terça-feira, 25 de agosto de 2015

COMPANHIA INSEPARÁVEL



Com você ao meu lado consigo falar, me comunicar,
Até mesmo sonhar e viajar.
Ir e vir, desde que eu queira partir,
Ou eu possa fugir e descontrair.
Neste universo sem fronteiras,
Atravesso todas as barreiras.

Para conhecer todo este mundo:
Beleza e alegria, também o lado imundo.
Precisamos estar informado.
Política, economia: estar conectado.
Às vezes eu nem entendo,
A civilização em detrimento.

Com tanta guerra e insegurança.
Você é a minha confiança.
Prefiro esquecer tudo isso,
Mas não viver sem compromisso.
É que prefiro o entretenimento
Diversão a cada momento.

Fotografias e imagens.
Muitos rostos e algumas paisagens.
Jogos e competição.
Quero vencer, ser o campeão.
A cada click, um toque, digitar,
No cotidiano: eu e você, meu celular.



"Outro dia, em quatro casais, saímos para almoçar numa cantina italiana.
Sentados, aguardando nossos pratos, apenas eu não estava digitando no celular....
Quem era o anormal?
Neste mundo virtual, está acabando o relacionamento interpessoal."

Wagner Pires

domingo, 2 de agosto de 2015

SOU VÍTIMA DAS MINHAS ATITUDES


           Embarquei, peguei o avião com destino ao passado. Passado mal resolvido.
          Cheguei, desarrumei as malas e vi que havia me esquecido de trazer minha individualidade e minha liberdade.
          Depois de alguns dias é que fui perceber que mexeram na minha bagagem e a minha paz havia sido roubada.
          Também pudera, apesar da minha idade já um pouco avançada, vivido, experiente com tantas idas e vindas do COTIDIANO, fui ingênuo, tremendamente inocente em acreditar que poderia ter a família e amigos de volta.
          Ah sim, claro, enfiei a mão nos bolsos: onde deixei minha carteira?
          Não tinha, apenas documentos e lembranças. Muitas histórias para ninguém ouvir. Ninguém vive de ouvir histórias, vivem de passeios em carrões, conforto em belas casas com repletos jantares.
          Em pouquíssimo tempo perdi até mesmo os equipamentos que de lá eu trouxe. Até eles ficaram cansados e resolveram não mais funcionar, morreram, nos deixaram.
          Morreram juntamento com os sentimentos de alegria e felicidade, restou tristeza, solidão, falta de esperança. Rotina de trabalho, enfadonho trabalho. Esforço em vão, sem nada conseguir.
          Tempos difíceis.
          Enquanto que do outro lado do Atlântico eu abandonei a praia, o verão, muito lazer e diversão. Diversificação: parques, montanhas e castelos, ruínas e história, modernidade e cultura, cinema e teatro, gastronomia, farta gastronomia. Respeito e admiração, amizades, companhias e solidariedade.
          Meu fiel companheiro, meu filho, perdeu em qualidade. Não ele, mas a qualidade que o lugar possa oferecer: saúde, educação, entre tantas outras.
          Perdeu o convívio natural com os amigos, restando o virtual. Crescendo em seu limitado espaço, onde perdeu o seu espaço da sua principal característica: descontração, improvisação, sorriso no rosto. Não perdeu o carinho e respeito. amoroso, paciente.
          Tendo que acostumar-se com a rotina protocolar de uma sistemática burocrática e banal.
          Em cada passo, cada caminhar, cada lugar, fui deixando para trás os sonhos. Olho para trás e vejo lembranças, maravilhosas lembranças. Enquanto olho para a frente e vejo escuridão.
          Não posso culpar os discursos enganadores, falsas promessas, palavras mentirosas, propostas ilusórias. Fiz as escolhas, tomei as atitudes.
          E quanta decepção.
          Resta-me acordar nas madrugadas e lamentar, tentar encontrar uma solução, uma saída deste labirinto, um túnel sem fim., onde cresce um vírus do desânimo que alimenta a depressão que vai apagando do quadro o giz que escreveu uma história de comunhão, tornando em desconfiança e falta de fé; ficando apenas num quadro negro.
          Obscuro.
          Tudo isso só faz viver dentro de mim uma saudade, enchendo de ar como um balão prestes a explodir como no Big Bang querendo iniciar um novo mundo, uma nova vida à procura do seu sol para que ao seu redor possa orbitar!

"...o sol da justiça se levantará trazendo cura em suas asas. E vocês sairão e saltarão como bezerros soltos no curral..."
(Malaquias 4:2)


Wagner Pires