sexta-feira, 11 de abril de 2014

CALAR-SE?




Desde as manifestações de Julho de 2013, com a desculpa do aumento do transporte público, eu tenho visto uma parte da população manifestar-se e descontente com a política  atual pedir a volta do regime militar.
Para você que não entende nada ou pensa que entende vou esclarecer o que foi o regime militar.

Nos anos 50 a Argentina e o Brasil, exatamente nesta sequência, viviam um grande momento devido o pós guerra. A Europa estava se reestruturando, os Estados Unidos, que lideraram os ataques da OTAN - consequentemente ganhando prestígio e destaque, dominavam a economia mundial, com um ligeiro e discreto crescimento do império Nipônico e a solidificação do bloco Comunista liderado pela União das Repúblicas Socialista Soviética; tudo fruto deste pós guerra.

No Brasil, não é por acaso que este período é conhecido como "Anos Dourados" (que não é apenas o tema de uma minissérie de TV).
Era na arte, cultura, música, na sociedade em geral; início da construção de Brasília, a alta sociedade carioca, o início da tecnologia mundial.

Com isso a política interna começava a libertar-se dos modelos mundiais, pensava-se por conta própria, copiando as vantagens do capitalismo como do socialismo para poder adquirir personalidade e independência.

Foi elaborada a política nacionalista de desenvolvimento e crescimento no início dos anos 60, com justiça e compromisso de solucionar a crise que se surgiu por consequência no final dos anos 50.

Porém, as grandes empresas estrangeiras aliadas ao poderio norte-americano sentiam-se ameaçados por necessidades de novos "clientes", e algo deveria ser feito: abertura de novos mercados consumidores.

Os militares com sua política de nacionalismo conservador e autoritário era o tipo ideal para assumir o poder, ou melhor ser apenas o testa de ferro. Mas este regime deveria ter um prazo de validade no Brasil e no mundo (Lê-se ditaduras na America Latina, África e Ásia) para novamente obter expansão e crescimento futuro. Sabia-se que este crescimento americano e europeu iria ter um mercado consumidor limitado e estagnado em mais uns 20 a 30 anos, após o encerramento deste ciclo (no mundo vemos diversos ciclos econômicos de tempos em tempos: 1º o boom imobiliário puxado pela independência das colônias; 2º a expansão industrial pós revolução francesa, a indústria automobilística, a época dos eletro-eletrônica com a televisão, rádio, geladeiras, máquinas de lavar; e hoje estamos vivendo a transição da 3ª era: informática para o novo 4º período: do bem estar - alimentação, academias, cirurgias plásticas, tatuagens, medicamentos estéticos, etc).
Emfim, haveria a necessidade futura de se ampliar o capitalismo: globalizar para abertura de novos mercados - por isso os regimes ditatoriais teriam data de início e fim - até mesmo para os que rejeitassem este fim (Cuba, China, Coréia do Norte e Vietnã nos blocos de esquerda, assim como países africanos no bloco do Islamismo e regimes dominados por tribos raciais)
Se olharmos para a história, é algo semelhante com a libertação dos escravos, ou você acredita que foi por humanidade e não por capitalismo que foi dada a libertação dos escravos?
Nos Estados Unidos a libertação foi dada porque a parte norte (republicanos) estava propensa à industrialização e para isso deveriam surgir consumidores: negros e índios, enquanto a os sulistas (confederados) viviam da agropecuária do trabalho escravo; e a história todos já sabem: a vitória dos republicanos com a libertação dos escravos.
E desta mesma forma aconteceu no Brasil, igualmente, em todos os seus detalhes, apenas mais pacífico e mais atrasado (como sempre).

Voltando ao regime militar, assumindo este governo, os militares herdariam uma administração inflacionada pelo crescimento dos anos 50, e precisava se ajustar a economia com poucos investimentos, pouca ousadia para crescer, seguindo modelos pré estabelecidos pelas grandes potências da época; exploração do solo, venda, produção, preços de mercado, compradores de matéria prima externos com preços pré estabelecidos, empréstimos, juros, etc. 
Presos a isso, realmente não fizeram nada muito produtivo além de alguns projetos de rodovias e hidrelétricas, obrigatórios para qualquer governo na época.
Poucos projetos associado a pouca vontade. Portanto seria, ou deveria, estabilizar a economia.
Mas não foi o resultado que vimos no período pós ditadura com taxas de inflação altíssima, muita corrupção, evasão de divisas.

Além de não termos um crescimento social, devido ao rígido regime autoritário, controlador e nacionalista, fechando o Brasil para o mundo. Elogiar a educação no período é se basear exatamente nestas características militares: de extrema vigilância e a falta de informação interna e externa, não podermos nos expressar, e isso era o óbvio, o mínimo que se poderia ter: um povo "educado" (diga-se: calado, conduzido). Tínhamos mais segurança pública porque não podia se manifestar em público ou em grupo, expor ideologias e conceitos, não poderia estar mais frequente às ruas. Vivia-se em estado de alerta, toque de recolher, a mídia era filtrada: só se via e ouvia o que eles queriam. Ninguém se tinha informação e conhecimento da corrupção, mas ela ocorria, e pouco ou quase nada poderíamos reclamar da educação e da saúde.


Enfim, acabada esta etapa, alguém teria que assumir o prejuízo financeiro escondido e camuflado.
A anistia, a liberdade de voto, eleger, escolher o governante, este era o caminho, era a desculpa que eles precisavam para abandonar um barco naufragando enquanto que as potências mundiais continuarem a ter mercado para venda - Globalização.

As ditaduras militares tinham que acabar: América latina e África.
De onde sairiam a mão-de-obra barata e a matéria prima?
Quem irá importar mais do que exportar?
Brasil, Argentina, toda Américas Latina e a África precisava da democracia, passar o bastão dos estados falidos e arcaicos. Estados fechados para a modernidade cultural, tecnológica, moda, cultura - também no Brasil. Nestes mais de 20 anos as mentes ficaram cauterizadas pelos regimes e pela mídia controladora (até os dias de hoje, só que de uma forma "modernizada" de controlar).
O 3º mundo (e podemos incluir o fim do regime comunista com a queda do muro de Berlim e a morte do General Tito - governante, unificador e pacificador dos povos da extinta Iugoslávia). Nestes países as classes C e D como emergentes aparecem como principais consumidores do avanço aceleradíssimo das novas tecnologias das indústrias de eletrônicos e da informática no pós ciclo das indústrias automobilísticas (anos 60 a 80).

Pedir a volta do regime militar é simplesmente não ter conhecimento de política mundial. No mundo atual não cabe um regime ditatorial, é fácil enxergar isso, basta olhar os poucos regimes que são semelhantes a isso: China, Cuba e Coréia do Norte, só.
Pois bem, a China é a maior economia dos países emergentes, voltados à exportação de produtos baratos, de baixa qualidade feitos por mão-de-obra barata, enquanto que internamente vive-se em estado de pobreza.
Cuba e Coréia do Norte: extintos, países extintos (que vivem em estado de extrema pobreza). Cuba ainda tenta uma tímida e lenta aproximação do mundo exterior com a saída de Fidel Castro. Enquanto que Coréia do Norte nem é lembrada pelo resto do mundo - ainda mais seus líderes fechando-se cada vez mais entre quatro paredes. São países apoiados numa forma de governo que nunca chegou a existir verdadeiramente: o Comunismo - a Rússia, que sobrevive do seu gás natural que sustenta a Europa, das minas de carvão, do petróleo, das máfias que controlam as ex-repúblicas falidas em todos os sentidos (sócio-político-econômico); dinheiro de origem desconhecida e suspeita. Como eu disse: sobrevive. O terceiro país emergente é a Índia, também com muita deficiência sócio-cultural, mas muita deficiência mesmo em relação à qualidade de vida: educação, moradia, transporte, comunicação, segurança pública.


Exposto isto, encontramos um Brasil, o 4º colocado entre os cinco países emergentes (quinto é a África do Sul), que peca e fica patinando na economia devido a corrupção pré, durante e pós regime militar (digamos que antes e depois os escândalos são conhecidos pela mídia, na época era impossível de ser revelado).
As manchetes são conhecidas porque hoje a mídia tem interesse em mostrar. Esta mesma mídia que tinha interesse em esconder, que ajudou a cauterizar as mentes em rótulos e clichês.

Portanto, o Brasil é um país emergente atrás da China, Rússia, Índia e à frente apenas da África do Sul. Sem deixar de mencionar a riqueza dos Tigres Asiáticos: Hong Kong, Coréia do Sul, Singapura e Taiwan, e países do Oriente Médio que vivem apenas do petróleo, além da recuperação da Europa liderada pela Alemanha e Inglaterra, seguida pela França, Suíça, Áustria, Bélgica, Holanda, Espanha e Itália, assessorados pela Noruega, Suécia, Finlândia, Luxemburgo e Dinamarca, ai aparecem os demais da UE.

E para mudar este retrospecto não precisamos de militares, socialistas ou capitalistas, precisamos de nacionalistas liberais com propósitos de desenvolvimento e igualdade. Acabar com a desigualdade econômica que gera a desigualdade sócio-cultural.
O Brasil precisa de cultura de comprometimento social, de aliança honesta entre a o povo e o governo, e não de alianças políticas com interesses partidários.
Não podemos sair às ruas como um cardume de sardinha ou um bando de ovelhas que seguem um líder, sem ter um conceito próprio, sem objetivos concretos, sem motivos reais. Precisamos de líderes honestos, sociedade organizada, respeitar os direitos e deveres, o patrimônio individual, público e privado. Elaborando objetivos e metas, acompanhando da sociedade e cobrando quando necessário. Pensar na sociedade como um todo, na prosperidade mútua, global e não individual.
Precisamos de uma revolução humanitária pacífica e não de governantes rígidos e ultrapassados, ou de líderes de interesses isolados; para que possamos viver um COTIDIANO com mais igualdade em paz e prosperidade sócio-político-econômico.

por Wagner Luis Pires, sem fontes de pesquisa.