terça-feira, 30 de dezembro de 2014

S.O.S. BRAZIL




1.    O Brasil precisou de milhares de anos para ser descoberto e conhecer a civilização globalizada e comercialmente organizada, em 1500.

2.    Levaram 322 anos para ter sua independência e deixar de ser explorado e colonizado.

3.    Acrescenta-se a isso mais 67 anos para se tornar uma República com uma Constituição.

4.    Neste intervalo teve a libertação dos escravos.

5.    Somente após aproximadamente 40 anos da primeira constituição adquiriu direito ao voto direto, voto da mulher, INSS, CTPS, 13 salário...

6.    75 anos da instituição da Republica surgiu a ditadura trocando todos os direitos pelo direito de se calarem por mais de 20 anos, e depois disso retomando o direito de voto, elegendo um operário ao poder, sendo posteriormente substituído pela primeira mulher na presidência.

          Seria uma linda história se não fossem os fatos de continuarmos a ser explorados como nação por nações mais ricas em dinheiro, poder e influência mundial. E por eles ainda somos dependentes e colonizados, levando nossas riquezas minerais e florestais a baixo custo.

          Ainda passamos despercebidos no mundo. Só fomos descobertos pelo mundo apenas pelo futebol e carnaval, ou escândalos e tragédias. Algumas pessoas menos curiosa e interessada nem sabe a localização geográfica do Brasil.

          Explorados como cidadãos pelo próprio governo corrupto por herança que nos impõe uma ditadura fiscal-financeira. Escravizados por baixos salários causando um abismo entre as classes sociais. Levando a criminalidade a índices assustadores. Um povo ainda não civilizado, com uma cultura difícil de se descrever em palavras do famoso jeitinho de querer levar vantagem em tudo. Mentalidade mesquinha, egoísta, medíocre e miserável. Sem capacidade até de saberem eleger seus governantes. República corrupta presa numa constituição burocrática e ultrapassada por conveniência.

          Existe uma lei da natureza em que os cientistas dizem que "a evolução procede o caos", no Brasil esta lei natural é que "a destruição precede o caos".

          Socorro, o Brasil precisa ser redescoberto.


Wagner Pires

sábado, 27 de dezembro de 2014

FLOR DE CRAVO ROXO





O sonhador que desistiu de sonhar
Sonhador incompreendido
Sonhos incompreensíveis
Sonhos que não se realizam
Realidade que é incapaz de mudar
Refém da sociedade
Sem oportunidade
Não importa a sua vontade
Nem tão pouco a necessidade
Levado para onde não quer ir
Preso no seu pequeno espaço
A mente já não vagueia pelo espaço
De onde não consegue fugir
Se iludir
Fazendo o que não quer fazer
Um vegetal preso à própria raiz
Alimentado à mercê do tempo
Quando a chuva cai
O regador vira o regador
Prazer às custas das aves
Poder copular
Seu vigor é extraído pelos insetos
Verdadeiros sanguessugas
Lei da natureza
Caçador e sua presa
Nesta escala da cadeia alimentar
Não vence o mais forte
Vence quem detém o poder
Poder egoísta sem respeito
Mundo presente com perspectiva ausente
Ilusão em vão
Tudo é decepção
Sem darem uma outra opção



Wagner Pires
in, Roteiros de Um Rotina

sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

OBRA DE ARTE EM TODAS AS ARTES




Corpo perfeito
Uma escultura esculpida
Expondo esta bela obra nua
Nua da cor do gesso
Pintado com lindos traços
Quadro na vernissage
Grafite em tons de cinza

Musicalidade esta doce voz
Tocadas ao pé do ouvido
Melodia orquestrada em todos acordes
Descrever-te em palavras
É um romântico poema
Transformando em canção
Canção para sonhar

Com amor e prazer
Movimentos sensuais
A dança é o jogo
Dançando coreografado
Improvisado, bem elaborado
Apaixonante e sedutor
Convite para dançar a dois

Amar-te como no filme do cinema
Para não ter intervalos
Dure como uma trilogia
Temporada d´uma peça teatral
Em anos sem fim
E seja uma fotografia
Preservada no álbum da eternidade


Wagner Pires
in, Crônicas de Um Andarilho



A CASA ABANDONADA





          Cortinas caídas balançam ao vento. Nas janelas, os vidros
partidos, pendurados, cortantes. Afiados, prontos para ferir. Línguas
afiadas, ferindo.
          Portas e janelas rangendo, parecem Hitchcock em seus filmes de suspense. As decisões paradas, ficaram todas suspensas. Range os dentes,
de ira.
          Com roupas largadas, jogadas aos cantos. E o canto que se entoa é de amargura. Palavras amargas de agressão e opressão; espanta quem pela casa passa, e fica ainda mais solitária.
          Jogado no velho colchão, fico adormecido no sofá partido. Sonho perdido, igualmente ao animal esquecido. Idoso, o ainda fiel companheiro. Enfermo, até a morte chegar, enrolado e aquecido pelo desbotado cobertor, fica em algures na sala.
          Teias nas paredes, reboques caem. O ânimo cai em sua companhia. Paredes que carregam as marcas do tempo: escuras do suor das mãos de quem ali passava. Na agitada casa, de lembranças e lambanças, estendem-se as teias do descaso, a poeira na solidão.
          Assustador gotejar das torneiras e o piscar das luzes. Cenário deterror. Horrorizado pelas fatos.
          Panelas deixadas sobre o fogão. Gorduras ficaram escorridas pelochão. Todos saíram em disparada. Um disparate, fugitivos deixaram rastrospela confusão.
          Casa abandonada em seus problemas. Esquecida pelas contendas e divergências. Assombrada pelos fantasmas do desrespeito. Morta nos
pecados sem relatos.
          À espera da volta dos moradores, seus mercadores. E sem emoção, fica a comoção pela destruição. E a idade avança. Um dilema que vem de anos, e que me cansa.
          Casa movimentada, porém abandonada.


"Melhor é serem dois do que um, porque tem melhor paga do seu trabalho. Porque se um cair, o outro ajuda seu companheiro..." Eclesiastes 4:9-10a


por Wagner Pires
in, Crônicas de Um Andarilho, Dec 26th, 2014


quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

DIGITE 190 - EMERGÊNCIA





          Quente noite de verão resolvo sair por aí, dar umas voltas.

          Apressadamente tento abrir o portão da garagem através do controle remoto, mesmo estando dentro do carro, todo fechado, os vidros são blindados. Afinal, o risco de assalto é elevado, alguém poderia chegar a invadir minha casa e me levarem dentro do carro. Mesmo num sossegado bairro de classe média.

          Vou apenas dar um ligeiro passeio pelo bairro para espairecer os pensamentos que ficaram sobre o telejornal que acabara de assistir: "professora assassinada após sacar dinheiro no banco" - a famosa saidinha do banco.

          Vou admirando as luzes das decorações do natal que se aproxima, sempre atento a qualquer movimento suspeito, obrigando-me a não parar em cruzamentos. Percebo um cidadão com passos apressados, cabisbaixo, olhando para todos os lados: seria ele um bandido desconfiado, ou um trabalhador em direção à sua casa após um longo e extenuante dia de trabalho com medo de ser uma próxima vítima?

          No semáforo da próxima esquina verifico um motoqueiro que me ultrapassa bem acelerado, seguido por um outro motoqueiro, suspeitos? Difícil, hoje em dia todos são suspeitos. É muita facilidade de se roubar uma moto, principalmente as mais cobiçadas. Ou de ser assaltado por alguém numa moto. Ninguém está seguro.

          Em direção ao centro da cidade as calçadas são verdadeiras moradias. São indigentes e usuários de drogas. Homens, mulheres, crianças, famílias inteiras. Entre eles se misturam aos desempregados e desalojados; sem recursos e sem emprego, alguns até mesmo sem família. Entre eles, porém, muitos que tem ou poderiam ter a sua família, com recursos financeiros e casas, mas abandonaram tudo em troca do vício. O risco de caminhar a pé é terrível.

          Ao longe, no caminho de volta, escuto um forte estrondo, mais uma pequena cidade do interior invadida. Banco explodido, caixa eletrônico arrombado. Cenário de guerra: rajadas de tiros, armamento militar pesado, que espanta a única viatura militar em ronda. Intimidando o pequeno e solitário posto policial, clamando por reforço. A cidade está sitiada como nos faroestes hollywoodiano, onde o pobre xerife fica entrincheirado entre os arbustos.

          Sirenes, gritos, choro e dor ao ver uma criança caída, atropelada por um grupo de adolescente que conduziam seus carros em alta velocidade, sem carta e alcoolizados. Fugiram sem prestar socorro.

           Gritos de socorro, uma bala perdida atravessou a janela e atingiu a mãe de família que dormia para poder levantar-se cedo no dia seguinte, para pegar o trem lotado às cinco da manhã e dirigir-se ao trabalho. Seu salário é pouco mais que o mínimo para sustentar seus três pequenos filhos, abandonados pelo pai alcoólatra e violento.

          No hospital, ela fica deitada numa maca, no corredor, ferida e sangrando, aguaradando os primeiros socorros, ali ao lado do idoso aposentado enfartado.

          A bala perdida partiu da correria dos torcedores na saída do estádio de futebol. Rojões, paus, armas brancas, armas de fogo, cenário das arenas medievais. Cidadãos descompromissados com a sociedade. A paixão pelo time de coração é a mentira encontrada para camuflar mentes doentias com atitudes animais e selvagens dos tempos das cavernas.

          Outra ambulância encosta, e desta vez trazendo um policial à paisana. Estava planejando seu casamento com a namorada no bar do bairro, baleado sem ao menos ter reagido, apenas por ter sido identificado como policial.

          Carros roubados, lojas saqueadas, empresas invadidas, traficantes nas esquinas. Tudo isso não é o relato de um roteiro de um programa sensacionalista da televisão, muito menos uma produção de Hollywood, é a rotina de qualquer cidade, seja ao norte, ou seja ao sul. Não escapam as pequenas muito menos os grandes centros. Isto acontece na casa ao lado, na avenida à frente, na rua de trás, no bairro vizinho, na próxima cidade.

          Nesta guerra entre o nobre e o pobre não há vencedor, são todos vencidos, corrompidos. Observados pelo mediador, que só lamenta a estupenda dor. 

"Busquem, pois, em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas lhes serão acrescentadas." (Mateus 6:33)

         

Wagner Pires
in, Roteiros de um Rotina

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

UM DIA NA CHUVA




Chuva que cai levantando cheiro de terra
Cheiro de terra molhada
Cheiro do interior, do mato, aves e animais
Paisagens e montanhas com riachos e florestas
Que abrigando aves molhadas
E debaixo de suas assas se encolhem
Se protegem, se escondem
Animais entocados tocaram em debandada

Chuva cultivando a semente que dará o jantar
Vai para o fogão a lenha cozinhando o cozido
Fumo que sobe da madeira ardente
Arroz queimado grudado no fundo do tacho
Rede esticada no terraço

Barulho da chuva pingando do telhado
É a percussão da bateria quando bate sobre a velha lata caída ao chão
A mesma que serve de prato para o alimento do adormecido cão
Fiel companheiro guarda costas do casebre da roça

Canto do vento soprando e assobiando
Rasgando pelas paredes dos sobrados das vielas
Balançando galhos que derrubam suas folhas
Mangas e jacas que não resistem e perdem suas forças
O jantar do gado que pasta e tranquilamente desfila

Um menino corre molhado, brinca e se diverte
A chuva faz encher a represa para se banhar e perfumar
Mata a sua sede
Hora de voltar e descansar
Tempo de dormir
O cair da chuva que traz frescor no verão

Noites quentes e corpos nus abraçados
Em suaves movimentos de prazer
Proporcionado pelo tranquilo e oportuno som da chuva
Sobe o cheiro do suor dos corpos agitados
Suspiros e gemidos ropem este silêncio da chuva da madrugada

Madrugada que segue seu caminho em sua rotina
Observando a escuridão vazia das ruas
Esperando se despedir ao raiar do dia
No cantarolar do galo
Grito desesperado para acordar a cidade
E assim, sair às ruas barrentas, pisando nas poças
Viver um novo dia
Criando um enredo para este meu roteiro escrito até a despedida


Wagner Pires
in, Crônicas de Um Andarilho

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

DISCURSO DE JONAS




Vida pelo mundo nem sempre imundo
Minha vida, meus ideais e meus sonhos
Buscá-los com trabalho e a razão
Caráter: não basta o bom caráter e bom comportamento
Encontros e desencontros sempre ocorrerão
Amores e romances acompanham as aventuras
Vida bem vivida e divertida com alguma fartura
Pagando a fatura do COTIDIANO que cobra caro
O preço alto exige desgaste da alma e do corpo
Em busca de felicidade de onde não trará alegria

Continuo vagando pelas ruas
Ao virar da esquina você estava lá
À espreita acompanhando meus passos
Cambaleante e você para me amparar
Tutor segurando-me pela mão
Para eu poder seguir com as próprias pernas
Era apenas uma criança que não sabia ouvir
Faltava-me compreensão
Como tolerar a adversidade da injustiça intolerante
O amadurecimento teria que ser doloroso

Não compreendi e desisti na impaciência
Dureza como uma rocha
Fechei-me na minha vã sabedoria
Que não foi capaz de levar-me a lugar algum
Luta do interior e lutas exteriores
Perdido sem rumo afrontava as circunstâncias
Destruí-me em cobiça e desejo
Armava a armadilha para destruição própria
Vingança derrotada não pela covardia
Pela coragem e humildade de reconhecer meus erros
Um retorno arrependido da minha revolta
Coração de rocha derretido como lava ardente
Escorria pelo rosto não por tristeza
Lágrimas de desejos de querer caminhar
Realidade vivida em longos anos
Peregrinando pela terra em conhecer tua cultura, sua figura
Palavra que ouvia e repetia como no ressoar de um sino
Afinado e em simultânea sintonia
Nem mesmo um beijo no meu rosto e a arma espetada na mão
Permitiu mudar o ritmo da nossa canção

Porém ficou desafinado e desencontrado
Caminhos opostos em direções erradas
Vontades enganosas por vozes sem conhecimento
Confundido pelos meu solitário sentimento
Tudo virou um deserto sem fim
Perguntas, dúvidas, incertezas, descrenças
Encrencas que restaram no silêncio e escuridão
Registros que são contados e calculados num calendário
De lembranças que ficarão na memória que não se apaga
Dividindo espaço com os mesmos velhos sonhos


“...É razoável a tua ira por causa da aboboreira?”
(Jonas 4:9)



Wagner Pires
in, Roteiros de Uma Rotina

sábado, 20 de dezembro de 2014

TRANSFORMAR-SE NO COTIDIANO




          Reinventar, reinventarmos, reinventar-se. Conjugando a palavra da moda que em seu significado traduz uma transformação, transformar devido às circunstâncias voluntária ou involuntariamente.
          É começar novamente do zero depois de um fracasso profissional: mudar de ramo, de setor, de empresa.  É começar do zero depois de uma decepção amorosa, neste caso, às vezes, começamos do negativo, abaixo de zero. É começar do zero em outra casa, ou talvez numa nova cidade, ou quem sabe em um outro país. E assim vamos nos reinventando.
          Reinventar é inventar uma coisa que já existia e colocar uma outra roupagem interna e externa, totalmente diferente para o mesmo objetivo: felicidade.


          Pegamos a nós mesmos jogamos num caminhão de sucata. Separa, tritura, vai para a moagem, lava para tirar todas as impurezas da alma. Sobrou pouco, mas é o suficiente para reciclar, ficar o que está bom, o que é correto e tornar a forma original com coisas novas, aprender.
          Reciclar é estudar constantemente, aprendizado: cultura.
          Modernizando-se nesta cultura: em caráter, conhecimento e atitudes. Atitudes num comportamento para amar.


          Agregar, somar, crescer, expandir, conquistar. Subir para um estágio maior é fazer um up grade, um plus na vida. Plus é o sinal de adição: mais (+). É ter além daquilo que já se adquiriu. E não apenas em bens materiais.
          Adquirir mais conhecimento, atitudes maiores, mais amizades, mais bens, mais vitórias e conquistas. Lutando por coisas novas tanto no mundo físico: visível e palpável, como no abstrato: do caráter, sentimental, a alma, para ser próspero.


          Porém o tímido é deprimido na sua ignorância da pequenez e não lhe permite começar novamente. Desiste, prefere contar seus últimos dias a espera da morte dos sonhos, ideais, objetivos, desejos, necessidades. Vegeta. Um vegetal que sobrevive através do tempo e do clima sem forças e sabedoria para buscar conhecimento para reinventar a vida, e vive infeliz.
          O arrogante na sua presunção morre na ignorância de sua teimosia acreditando que nada e ninguém é capaz de lhe dar uma nova versão da vida para que possa aprender. O mundo tem que se adaptar a ele, mas ele não quer se adaptar ao mundo. Não se recicla e seus pensamentos e discursos são os mesmos de 20, 30, 50 anos atrás. Não consegue amar e ser amado.
          Medo acompanhado de preguiça, covardia, conformismo são ingredientes de uma vida estagnada, morna, medíocre. Como vencer se não enfrentar as lutas diárias; fica com seus discursos de desculpas e mais desculpas. Fica na janela do mundo vendo-o passar. Não luta e não deixa lutar porque os pés estão cimentados na sua rotina de uma visão pequeno e limitada em fronteiras, não permitindo ser próspero.

          Transforme o COTIDIANO para a felicidade, amor e prosperidade, com simplicidade, honestidade e respeito.

          Feliz Natal. Feliz dois mil e sempre.


Wagner Pires


domingo, 14 de dezembro de 2014

RETRATO PINTADO





Preparo a tela
Coloco sobre o cavalete
Ao lado a palete de tintas
Na mão direita, quase trêmula, seguro o pincel
Trêmula por apreciar tua beleza
Minha inspiração
Minha musa, sedução
Nua adormecida sobre a cama
Terminar esta tela em borrões
Para ao teu lado me deitar
Abraços apertados
Corpo perfumado, delicado
Delicadeza em porte e em charme, meiga
Fazendo dengos e manhas
Doce beijo
De lábios rosados, bem feito
Não cansar de beijar-te
Meus dedos se enroscam
Nos cabelos dourados e cacheados
Descendo e deslizando
Acariciando, provocando
Meus olhos admirados fixam-se
Ora na tela, ora em ti
Esboço cada curva
Cada traço, cada linha
Perfeição nos teus detalhes
As cores misturam-se, confundem
Assim como confunde os meus sentimentos
Mistura de amor, paixão, prazer, desejo
Não tenho pressa de acabar esta pintura
E ficar te admirando
Tenho pressa para te amar
Ter você sempre junto a mim
Este quadro fixado em minha parede
Tua face fixada no meu olhar
Uma imagem fixada em meus sonhos
Uma história fixada na minha memória

Wagner Pires
in, Crônicas de Um Andarilho

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

REGRA





Regras são as minhas regras
Regras criam as regras
São criadas para governar
Regras impõe autoridade
Àquele que detém o poder
Autoritário e corrupto
O ditador sem regra
Sou contra as regras
Não sou contra as leis
Leis lógicas, justas e perfeitas
Nos fazem cumprir as regras
Para chegar à perfeição
Assim não será necessário o sistema
Nem sempre o sistema é perfeito
O sistema perfeito é justo
Mas onde está a justiça
Só vejo interesses
Devemos comprovar
Fazendo a regra de três
E mesmo assim, continua sem solução
A solução é fugir às regras
Dar ordens ao contra-regra
Para que ele execute as regras



Wagner Pires
in, Crônicas de Um Andarilho

domingo, 7 de dezembro de 2014

O GAJO

   


                 Eis que surgiu na Madeira. Ilha cercada de sonhos e ilusões, que não foram desilusões. A ilha dos sonhos da bola, sua companheira fiel e inseparável desde a infância. Com a bola, o menino brinca com alegria, leveza, parecendo um velejador competindo em alto mar, e o vento soprando com as velas ajustadas e apontadas para a direção certa: navegar pelo mundo e conquistar a fama e o sucesso.

          Ainda verde, verde como as cores do Sporting Clube de Portugal, já demonstrava o empenho e dedicação no seu talento nato nos gramados lá de Alvalade. O dom de dar espetáculo, dribles desconsertantes, habilidade de um free styler do street soccer, com agilidade de um atleta velocista nos 100 metros rasos, chutes precisos como se fosse um jogador de basquete arremessando na linha de três pontos. Coloca a bola onde ele quer como se a colocasse delicadamente com as próprias mãos dentro do gol. Seu chute é a tacada precisa de um golfista acertando a dezenas de metros o minúsculo buraco.

          A bola chega a colar em seus pés como na coreografia da ginasta em competição de solo, mesmo carregando a bola com a velocidade de um nadador em 50m em estilo livre. E ele corre livre perseguido pelo seu oponente.

          O menino verde foi amadurecendo e ganhou cores vermelhas do Manchester United, os Red Devils, mas o puto foi enviado por Deus para alegrar os amantes do esporte, aqueles que admiram um belo espetáculo. Conquistou a Inglaterra, o império Britânico. Lugar de onde partiu para também reinar no mundo: bola de ouro, bota de ouro, títulos e muitos troféus. Este mundo viu o determinado e destemido menino que já não era mais um rapaz.
          
          Temido pelos adversários. Amadureceu ainda mais para ganhar a camisola vermelha da sua seleção portuguesa. Capitão desta nau navegando em mares verdes de gramados em busca de novas descobertas lusitanas.

          O vermelho foi desbotando com a experiência do sempre dedicado e extremamente profissional até tornar-se branco da realeza madridista. Por lá, transformou-se ainda mais num demolidor, um gigante de números impressionantes, devastador de recordes. Atropelando estatísticas da mesma forma que atropela os zagueiros.

          Nesta realeza que é composta por um batalhão perfeito para enfrentar as lutas contra seus imponentes adversários. Este batalhão formado por uma legião de estrangeiros, são precisos como os corredores atletas no revezamento 4x100m passando o bastão. Passes na medida certa, tanto da direita, como da esquerda, seja de que lado venha, até vindos do seu próprio campo em longa distância como o lançamento de um dardo, não importa, eles correm em contra ataque e o final é um tsunami: gol. Dele, ou passe dele para os seus companheiros, gol, ou melhor, os gols. Muitos gols: hat tricks, muitos em sua carreira.
          Pé esquerdo, ou direito, cabeceio, tiros à distância com as faltas em seu ritual que inclui até a olhadela no telão para admirar a sua aparência, um ajuste no cabelo, um ajuste na bola, passos contados para trás: é mais um gol certeiro, sem piedade com os guarda-redes. A bola foi chutada como um meteoro, a força, velocidade e direção, a mesma de uma cortada de um atacante nas redes do volleyball, o seu tomahawk de mais de 100 km/h.

          O gajo é vaidoso, conquistador até de corações, fãs espalhados pelo planeta, não necessariamente o planeta bola, de todas as partes, raças, idades. Admiradores do talento com a bola e da língua afiada, preciso nas palavras sem meias palavras. Ganha inimigos na mesma proporção que ganha admiradores, mas mesmo estes inimigos rendem-se ao talento dos pés.

          E no COTIDIANO, temporada após temporada, continua recebendo seus títulos, prêmios e troféus. Dentro das quatro linhas dos gramados: o rei é CR7, ele está ali, ele é o rei ali.



Wagner Pires