sábado, 10 de outubro de 2015

MUNDO, ENFIM



O vidente anuncia o fim do mundo, 
E neste caos sou um sobrevivente.
Tristeza?
Aparentemente.

Chamas explodem do vulcão em erupção,
Causa terremoto e muita destruição.
Tremor, espanto e temor.
As mãos trêmulas diante de tanto terror.
Tudo em ruínas, pagando propinas.

Arruinada, a sociedade clama por justiça.
Cidadãos desorganizados perante o crime organizado.
Onde está a política? 
Atrás das grades, ou atrás dos confrades.
Neste cenário precário, o pobre quer ser um nobre.
Necessitado, vira um bandido na cidade sem lei.

Rajadas atravessam a rua, acertam a mulher deitada e nua.
Alma desnuda, sem princípios
Seu egoísmo só procura seu benefício.
Ficou a cadavérica escultura na cidade impura.
Sem cultura, contaminada por mentes doentes.
Ondas invadem as vielas das favelas.
Quem pode, esconde-se nos becos das ruelas,
Mas o bico deve ficar calado
Para não se tornar mais um marcado.

Ir sem saber se poderá vir,
Virou mais uma vítima.
Nem ficam mais a derramar lágrimas.
Virou estatística.
Lágrimas de sangue pintou o asfalto do cruel assalto.
Agiu como um animal brutal.

Os direitos são desumanos: encarcera o trabalhador,
Camuflados debaixo dos panos.
Escondidos, amedrontados, os carros são blindados,
As janelas com grades em todas as partes.
A TV e seu sensacionalismo:
Pedofilia, estuprador; só pensa no pessimismo.

O discurso arrogante lhe garante um país lindo por natureza.
Mas isso lhe garante alguma beleza?
O país do futuro.
Destacava o slogam dos anos 70.
E ainda caminham em caminhos obscuros que a violência fomenta
Dizem que é um povo sorridente com alegria em meio à melancolia.
Pura hipocrisia.
Uma nação que não entra em guerra, porém uma máquina que emperra,

Tamanha é a violência sem nenhuma decência. 
Uma realidade, que na verdade, o transforma num sobrevivente
Quando desperta no sol nascente.
Ou não, se foi sucumbido, banido,
Num segundo, neste fim do mundo!



Wagner Pires
in, Crônicas de Um Andarilho

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