segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

DISCURSO DE JONAS




Vida pelo mundo nem sempre imundo
Minha vida, meus ideais e meus sonhos
Buscá-los com trabalho e a razão
Caráter: não basta o bom caráter e bom comportamento
Encontros e desencontros sempre ocorrerão
Amores e romances acompanham as aventuras
Vida bem vivida e divertida com alguma fartura
Pagando a fatura do COTIDIANO que cobra caro
O preço alto exige desgaste da alma e do corpo
Em busca de felicidade de onde não trará alegria

Continuo vagando pelas ruas
Ao virar da esquina você estava lá
À espreita acompanhando meus passos
Cambaleante e você para me amparar
Tutor segurando-me pela mão
Para eu poder seguir com as próprias pernas
Era apenas uma criança que não sabia ouvir
Faltava-me compreensão
Como tolerar a adversidade da injustiça intolerante
O amadurecimento teria que ser doloroso

Não compreendi e desisti na impaciência
Dureza como uma rocha
Fechei-me na minha vã sabedoria
Que não foi capaz de levar-me a lugar algum
Luta do interior e lutas exteriores
Perdido sem rumo afrontava as circunstâncias
Destruí-me em cobiça e desejo
Armava a armadilha para destruição própria
Vingança derrotada não pela covardia
Pela coragem e humildade de reconhecer meus erros
Um retorno arrependido da minha revolta
Coração de rocha derretido como lava ardente
Escorria pelo rosto não por tristeza
Lágrimas de desejos de querer caminhar
Realidade vivida em longos anos
Peregrinando pela terra em conhecer tua cultura, sua figura
Palavra que ouvia e repetia como no ressoar de um sino
Afinado e em simultânea sintonia
Nem mesmo um beijo no meu rosto e a arma espetada na mão
Permitiu mudar o ritmo da nossa canção

Porém ficou desafinado e desencontrado
Caminhos opostos em direções erradas
Vontades enganosas por vozes sem conhecimento
Confundido pelos meu solitário sentimento
Tudo virou um deserto sem fim
Perguntas, dúvidas, incertezas, descrenças
Encrencas que restaram no silêncio e escuridão
Registros que são contados e calculados num calendário
De lembranças que ficarão na memória que não se apaga
Dividindo espaço com os mesmos velhos sonhos


“...É razoável a tua ira por causa da aboboreira?”
(Jonas 4:9)



Wagner Pires
in, Roteiros de Uma Rotina

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