quarta-feira, 7 de setembro de 2022

O FAROL

         

crédito da imagem: Dawna Moore Photography
https://1lifeinspired.tumblr.com/post/690580394483056640


          Os muitos anos foram se passando, o Farol, prostrado sobre a Rocha, sempre esteve à espreita para guiar o caminho. Porém os navios foram atravessando sem aportar, sem se importar.

          Navegavam ao viés. Seguiam em caminho de ida, caminho de volta, e o Farol ficando pelo caminho, sem nenhum carinho. Sem a companhia do navio, o lugar ficava vazio, aos pés do Farol onde ele repousaria.

          Ensurdercedor gralhar de gaivotas e outras aves a rodearem, quando da procura de alimento e descanso, e até mesmo no ritual para acasalar, era o que constrastavam com o agitar da maré. Ao lado, o mato crescendo servindo de pasto e abrigo.

          Estes agitar das ondas, causadas pelas travessias, fez com que a Rocha fosse perdendo a força, definhando, o Farol desmoronando, quase acabando. Enquanto isso, suas luzes foram enfraquecendo, se apagando, com muita garra para que seus espelhos refletores ainda pudessem mandar um sinal de condução e proteção. O olhar a procurar, a querer guiar o rumo e a direção.

          Vinha a chuva, em fortes trovoadas, erguia-se o sol com intenso calor. O sol se punha e surgia a lua, brilhava as estrelas, ou escondiam-se atrás das nuvens. Os lábios secaram. Não mais teve a oportunidade de lançar o beijo do despertar: "acordar e zarpar, hora de trabalhar".

          E assim, independente de navios ou barcos, se o tempo estava forte ou fraco, o Farol, sentinela solitário, no seu COTIDIANO, não abandonava seu posto, mesmo tendo sua base se transformado um charco.

         Emblemático, não perde seu caráter de ser empático em seu trabalho nem sob densa neblina nem refrescante orvalho.



por Wagner Pires
in, Crônicas de Um Andarilho




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