sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

VIDA SEM LEGENDA


Alma surrada e dilacerada
Por tanta agressão e opressão
Vive em estado de coma
Quase que morra
Às custas do aparelho
Ligado feito o cordão umbilical
Alimenta para o corpo caminhar
Cambaleante, quase rastejante
Olha para as sombras do passado, que assombra
Derramando lágrimas de arrependimento
Traz temor com fantasmas do futuro
Perigosos em cada esquina
Preparados para roubarem os sonhos
Nesta cidade desprotegida
Abandonada e esquecida
Escondendo-se debaixo da cama
Até clarear o dia
Porém o sentimento ainda fica adormecido
Esvaziado de sua crença, sem ofensa
Mas é o que resta: solidão
Debruçar na varanda
Observar os telhados
Ultrapassando a névoa
Do horizonte além d´oceano


Wagner Pires

sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

FELIZ ANO, O QUE HÁ DE NOVO?

foto by
http://www.t-online.de/lifestyle/besser-leben/id_21079042/feuerwerk-pruefbehoerde-beanstandet-zwei-drittel-der-feuerwerkskoerper-.html


Relógio quase batendo a zero horas do dia 1º de Janeiro, numa fração de segundo, sentado na sacada já observando os fogos explodindo e colorindo o céu por todos os lados: seja aqui ao Norte, ou ao extenso Leste, os longínquos Oeste e Sul, e até mesmo no desértico Centro, fico a imaginar.
Poderia, também, estar ligado na TV ou conectado no PC e com certeza estaria vendo o mesmo cenário: fogos por todas as partes. De hora em hora, em cada país, de acordo com seu fuso horário, segue-se o mesmo ritual.

Qual o significado deste costumeiro hábito de pessoas quase que numa ação mecânica e previamente programados para soarem as badaladas na escuridão dos céus avisando a chegada de um novo ano.
Seria para comemorar o término de um terrível e difícil ano, ou o início esperançoso para o ano que se inicia. Sendo isso, os barulhos na madrugada seriam para afastarem os fantasmas que rondaram e perturbaram um ser individualmente, uma comunidade, uma nação?
Os clarões coloridos teriam o poder de dissipar as trevas de um ano obscuro, na escuridão da corrupção; do descaso governamental e humanitário; da ignorância, egoísmo e hipocrisia social?
Poderia iluminar os corações agressivos que agem com violência física, verbal e moral absurda que predomina nos quatro cantos do planeta, deixando órfãos e solitários em suas casas; órfãos e solitários sem terra, sem nação.
O barulho pudesse fazer acordar os poderosos em política e dinheiro para acabar com injustiça e a fome social.

Observo ao lado um pequeno grupo de imigrantes felizes, e na sua simplicidade comemorando com humildes rojões que mal conseguiam chegar ao céu, pouco iluminando a madrugada, porém não menos importante dos mais imponentes, pois aquela alegria simbolizava a fé e a esperança. Até mesmo a esperança daqueles que por um motivo ou outro simplesmente pode, assim como eu, apenas observar este ritual de findar o ano.

Deveríamos soltar os rojões para despertarmos dos erros e fracassos, com arrependimento e perdão. Reconhecendo que falhamos, com os clarões que surgem à frente mostrando-nos o correto, o digno e honesto nos 366 dias que virão.


Wagner Pires

ANO NOVO