quarta-feira, 29 de janeiro de 2020

FEUDALISMO


A sociedade global vive sua 4ª geração, a Idade Contemporânea, pós Revolução Francesa.
Nesta Revolução Francesa, viu-se a possibilidade de uma mudança na estrutura social feudal para um mundo voltado à industrialização com o objetivo de acabar com a crise econômica e as diferenças de classes  sociais – acompanhando a Revolução Industrial que acontecia do outro lado do Canal da Mancha, na Inglaterra.

Nos dias de hoje, no lado de baixo do Atlântico ainda temos esta sociedade feudal, mas mais para Jecas do que para Jacobinos.
Os senhores feudais destituídos na Idade Média viram o mundo cruzar os mares na Idade Moderna. Na Idade Contemporânea, viram atravessar a atmosfera e pisar na Lua, e de lá avistar uma Terra redonda. Porém, estes senhores feudais ainda reinam de forma soberana sobre seus vassalos e servos, assessorados pelo novo Clero, os Neopentecostais neocalvinistas, nestas longínquas terras tropical.

Juntamente com a nobreza, e o clero, eles controlam todo o mercado financeiro. Controlam ou são acionistas das grandes indústrias, do grande comércio, da grande mídia e de enormes pedaços de terra.
Detém o poder no setor agro/pecuário, queimando e desmatando sem a preocupação com os danos que causam ao meio ambiente. Desocupam, à bala, as terras pertencentes aos seus originários (índios). Alimentam a população com venenos - destruir e matar para enriquecerem.

A nobreza, deste sistema feudal, é participante e coparticipante de todo lucrativo sistema bancário, controlam a entrada de capital estrangeiro. Manipulam números e determinam taxas e juros - abastecem seus fartos bolsos, dos bancos ao câmbio.
Vendem os recursos naturais, querem privatizar até o que dá lucro de forma desnecessária com a desculpa de não sobrecarregar o estado - estado mínimo. Mas os senhores feudais oferecem aos servos uma péssima qualidade dos serviços básicos para sobrevivência - mesmo tendo estes servos uma pagamento de elevados tributos.

Tributos que são constantemente desviados dos cofres públicos para outro setor de poder: imobiliário e construção civil - em suas propinas do corruptor ao corrupto. Inflacionam o mercado imobiliário através da supervalorização do m², tanto na venda quanto na locação. Com isso, não permitindo nem a estabilidade da classe média, a burguesia, e impedindo a ascensão dos servos, os pobres. Gerando altos valores no mercado comercial imobiliário.

Tornam a educação e a informação seus piores inimigos. Praticar a cultura, é crime, estudar é desnecessário.
A saúde é precária e obsoleta. A segurança pública se torna insegura quando é chefiada pelos próprios bandidos que deveriam ser investigados. E o opositor, neste caso, deve-se calar ou será calado.

Com o desejo de privatizar todos estes setores: saúde, educação, segurança - o transporte já é privatizado, as empresas privadas que prestam estes serviços se dividem em: de qualidade tem suas cobranças caras, que só permite o acesso aos mais abastados; e sobrando para os menos favorecidos os serviços baratos, porém sem nenhuma qualidade de formação educacional, atendimento de saúde, transporte e segurança pública ou domiciliar.

Atualmente existem dois tipos de serviços de segurança social (que englobam educação, saúde, trabalho e a própria segurança social): o sistema norte americano, onde o trabalhador não recolhe impostos para o governo administrar, porém o cidadão contrata seguradoras para supri-los em caso de necessidade médica/hospitalar, aposentadoria, ensino, etc. E o sistema francês, utilizado na Europa, cujo cidadão tem boa parte de seus salários retidos e repassados ao governo em forma de tributo, para que este dê de volta à sociedade: escolas e hospitais públicos; seguros sociais, em caso de afastamento do trabalho, desemprego, aposentadoria; transportes de qualidade: não poluente, confortável, frequência constante de circulação (mais vazios), tarifa de baixo custo (a Dinamarca é o primeiro país do mundo a oferecer transporte gratuito para toda a população), e segurança pública.
No Brasil se praticam as duas formas: tanto a americana como o francês, pois o trabalhador perde parte do seu salário para pagamento de impostos, mas é obrigado e contratar serviços de saúde (convênios médicos); seguros de vida e previdência privada para garantir uma boa aposentadoria; na educação, colocar seus filhos em escolas e faculdades particulares (nem sempre de boa qualidade); o transporte público é caro, superlotados, sem conforto e qualidade (com intervalos entre um e outro elevado ocasionando mais lotação e atrasos); a segurança deve ser particular, carros blindados, casas com circuitos internos para garantir uma proteção.
E por aí vai toda falta de planejamento, operação e administração dos senhores feudais e sua burguesia - a ingerência, a incapacidade, que nada mais é a falta de vontade de governar e o interesse no setor privado que estão sempre nas mãos dos senhores feudais e da nobreza, por que não incluir também nas mãos do clero.

Assim como a igreja católica que entre os séculos V ao XV criava seus demônios, perseguia e matava seus oponentes, aconselhando e orientando os senhores feudais em suas caças às bruxas, o clero atual tenta moldar uma sociedade moralista segundo os seus princípios neopentecostais.
Interferindo em questões culturais e educacionais dentro da política. Fantasiam fantasmas de forma racista, xenófoba, misógina, homofóbica, preconceituosa. Ressuscitam rituais e crimes da década de 60, no regime da ditadura militar. Criam doutrinas que se tornam rótulos em determinados grupos da sociedade e, estes grupos evangélicos da sociedade seguem estas leis sem questionamentos.
É uma visão medíocre, limitada, egoísta e, principalmente, distorcida da Verdade. Criam mentiras com único interesse de chegar ao poder. Mercenários e manipuladores da fé.
Gritam para um povo facilmente envolvido pelos seus discursos, porque este povo está mais interessado em receber o milagre da multiplicação sem muito esforço - mesmo tendo a obrigação de pagar "tributos" por estes "milagres", como forma de doação, dízimo e oferta - ofertam até mesmo a própria a alma além do bolso.
O povo tem este pensamento preguiçoso justamente por não terem recebido uma educação de qualidade nos últimos 70 anos, tiveram suas mentes cauterizadas. Não criaram e exercitaram a capacidade de poder debater e questionar. Não adquiriram conhecimento e cultura que os tornassem capazes de interpretar e discernir o que lhe é dito e pregado. São iscas fáceis, de mentes manipuláveis.
O clero, ou pode-se dizer: os apóstolos, bispos, padres e pastores, criam o terror moral com falsas regras e dogmas, acusações e inverdades - oprimem através do medo com historinhas da luta do bem contra o mal.

Pobre povo pobre, oprimido também pela mídia controladora, que em suas ilhas de edição determinam o que deve ser transmitido e o que se pode ser lido. Meios de comunicação que deveria apenas investigar e comunicar, mas são aliados de quem lhes convém, elegem e retiram do poder quem e quando querem. Típicos camaleões em busca dos números do Ibope, da audiência que se converta em dólares em suas contas corrente e nos paraísos fiscais.
O governo precisa dos meios de comunicação, assim como os meios de comunicação precisam das concessões públicas controladas pelo governo - toma lá da cá.
Inclusive nesta comunicação de massa (TV, Rádio e Internet), de olho nos números, a igreja está presente muito fortemente. Desceram do púlpito e do altar, tiraram o paletó e a batina, foram para frente das câmeras, sempre acompanhados das planilhas - números e mais números, valores em suas contas corrente. Ou ainda, sem depósitos no bancos para burlarem o fisco da receita federal, em suas lavagens de dinheiro em negociatas e no paraíso fiscal.

Os jecas acomodados, acostumados com a miséria por terem suas mentes cauterizadas pelos soberbos – o sistema, refletem um comportamento apático, passivo, preguiçoso.
Na ignorância, tornaram-se arrogantes, egoístas e hipócritas, coniventes e cúmplices da roubalheira. Sendo covardes quando apenas esbravejam discursos aleatórios e sem sentido nas redes sociais. Escondem-se nestas redes sociais. E influenciados pela falsa burguesia, saem às ruas em manifestações inúteis, ou simplesmente saem à janela para "baterem panelas". 
Nas redes sociais se distribui mentiras e teorias conspiratórias com a intensão de desviar a atenção dos reais fatos. Circulam pela falta de vontade e capacidade de buscar a verdade.
E assim, vivem à mercê de sua fé ao invés de questionarem, debaterem, pesquisarem, estudarem e lutarem como os verdadeiros Jacobinos.
Nesta cômoda preguiça, fogem para as praias, pensam no carnaval ou no próximo feriado que virá, com o churrasco na churrasqueira, a cervejinha na mão, o pagode (ou hoje em dia o pancadão) na caixa de som, em seus carros parcelados em dezenas de meses.
Vivem na periferia em casas como caixotes em tons de vermelho reluzente dos seus tijolos baianos ainda aparentes.


Pelos resultados das últimas eleições, temos visto que os que deveriam ser os verdadeiros jacobinos baseado na sua classe social, avaliado pelo poder econômico que possuem, deveriam lutar e influenciar o povo a conquistar, porém também são jecas como os servos. Nada mais são do que emergentes recentes, também esperando o próximo feriado. Pensam que são a elite, mas são igualmente egoístas por interesses, prepotentes pelas suas conquistas, e servos destes suas próprias conquistas materiais.

Nesta sociedade não há evolução, ao contrário, o passado é valorizado e imitado, levantando das catacumbas as enfermidades de mentes doentias e assassinas. Ressurgindo com os mais assustadores discursos, ameaças e crimes já cometidos, idolatrando monstros como se fossem heróis.
E todos: contra e a favor, vivem num duelo como se estivem na Idade Média, na luta para ascensão de classe social em pleno século XXI.


"Saiba disto: nos últimos dias sobrevirão tempos terríveis. Os homens serão egoístas, avarentos, presunçosos, arrogantes, blasfemos, desobedientes aos pais, ingratos, ímpios, sem amor pela família, irreconciliáveis, caluniadores, sem domínio próprio, cruéis, inimigos do bem, traidores, precipitados, soberbos, mais amantes dos prazeres do que amigos de Deus, tendo aparência de piedade, mas negando o seu poder"

2 Timóteo 3:1-5a



por Wagner Pires