sábado, 2 de janeiro de 2021

FILME DE HORROR - 2ª Temporada

 


1º dia do ano, estréia a nova temporada. Continuo fazendo o papel coadjuvante neste macabro filme.

O cenário é ainda mais assustador, parece uma película sem fim. Loucos zumbis comemoram alegremente em festas e praias lotadas a chegada de um novo ano no velho mundo com nada de novo. Seguem a mesma incompreensão e negação da realidade. São contra a ciência e contra os fatos, haja paciência. Enquanto eu vou acompanhando o dia a dia cada capítulo que esboça uma grande tragédia que se aproxima.

O espírito de morte vaga livremente em terras ao sul, autorizado pelo insano presidente. O assassino disfarçado de heroico salvador, um ser perverso e cruel. Defeca palavras de ordem ao seu pequeno rebanho. Faltam-lhes despertarem desta psicose da qual foram enganados e iludidos, persuadidos pelo ódio ao iletrado, porém um doutor consagrado. Se é que podemos dizer que foram enganados, sendo que quando candidato nunca usou uma máscara, sempre se revelou tosco e brutal. Genocida imoral que caminha sem máscara. Também, como poderia ser considerado um ser culto, se é contra a cultura, leitura e a educação, contra até à ciência, e seu mentor é outro louco negacionista que se diz um filósofo sem ao menos ter se formado - um ser desqualificado. Ao seu redor, é cercado por doentes sedentos por sangue e intrigas, profissionais despreparados - vagabundos da política.

Como podem se auto intitularem-se cicadãos do bem da sociedade se apoiam este atual momento, vivendo como se nada estivesse acontecendo, o que lhes bastam a sua condição financeira e social se não são nada sociáveis?

Mentes nebulosas por falsas teorias, pela ignorante fé. Canalhas discursos de distorção da Palavra por aqueles que se auto intitulam profetas, tudo para o próprio benefício. Querem reescrever o passado da perseguição templária da Idade Média para forjar cidadãos do bem. Pretendem determinar o que é certo e o errado vindo inspirações de mentes limitadas e doentes. Cauterizadas num passado enganoso que já não existe mais. No mundo, os muros da ignorância já foram  derrubados há décadas, e vivem sem fronteiras.

São estes idealistas extremistas violentos, os mesmos que acusam as ações extremistas do Talibã. Matam a alma e o corpo em nome de Deus. 

Seria este o deus da riqueza?

A própria palavra diz que "é impossível agradar a dois senhores, se você agrada um, desagrada a outro".

Não acompanharam a evolução do tempo, "são hipócritas, vivem nas leis do antigo testamento, os verdadeiros fariseus que condenariam Cristo novamente. Se consideram nobres doutores, aristocratas da fé, porém são do baixo clero do feudalismo contemporâneo, onde vivem nos esgotos da política, buscam a riqueza e os holofotes agindo como prostitutas dos bordéis" (*).

Estes autoproclamados cidadãos do bem que só fazem o mal. Agridem fisicamente e moralmente, depois arrumam a mesma desculpa. Parece que além de atuar no sistema respiratório, o vírus está agindo no sistema nervoso, afinal estes cidadãos se assumem bipolares com distúrbios mentais depois de serem expostos e condenados. Uma falta de caráter em assumirem seus erros. Erros estes que nem deveriam ser cometidos se respeitassem as diferenças que há nos outros. Hipócritas soberbos, sanguessugas existencialistas.

Eu continuo seguindo o meu roteiro do medo ao sair às ruas desde a primeira temporada, porém escrito agora com uma maior indignação ao esbarrar em alienados hipnotizados, possíveis portadores da devastadora doença. E os familiares e amigos com atitudes de inimigos que não respeitam sua privacidade e sua proteção, prontos a deflagrarem o golpe fatal. Vivem numa utopia.

Criam teorias conspiratórias dignas dos piores roteiros de Hollywood. Onde um chip viria dentro de uma vacina. O vírus teria sido criado em laboratório para expandir o sistema comunista. A tal vacina iria transformar o indivíduo num ser mutante?

Ignorantes, bastavam acompanharem as notícias ao invés de se prenderem à redes sociais. Lamentável, pensamentos banais. 

Mistura de precário filme político conspiratório; ou ficção de baixo custo orçamentário com drama social; talvez um terror barato, que vamos assistindo. Em momentos parece uma comédia trapalhão, cujos líderes políticos e religiosos, deixam-nos envergonhados de tamanha ignorância e estupidez - ainda bem que em meio ao caos ainda encontramos sábios que nos inflamam com esperança.

Nestas condições, meus passos continuam acelerados, olhar para todos os lados. Sigo mascarado, armado com um frasco de álcool, o antídoto para minha proteção. Ao chegar em casa retiro minha armadura, tudo passa pela câmara de desinfecção. Mas minha mente continua em alerta, sempre em atenção.

Acompanho as notícias e os fatos, me atualizando para cada passo. Queria poder fugir, atravessar o oceano e nunca mais para cá vir.

Sou um refém do sistema. Fui sequestrado, perdi meus direitos, só me deram deveres. Porque a máquina de morte, de corpo deformado e mente doente, continua criando leis de destruição, evita a qualquer custo uma ajuda social, quer causar a fome e o desespero, muito desemprego. Não tem apego à vida, cruza os braços para o trabalho, perambula para todos os lados espalhando mentiras e sorri. Ele é um dos atores principais, faz o papel de bandido. Ainda me encontro na esperança, de que neste filme, finalmente, apareça um mocinho. O herói que possa nos libertar deste terrível pesadelo, mas infelizmente estes heróis não estão no plenário, não sei já existe, ou onde se esconde.

Não tenho esperança nem daqui a dois anos, pois não acredito no voto. Muitos devotos da ignoráncia.

Nos viria o socorro de Haia?

Tantos outros bandidos ocupam os principais papéis: alguns em papéis de juízes, de políticos, e outros de policiais. São estes em quem nós deveríamos depositar a nossa proteção, mas são traidores das leis. Estes bandidos têm o seu porta-voz muito influente: a imprensa imperialista - influenciadores e (má) formadores de opinião desde o final dos anos 50.

Para maior dilema, lamento e tristeza, tudo isto não basta, ainda temos os influencers modernos: surgem das trevas da música, do oculto anonimato das mídias sociais, do esporte socialmente inoperante. São iletrados e irracionais, como se o mundo fosse apenas aquele que lhes cercam ao alcance de suas riquezas. Fúteis e inúteis que vivem da aparência e não ouvem ninguém, vivendo de festa em festa como se tudo fosse uma eterna balada.

Intriga-me. Quem me dera eu poder estar num outro estúdio, em outro cenário com outros atores representando no hemisfério norte, onde todos lutam vacinados, bem orientados e informados vão assumindo a função de colaboradores que defendem a sua vida e de quem está ao lado, lutando juntos nesta feroz batalha.

No norte, a noite vai chegando estrelada ocupando o reluzente céu azul. À sudeste ainda está tudo cinzento, em meio às trevas da destruição. Da fumaça que sobe do mato queimado para virar pasto, onde o alimento é raro e se torna caro - contaminado para a pouca renda do assalariado pai de família.

Na primeira temporada havia a esperança da formação de uma nova sociedade, mais solidária e justa. Por fim, a crise tem revelado o lado ainda mais sórdido deste capitalismo fracassado e desigual. O egoísmo ficou mais latente, os ricos ficando mais ricos, os pobres cada vez mais sendo jogados para a periferia do abandono e do esquecimento.

Enfim, muitos preferem ser enganados e expressar um otimismo que não condiz com esta realidade. Porém, mesmo já tendo sido chamado de pessimista, prefiro cumprir o papel que me foi concedido de viver numa realidade fria e solitária. Não há planejamento e nem programa, sem vacina e sem seringa, sem solidariedade e sem compreensão. Sem um líder capaz de nos governar, resta-nos apenas o genocida psicótico em seu esteriótipo. Bradando uma honestidade que não o acompanha ao longo de sua carreira. E seus assessores sem voz e sem personalidade maquiando uma bomba prestes a explodir.

Nestas Crônicas deste Andarilho, vou seguindo os Roteiros de Uma Rotina mal planejada e não prevista, e vivendo neste meu Silêncio, O Culto do COTIDIANO, quem sabe na terceira temporada estarei com a mente mais arejada. Mesmo que o virus continue circulando, sem prazo de validade, e, até este episódio, continuo sem me vacinar. E, sem vacilar, vou descrevendo meu diário.


"E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará" João 8:32


Wagner Pires, in Silêncio, O Culto


(*) adaptado do texto extraído de http://wagnerlpires.blogspot.com/2020/05/fariseus-e-outras-tribos.html