domingo, 7 de dezembro de 2014

O GAJO

   


                 Eis que surgiu na Madeira. Ilha cercada de sonhos e ilusões, que não foram desilusões. A ilha dos sonhos da bola, sua companheira fiel e inseparável desde a infância. Com a bola, o menino brinca com alegria, leveza, parecendo um velejador competindo em alto mar, e o vento soprando com as velas ajustadas e apontadas para a direção certa: navegar pelo mundo e conquistar a fama e o sucesso.

          Ainda verde, verde como as cores do Sporting Clube de Portugal, já demonstrava o empenho e dedicação no seu talento nato nos gramados lá de Alvalade. O dom de dar espetáculo, dribles desconsertantes, habilidade de um free styler do street soccer, com agilidade de um atleta velocista nos 100 metros rasos, chutes precisos como se fosse um jogador de basquete arremessando na linha de três pontos. Coloca a bola onde ele quer como se a colocasse delicadamente com as próprias mãos dentro do gol. Seu chute é a tacada precisa de um golfista acertando a dezenas de metros o minúsculo buraco.

          A bola chega a colar em seus pés como na coreografia da ginasta em competição de solo, mesmo carregando a bola com a velocidade de um nadador em 50m em estilo livre. E ele corre livre perseguido pelo seu oponente.

          O menino verde foi amadurecendo e ganhou cores vermelhas do Manchester United, os Red Devils, mas o puto foi enviado por Deus para alegrar os amantes do esporte, aqueles que admiram um belo espetáculo. Conquistou a Inglaterra, o império Britânico. Lugar de onde partiu para também reinar no mundo: bola de ouro, bota de ouro, títulos e muitos troféus. Este mundo viu o determinado e destemido menino que já não era mais um rapaz.
          
          Temido pelos adversários. Amadureceu ainda mais para ganhar a camisola vermelha da sua seleção portuguesa. Capitão desta nau navegando em mares verdes de gramados em busca de novas descobertas lusitanas.

          O vermelho foi desbotando com a experiência do sempre dedicado e extremamente profissional até tornar-se branco da realeza madridista. Por lá, transformou-se ainda mais num demolidor, um gigante de números impressionantes, devastador de recordes. Atropelando estatísticas da mesma forma que atropela os zagueiros.

          Nesta realeza que é composta por um batalhão perfeito para enfrentar as lutas contra seus imponentes adversários. Este batalhão formado por uma legião de estrangeiros, são precisos como os corredores atletas no revezamento 4x100m passando o bastão. Passes na medida certa, tanto da direita, como da esquerda, seja de que lado venha, até vindos do seu próprio campo em longa distância como o lançamento de um dardo, não importa, eles correm em contra ataque e o final é um tsunami: gol. Dele, ou passe dele para os seus companheiros, gol, ou melhor, os gols. Muitos gols: hat tricks, muitos em sua carreira.
          Pé esquerdo, ou direito, cabeceio, tiros à distância com as faltas em seu ritual que inclui até a olhadela no telão para admirar a sua aparência, um ajuste no cabelo, um ajuste na bola, passos contados para trás: é mais um gol certeiro, sem piedade com os guarda-redes. A bola foi chutada como um meteoro, a força, velocidade e direção, a mesma de uma cortada de um atacante nas redes do volleyball, o seu tomahawk de mais de 100 km/h.

          O gajo é vaidoso, conquistador até de corações, fãs espalhados pelo planeta, não necessariamente o planeta bola, de todas as partes, raças, idades. Admiradores do talento com a bola e da língua afiada, preciso nas palavras sem meias palavras. Ganha inimigos na mesma proporção que ganha admiradores, mas mesmo estes inimigos rendem-se ao talento dos pés.

          E no COTIDIANO, temporada após temporada, continua recebendo seus títulos, prêmios e troféus. Dentro das quatro linhas dos gramados: o rei é CR7, ele está ali, ele é o rei ali.



Wagner Pires

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