segunda-feira, 23 de novembro de 2015

domingo, 15 de novembro de 2015

REINO DE MARVÃO



O reino dourado do rei João
Com sonhos prateados, viaja na sua imaginação
Rosto amarelo, pálido, muito assustado, estourou o rojão
Assina um decreto com o lápis roxo que está à sua mão
Mandou pintar o céu de azul para voar o avião
Apagar o cinza, porque é muita depressão
Laranja é cor, é fruta é o sol na imensidão
O vermelho pulsa o coração
No jardim do castelo brota o rosa do botão
E no marrom, joga-se bola lá no terrão
Caramelo é o nome do seu cão, valente como um leão
Preto e branco: seu irmão
O rei adora se vestir de verde limão para chamar a atenção
Desfilando com Violeta, a rainha, sua paixão
Morena bronze, cor do verão
Montando Turqueza, égua veloz como um furacão
História desenhada e rabiscada em grafite o lápis de carvão
Uma caixa de colorido lápis num reino sempre em construção


por Wagner Pires, in Reino de Marvão para Colorir

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

FOTOGRAFIAS


No porta retrato outra fotografia
Fazendo companhia a outros acontecimentos
Negativos revelados revelam momentos
Do dia a dia do COTIDIANO
São contos sem legendas
Com início e sem um fim
Eterno percurso pela galeria de arte da vida

Arte de viver uma imaginação
Ao observar cada foto
Fazendo exercitar a mente
Puxar na memória o fato ocorrido
Geralmente por motivos felizes
Comemorações, lugares, pessoas, ocasiões...
Em viagens ou visitas, mudanças.....talvez

Mudanças aparentes provocadas pelo desgaste do tempo
Brota no coração o sentimento de saudade
Escorre uma lágrima, abro um sorriso
Lembranças do passado, esperança para o futuro
Impressão em preto e branco deste colorido mundo
Telas pendurados na parede, ou esculturas espalhadas pelos móveis
É o meu museu particular contando minha própria história


Wagner Pires

domingo, 8 de novembro de 2015

COMBOIO FORA DOS CARRIS


No banco, sentado na estação, aguardando meu embarque. Trem ainda parado, estacionado, pronto para levar-me sem destino por este mundo sem rumo e direção.

Desce a serra a caminho do litoral. Ambiente selvagem e cosmopolita. Na água só até a margem, brincar e correr na fina areia da praia. Rápida parada, rápida visita, de volta, me aguardem.

Subindo a serra, de volta à metrópole, a mesma correria de pessoas que se esbarram e ignoram, congestionamento em dias de sol nublado pela fumaça. Circulando de estação em estação para agilizar o crescimento, em desenvolvimento com o envolvimento, população que cresce e padece: já não tem mais os seis ou sete, já passa dos dez.

Novamente prefere descer através do nevoeiro da serra rumo às praias. Tempo ruim, trovoadas, chuvas e mal dá tempo para uma longa parada, apenas fazer um lanchinho. Lugar cheio de turistas, alguns em ônibus fretado para a farofada deixando um retrato lotado.

Inquieto, subindo ao ponto de partida, indecisão de um maluco turismo de idas e vindas, sem precisão e definição. Novamente a cidade já não é a mesma, outros ares, outras cores, com novas caras: cara de política, em formação e orientação, com capacidade de opinar e criticar; muita crítica. 

Personalidade de exigência devido a inteligência. Criou sua trilha sonora, carros sempre velozes, com presa acompanham esta musicalidade que segue sem idade. Faz o coração marcar o compasso na batida do som grave, fazendo jorrar combustível pelas veias. Cidade de duas paixões para muitas outras paixões.

Paixões impiedosas que trouxe desilusão. Mesmo assim segue seu rumo em prumo sobre os trilhos, firme sem descarrilhar. Contratempos que fazem atrasar a viagem, exigindo reparos e manutenção. Envelhecendo sem enferrujar, apenas reciclar, recriar, refazer, outra vez.

Refazendo a ideologia, na seriedade, compromisso, um brilho especial, limpeza com óleo, lustrado, atualização do sistema operacional, sempre atualizado, pontual. Controvérsias nas conversas. Funcional e eficaz. Planejava prosseguir num TGV atravessando as fronteiras.

Outros passageiros, nova rotinas, diferentes visitas. Percorrendo os caminhos do interior do Estado, mudando o estado de espírito. Aguerrido, valente e corajoso. Cidades cada vez mais distantes, entre grandes e pequenas prósperas, urbanas e rurais. Verificando o gado nos currais, conhecendo o desconhecido.

E por falar em desconhecido, navegou para algo nada, até então, parecido. Navegando em águas internacionais de diversos idiomas e alguns dialetos, seu lugar predileto. Assustador, intrigante, queria que fosse permanente. Romance após o romance interrompido, sofrido. Quase que ali, partiria para aposentadoria, viraria história de uma peça de museu retratada em poesias, prosas e crônicas. Algumas situações cômicas, outras dramáticas, a problemática.

Roteiros de uma rotina mal elaborada, itinerário mal planejado, pouco orquestrado. Restou atrelar um único vagão e voar ao passado. Pouco abastecido, carregando poucas bagagens, prosseguindo pelo mundo que ficou desconhecido.

Estradas não trafegáveis; sem recursos, sem manutenção, acabou a emoção. Ficou pesado, sobrecarregado, mesmo estando solitário sem passageiros e acompanhantes. Ia à frente a velha Maria Fumaça movida a vapor sujando, com o carvão, o rosto do condutor. Puxava o tender cheio de combustível para queimar na fornalha, jogado pela pá do assistente no árduo e solitário trabalho.

Com pouco vigor, cansado e agora enferrujado, segue nos trilhos, também enferrujados, sobre dormentes danificados; olhando no retrovisor para não perder o passado de vista. Atentando ao túnel que se aproxima, pouco iluminado, escuro, imprevisível caminho, perplexo com sonhos obscuros só restam lamentos. Com esperança, que ao final deste túnel, Maria Fumaça e seu reboque, reencontrem sossego num turismo de amor e alegria.


Wagner Pires