sábado, 8 de agosto de 2020

DE SEM EM CEM


Sem saúde
Sem educação
Sem emprego
Sem economia
Sem respeito
Sem noção
Sem futuro?
Cem mil
Apenas lamentar por este Brasil
E prestar condolências àquele que partiu!


Wagner Pires

terça-feira, 4 de agosto de 2020

AGOSTO DO FREGUÊS



                      Inicia-se o mês de agosto.

                    E ficamos assim: o programa Fantástico, exibido na Rede Globo, revela em matéria o que todos já sabiam desde o ano de 2018: milícia carioca envolvida com políticos partidários do candidato à presidência do PSL (a qual eu me recuso e mencionar seu nome), juntamente com várias personalidades e empresários brasileiros em esquema de criação e divulgação de fake news para favorecê-lo nas eleições.

                    O Legislativo, representado pelo presidente da Câmara dos Deputados em Brasília, Rodrigo Maia, emite mais uma de tantas outras notas de repúdio - foi assim com o escândalo do COAF, com o ridículo vídeo da reunião ministerial, com o caso do Queiróz, com o esquema de eleições de Laranjas do PSL, com a indicação do Dudu para embaixador, com o Carluxo no gabinete do ódio, com o 01 no esquema de rachadinha, com os mais de 14 imóveis adquiridos pela ex-mulher do presidente (isso quando ainda estavam casados), dos privilégios de informações da Polícia Federal ao presidente... - enfim, uma série de crimes e irregularidades da atual gestão. Mas, apesar de milhares de pedidos de impeachment nas suas mãos, ele prefere ter toda a sua atenção voltada ao "menino" youtuber Felipe Neto, 32 anos, que insiste em dizer que não será candidato a nenhum cargo político, apesar de suas inúmeras aparições e entrevistas em diversos canais de televisão no Brasil e exterior e sua enorme influência nas redes sociais com milhões de seguidores. Tudo isso depois dele ter sido ferozmente atacado por este Gabinete do Ódio, com acusações de pedofilia, publicação de fake news entre outras mentiras. Sim, nisso o "garoto" é inocente, apesar de em tempos recentes ter declarado seu total apoio à este governo, mas parece que enfim amadureceu, abriu os olhos e aprender com seus próprios erros e todos merecem perdão com o arrependimento.
                    Ou seja, o programa Fantástico revelou que realmente existe um Gabinete do Ódio dentro do Palácio do Planalto. Uau, que revelação inesperada!
                    Poderemos chamar de: um Palhaço no Planalto?

                    No Judiciário, por suas vez, os juízes também se manifestam, como de costume: lamentando os fatos ocorridos através de postagens feitas no Twitter, para posteriormente eles absolverem todos os envolvidos, ou emitindo habeas corpus, arquivando todos os processos e investigações, ou ainda anulando todas as denúncias.

                    A Polícia Federal.  Ela também entra em ação, não como uma polícia federal deveria agir: investigando as denúncias seja de quem for. Neste governo ela foi transformada em PG - Polícia do Governo, PP - Polícia da Presidência, ou podemos chamar de PF - Polícia da Família.
                    Esta polícia atua nos mesmos moldes, formato e padrão do Exército Bolivariano criado por Hugo Chávez, o
 qual era duramente criticado por estes mesmos extremistas de direita neoliberais que hoje ocupam o governo - protegendo as ações do presidente.

                    Em relação à matéria, os governadores de estado também poderiam se manifestar, mas isso é  de acordo com as verbas liberadas pelo governo federal para seus estados. Neste caso, nem tenho nada a comentar, as atitudes dizem por si.

                    O governo, sendo ameaçado por esta reportagem veiculada pela Rede Globo, tem seu modus operandi: afasta um ou outro funcionário,  demite outro ministro ou secretário, transfere mais um para os EUA, e neste caso com salários superiores aos anteriores recebidos, ou ainda o presidente vai a público com mais uma de suas toscas imbecilidades para causar polêmica e desviar a atenção da imprensa.
                    Tudo seguindo a total normalidade de caos: desprezo pelo meio ambiente, descaso com a saúde, descuido com a educação, abandono do povo à mercê da sua própria sorte na saúde e economia - pior, criando novo imposto e aumentando as tarifas públicas e combustíveis.

                    Mas e o povo, não se manifesta?

                    Ah, o povo.....este povo continua indo trabalhar nos meios de transportes públicos abarrotados sem qualquer critério de distanciamento social - aliás, muitos nem entendem o que é um distanciamento social de 1 ou 2 metros nas filas dos supermercados, da farmácia, do comércio em geral, da obrigatoriedade de uso de máscara em todo local público em todo território nacional e demais atitudes para conter a pandemia.
                    Mas sim eles se manifestam: vão nos churrascos com pagode e cervejinha nos bares, nas festas de casa, nas baladas aglomeradas, organizando o chamado pancadão nas apertadas vielas das comunidades, nas praias superlotadas, ou ficam assistindo à novela e ao futebol na TV.
                    Se manifestam postando memes no Facebook; poses, cores e futilidades no Instagram; repetidas lives no Reddit; ou ainda produzindo vídeos no Tik Tok.
                    Tudo isso, e mais um pouco, gerenciado por um genocida vendedor de cloroquina que é um jumento ocupando o maior cargo público de uma nação, no Executivo. E, pelo povo, tudo vai passando por despercebido

                     Agosto nem sempre a gosto do freguês.

                    O freguês está à mercê dos influencers: seja da grande e poderosa mídia; seja dos políticos, confrades em seus acordos e conchavos; seja dos juízes e promotores em sua confortável passividade. Ou ainda à mercê dos empresários e bancários sustentados pelas suas fartas e gordas contas correntes; ou dos militares, burocratas acomodados sem função ou atividade a exerceram e ficam encostados no poder aguardando  a  aposentadoria ser creditada em seu contra cheque.
                    Pior ainda, é ficar como freguês deste povo, que carece de atitude firme de lutar contra tudo isso, pois são as peças fundamentais para toda e qualquer máquina poder funcionar: pública ou privada.

                    E viva 2020.

                    Ou morra de desgosto!


Wagner Pires

domingo, 2 de agosto de 2020

AZÁFAMA



        Ah o silêncio e o sossego de um final de semana em que eu me encontro sozinho.
        Madrugada de sábado para domingo, até as 5 horas, talvez, nem sei, e o pancadão irritante na esquina com o som que vem d'um butequinho.
        7 horas da manhã e eu ainda acordado, do lado esquerdo da minha casa já ouço, em altíssimo volume, a sofrência do estilo sertanejo no vizinho.
        Enquanto que as 10 horas me preparo para assistir ao GP da Inglaterra de F1, torcendo por mais uma vitória de HAM, em frente de casa já começa a rotina de confusão: muito palavrão, agressão, gritaria, uma baixaria, ameaças, sempre esta mesma arruaça entre o casal, o outro vizinho.
        Quase hora do almoço e as bicicletas a rodarem: de lá para cá, de lá para cá, mais gritaria; muito barulho: brinquedos jogados, marteladas, bolas a saltarem - na casa de cima, agora são os filhos do meu sobrinho.
        Feijoada e pagode ao vivo, desafinado. Carros para todos os lados, copos na rua são jogados. Risos, falatórios, sempre o mesmo repertório. Tudo isto em meio à pandemia, na Prainha, o outro barzinho.
        Entregadores de aplicativos em alta velocidade, irritante. Escapamentos adulterados, condutores alterados, o dia todo em todos os dias é este burburinho.
        Por falar em feijoada, deu fome, vou preparar o meu almoço, já são 14 horas, farei uma salada de feijão fradinho.
        Em meio a tudo, mudei de ideia, preferi colocar uns legumes a saltear e.....acaba o gás enquanto eu cozinho.
        Almocei, cozinha finalmente limpa e organizada, momento de relaxar, hora de assistir ao futebol na TV, tento me distrair, mas o jogo é muito ruim - eh Corinthians, com todo o meu cansaço, acabo dormindo com este futebolzinho.
        Gostaria de poder acordar ao cantarolar de um passarinho.
        Passarinho?
        Não, nem pardal, nem tico-tico, nenhum nem pequenino. Moro perto de um pequeno aeroporto, e sobre minha cabeça só passa teco-teco e jatinho.
        E, para aturar tudo isso, só mesmo se embriagando, mas eu não bebo. Caso eu bebesse teria que ser um bom vinho.
        Me embriagar no suave sabor do tinto vinho.
        Tudo tão perturbador como se fosse uma tempestade descendo sobre mim como num torvelinho.
        Um destruidor redemoinho.
        Desperto e reflito nesta ausência de compreensão e carinho.
        Egoísmo, mundo mesquinho.
        Quem me dera poder desfrutar da paz e liberdade do meu cantinho.
        Estar onde gostaria de estar, no sossego à beira do rio Tejo. Quem sabe até poder apreciar o saltitar de um golfinho.
        Enquanto isto não passa de um desejoso sonho, vou relatando fatos do meu COTIDIANO neste meu pergaminho.
        Enfim, o que devo fazer é seguir neste meu caminho.
        Descrevendo em contos 0 meu espinho.
        O silêncio que diz mais do que mil palavras, por favor; no bom mineirês: só um "cadim"!




Wagner Pires
in, Crônicas de Um Andarilho