesus Cristo. Ninguém que milita se embaraça com negócios desta vida, afim de agradar àquele que o aloistou para a guerra. E, se alguém também milita, não e coroado se não militar legitimamente." 2 Timóteo 2:3-5


Wagner Pires
in, Silêncio, O Culto