segunda-feira, 26 de outubro de 2015

TROCADILHO

Castelo de São Jorge, Lisboa, Portugal - foto by Wagner Pires

Mente pensante, corpo cambaleante
O rosto envermelha de ira
Mesmo estando pronto, ainda pira
A leitura é nula, inútil
De fato, a atitude é fútil

À minha frente só observo estragos
Jogar-me à cama e ali ficarmos deitados
Sensações de maus tratos
Palavras jogadas aos porcos
Alimentos para alimentar, ficam nos charcos

Aflito coração pulsante
Apostando nesta vida para se abundante
Assustadora como um animal feroz e exuberante
Embriago-me de sonhos frustrante
Teimoso em não se revelar, inoperante

Poderia receber uma bondade
Por Divina vontade
Numa vida dourada em plena diversidade
Dum viajante itinerante em sua lealdade
De relato extravagante para sua posteridade

"...Tal conhecimento é maravilhoso demais e está além do meu alcance, é tão elevado que não o posso atingir..."
Salmo 139-6



Wagner Pires

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

TORRE DE VIGIA

Catedral da Sé, Lisboa Portugal - foto Wagner Pires



Mundo que muda
Mas a rotina continua muda
Solitário
Silêncio até no campanário

Cercado pela cerca
A mesma que protege a lerca
Em murcha e corroída alma
Por conflitos que tiraram a calma

Muda da murta plantada
Nem ao menos podada
Deixa a visão encoberta
Olhando pela janela entreaberta

Revela o fiasco
A espera do carrasco
Vendo os dias sendo contados a leste
Não dormem, vermes que causam a peste

O vento é fraco e não faz tocar o sino
Traz a chuva que contrasta o rosto cristalino
Tortura que leva à loucura
Puro acaso da mente pura

Ingenuidade em acreditar
Que o mundo lhe poderia mudar
Na mochila de roupa carrego apenas uma muda
E fico com minha palavra muda



"Ficarei no meu posto de sentinela e tomarei posição sobre a muralha; aguardarei para ver o que Ele me dirá e que resposta terei à minha queixa"
Habacuque 2:1 


Wagner Pires
in, Crônicas de Um Andarilho

sábado, 10 de outubro de 2015

MUNDO, ENFIM



O vidente anuncia o fim do mundo, 
E neste caos sou um sobrevivente.
Tristeza?
Aparentemente.

Chamas explodem do vulcão em erupção,
Causa terremoto e muita destruição.
Tremor, espanto e temor.
As mãos trêmulas diante de tanto terror.
Tudo em ruínas, pagando propinas.

Arruinada, a sociedade clama por justiça.
Cidadãos desorganizados perante o crime organizado.
Onde está a política? 
Atrás das grades, ou atrás dos confrades.
Neste cenário precário, o pobre quer ser um nobre.
Necessitado, vira um bandido na cidade sem lei.

Rajadas atravessam a rua, acertam a mulher deitada e nua.
Alma desnuda, sem princípios
Seu egoísmo só procura seu benefício.
Ficou a cadavérica escultura na cidade impura.
Sem cultura, contaminada por mentes doentes.
Ondas invadem as vielas das favelas.
Quem pode, esconde-se nos becos das ruelas,
Mas o bico deve ficar calado
Para não se tornar mais um marcado.

Ir sem saber se poderá vir,
Virou mais uma vítima.
Nem ficam mais a derramar lágrimas.
Virou estatística.
Lágrimas de sangue pintou o asfalto do cruel assalto.
Agiu como um animal brutal.

Os direitos são desumanos: encarcera o trabalhador,
Camuflados debaixo dos panos.
Escondidos, amedrontados, os carros são blindados,
As janelas com grades em todas as partes.
A TV e seu sensacionalismo:
Pedofilia, estuprador; só pensa no pessimismo.

O discurso arrogante lhe garante um país lindo por natureza.
Mas isso lhe garante alguma beleza?
O país do futuro.
Destacava o slogam dos anos 70.
E ainda caminham em caminhos obscuros que a violência fomenta
Dizem que é um povo sorridente com alegria em meio à melancolia.
Pura hipocrisia.
Uma nação que não entra em guerra, porém uma máquina que emperra,

Tamanha é a violência sem nenhuma decência. 
Uma realidade, que na verdade, o transforma num sobrevivente
Quando desperta no sol nascente.
Ou não, se foi sucumbido, banido,
Num segundo, neste fim do mundo!



Wagner Pires
in, Crônicas de Um Andarilho