quinta-feira, 22 de setembro de 2022

FALÁCIAS E FALÉSIAS

imagem: http://egyketmondat.blogspot.com/2018/01/sotetben.html?spref=pi


Disseram que era lua nova, m
as de novo não havia nada
Pelo contrário, era tudo antigo, voltamos no tempo
Aliás, no poder continuam os mesmos idosos
Impulsionados pelos fervorosos religiosos
Me sinto na Idade Média - hipócritas inquisitores
E, por ironia, até vivemos uma pandemia
Nestes tempos de influenciadores, a Terra é plana, a inteligência é rasa
Muita lorota
Idiotas

Bate aquela fome, a geladeira está vazia
A luz do lampião ajuda a cozinhar à lenha no velho fogão
O menú está farto: pé de galinha acompanhado por quebras de arroz
Com o carro na garagem encostado, ir de charrete ao mercado
Em embalagem descartável reutilizada, compra um litro de soro de leite
Alguns ovos subistituem a carne neste cardápio, sem nenhum deleite
Os preços aumentaram
As embalagens diminuiram

Uma gritaria: "mãos para o alto"
Seria um assalto?
Sim, o pastor pedindo aos fiéis para orarem pelo pobre presidente
Demente
Um dia será cobrado por esta atitude inconsequente
Barganha-se livros por propina
Em barras de ouro
Dinheiro roda em pneus Michelin
Em direção aos pastores da Michelle

Fecham as escolas, demitem a ciência, arquivam os projetos
Da mesma forma fecham-se as casas de espetáculos
Shows apenas nas praças das cidades: "obrigado sr. prefeito"
Desde que agrade ao seu gosto musical
Ou seria eleitoral?
Estes são alguns exemplos de muitos fatos
A imprensa ainda omite alguns relatos

Nestes anos foram tantas as polêmicas
Diárias
Que afetou a todos de forma sistêmica
Um incapacitado, um pária
Em tudo pôs sigilo
Um chorumela para esconder suas falcatruas
Sua e de seus pupilos
Tudo pago em dinheirio vivo
Deixando uma sociedade morta

Enfim, estamos prestes a chegar à este fim
Foram tempos difíceis
Suado, desgastado, cansado
Em tempos virtuais, está tudo registrado
As verdades ficaram esculpidas nas falésias da história
Não se pode esconder estas muitas falácias
Poréma lua será crescente nesta noite de véspera
Crescer, é o que se espera


"...também nos gloriamos nas tribulações; sabendo que a tribulação produz paciência, e a paciência a experiência, e a experiência a esperança. E a esperança não traz confusão..." Romanos 5:3-5


por Wagner Pires
in, Silêncio, O Culto 




quinta-feira, 15 de setembro de 2022

FERROLHO



Quem sou
Para onde fui, ou para onde vou
Quem se importou?
Talvez aquele que achou que se prejudicou
Porque não se beneficiou
Mas não se beneficiou porque apenas gritou
Bradou, blasfemou, ofendeu, xingou e não dialogou
Tudo à seu bel-prazer forjou
Arrogância, não se curvou
Agressivo, nunca esteve em meio campo analisando a jogada, sempre atacou

O outro, nem hesitou
De tanto que cutucou, cutucou
Que o prazo de validade expirou
Sua paciência se esgotou
Estufou o peito, o mundo enfrentou
As dificuldades encarou
Driblou e passou
Por fim, se exilou
Mas sua bandeira hasteou e ela tremulou
Triunfou

Em seu caráter, um decreto determinou e assinou
Para a sua memória emoldurou
Retornar, nunca cogitou
Pôs um fim, acabou
Do passado inglório nada sobrou
Nem mesmo aquela a quem lhe rejeitou
Esta, ele alijou
Nem a humilhou
Apenas a tensão em sua consciência abrandou
E, em seu definitivo repouso, hibernou


"Ninguém desprezs a tua mocidade; mas sê o exemplo dos fiéis, na palavra, no trato, no amor, no esp[írito, na fé, na pureza. Persiste em ler, exortar e ensinar, até que eu vá." 1ª Timóteo 4:12-13


por Wagner Pires
in, Crônicas de Um Andarilho





sexta-feira, 9 de setembro de 2022

EU E MEU CÃO





Com nossa identidade peculiar
Não queremos ser avaliados, muito menos em avaliar
Olhamos as janelas que o mundo nos oferece
Firmamos nosso planejamento como nossa prece
Sempre com os pés prontos para enfrentar a estrada
Nunca definimos a nossa última parada
Meu fiel amigo segue o curso da vida e encontra uma linda donzela
Seguir-nos aquela com delicadeza e perfume de macela
Alegrando nosso COTIDIANO desta alucinada jornada
E assim, nesta caminhada
Seguiremos em firmes passadas
Mesmo que as circunstâncias nos tragam algumas pauladas


por Wagner Pires
in, Crônicas de Um Andarilho

quinta-feira, 8 de setembro de 2022

SINFONIA

imagem: https://www.canon.co.uk/get-inspired/tips-and-techniques/macro-photography-tips/?epik=dj0yJnU9SUtQNUJUUzdXdlRMODNESUd4dG9WS20yTWczb1BreDcmcD0wJm49aFJGc1pIYnVxR2l5OGhZOTB2MnBrUSZ0PUFBQUFBR01ZNmdF



De sol a sol
Trabalho, muito trabalho
Mas continuo só

De verão em verão
Tudo é um intenso inverno
O benefício do trabalho, muitos nem verão

Dia após dia
Segue sempre a mesma rotina
Por aqui estou de passagem, fazendo uma estadia

De hora em hora
Não é o resultado da telesena, uma pena
Não precisaria contar as horas para poder ir embora

É um passo a passo
Tendo que controlar a ansiedade
Para não perder o ritmo do compasso

Notas em notas
Trilha sonora num acorde
Comemorando a vitória sobre a derrota



"E, quando isto que é corruptível se revestir da incorruptibilidade, e isto que é mortal se revestir de imortalidade, então cumprir-se-á a palavra que está escrita: Tragada foi a morte na vitória."
1ª Coríntios 15:54



por Wagner Pires
in, Silêncio, O Culto






quarta-feira, 7 de setembro de 2022

O FAROL

         

crédito da imagem: Dawna Moore Photography
https://1lifeinspired.tumblr.com/post/690580394483056640


          Os muitos anos foram se passando, o Farol, prostrado sobre a Rocha, sempre esteve à espreita para guiar o caminho. Porém os navios foram atravessando sem aportar, sem se importar.

          Navegavam ao viés. Seguiam em caminho de ida, caminho de volta, e o Farol ficando pelo caminho, sem nenhum carinho. Sem a companhia do navio, o lugar ficava vazio, aos pés do Farol onde ele repousaria.

          Ensurdercedor gralhar de gaivotas e outras aves a rodearem, quando da procura de alimento e descanso, e até mesmo no ritual para acasalar, era o que constrastavam com o agitar da maré. Ao lado, o mato crescendo servindo de pasto e abrigo.

          Estes agitar das ondas, causadas pelas travessias, fez com que a Rocha fosse perdendo a força, definhando, o Farol desmoronando, quase acabando. Enquanto isso, suas luzes foram enfraquecendo, se apagando, com muita garra para que seus espelhos refletores ainda pudessem mandar um sinal de condução e proteção. O olhar a procurar, a querer guiar o rumo e a direção.

          Vinha a chuva, em fortes trovoadas, erguia-se o sol com intenso calor. O sol se punha e surgia a lua, brilhava as estrelas, ou escondiam-se atrás das nuvens. Os lábios secaram. Não mais teve a oportunidade de lançar o beijo do despertar: "acordar e zarpar, hora de trabalhar".

          E assim, independente de navios ou barcos, se o tempo estava forte ou fraco, o Farol, sentinela solitário, no seu COTIDIANO, não abandonava seu posto, mesmo tendo sua base se transformado um charco.

         Emblemático, não perde seu caráter de ser empático em seu trabalho nem sob densa neblina nem refrescante orvalho.



por Wagner Pires
in, Crônicas de Um Andarilho