segunda-feira, 24 de novembro de 2014

CARTA DE NATAL




Caro Noel,

          Estou refazendo o meu pedido dos presentes que eu desejo receber neste Natal. Porque eu acredito que se eu "pedir, me será dado"; e se "eu buscar, acharei" (Lucas 11:9).

         
Estes são os mesmos presentes pedidos repetidamente no passado, ainda não recebidos. Daquele passado recente, não tão distante, aqueles natais que eram celebrados em invernos congelantes. Porém, hoje congelou os sentimentos tornando uma fria alma solitária. Nem mesmo estes quentes natais em pleno verão são capazes de aquecer e fazer descongelar as emoções adormecidas, hibernando nas lembraças; "ando desgarrado pelo deserto, por caminhos solitários; não achando cidade para habitar" (Salmos 107:4)

          Reconheço que nem sempre tenho uma vida correta, sem defeitos, mas
 "se afirmarmos que estamos sem pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e a verdade não está em nós" (1ª João 1:8), que não me impeça de fazer algum tipo de pedido.

          Mas quem é perfeito?

          Procuro
 "afastar-me de toda aparência do mal" (1ª Tessalonicenses 5:22). Porém, são atitudes em vão. Não Te ouço, não Te vejo, não Te sinto. às vezes acredito que não seja capaz de fazer algo à mim, ou se tem interesse em fazê-lo, ou taklvez, ainda, se é que realmente exista. Me esqueceu?

          Tua fama de ser capaz de dar alegria, felicidade, milagres e bençãos nos natais que se realizam todos os dias, no decorrer de todos os anos, desde os primórdios, chegam a ser questionadas por mim. Pois, são situações que me estão sendo ofuscadas pelas lutas sem conquistas: 
"o que eu temia veio sobre mim, o que eu receava me aconteceu. Não tenho paz, nem tranquilidade, nem descanso; somente inquietação" (Jó 3:25-26).

          Os meus olhos andam encobertos pela dúvida e o medo, a decepção e a frustração e o arrependimento de ter agido precipitadamente pela emoção; e não consigo enxergar o dia de amanhã, o futuro, o que ainda não existe, o que estará por vir. Mesmo que aguarde pelo meu presente que esteja sob a árvore, sob os meus braços, sob meu olhar, sob os meus pés, sob a minha fé, não congigo recebe-lo, desembrulhar, admirar e agradecer.

          Meus ouvidos tampados pelas críticas e pelas contendas não permitem ouvir-Te. O som silencioso das ondas rebentando nas praias, ou a calmaria das marés, são encobertos pelo trovejar e tempestades constantes. Fazendo-me encolher e esconder, sem que eu queria sair, aparecer e surgir. Somente fugir.

          Mas os pés estão cansados de correr em vão, de um lado para o outro, sem nada conseguir, sem me estabelecer, já não é suficiente para que siga a Tua sombra, as pisaduras de um fantasma marcados na areia, assim como já o fiz: "nós deixamos tudo e te seguimos" (Lucas 18:28). Fico com estes pés adormecidos à beira do caminho, trêmulos, cambaleantes, respiração ofegante.

          Os velhos braços pesados pelo desânimo do árduo trabalho de pouca recompensa, encontram-se sem forças para erguê-los para adorar-Te em gratidão.

          Assim, a cabeça ainda cabisbaixa, derramando lágrimas destas constantes derrotas, deixa o corpo sofrido, e a alma desfalecida, apagando a fogueira do espírito sem a lenha do Lenhador.

         
Ainda que na lareira eu pendure um par de meias, um par de esperança, um par de crença, um par de fé, quando eu despertar 
continuarei a procurar intensamente o presente que possa dar paz, alegria "e venham assim o tempo do refrigério pela presença do Senhor" (Atos 3:19). Numa busca contínua e incessante.

          Sendo assim, meu pedido de presente é para um melhor presente, que perdoe o meu passado, para eu ter um COTIDIANO feliz. Chegar no amanhã e descansar no futuro, e deixar mais tranquilo o futuro do meu futuro, e ele possa ter caminhos de prosperidade.

          Eu possa ter o meus sonhos, sentir e tocar os meus desejos, suprir-me nas minhas necessidades.

         
E possamos viver "a paz que excede todo o entendimento, tendo os nossos corações e as nossas mentes em Cristo Jesus" (Filipenses 4:7) livrando-nos de todas guerras e lutas interiores e exteriores e, despertarmos todos os dias admirando o natal da manhã do amanhã, diário: de hoje, de amanhã, depois de amanhã, de cada dia. Agradecido pelo natal de ontem, e de todo o sempre.


          Grato.



          Wagner Pires
in, Roteiros de Uma Rotina

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