quarta-feira, 15 de novembro de 2023

DESCASO

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Na sombra de uma árvore, balanço-me numa rede
Meu momento de relaxar e nada para pensar
Nem do enfadonho trabalho que me caiu ao colo
Muito menos das crises sociais mundiais que me fartam a cabeça
Aproveito apenas a solidão que coube a mim ter que viver

Sem sombra de dúvidas, vou deixar para me preocupar apenas com o jantar
Enquanto isto, vou me hidratando para que não desfaleça
Afinal, o calor está intenso e não quero nada que seja tenso
Já basta que sou muito propenso à irratabilidade
E, não peço paciência para não ter que prová-la

As sombras do passado, que sempre me acompanham, são os testes da minha tolerância
Ou a chamaria de intolerância?
Visto que minha idade não me permite mais ter que aturar cobranças banais
Comentários superficiais de tramas triviais
Sempre fui exigente comigo mesmo e o mundo, por isso procuro desafios profundos

A sombra de obstinação, com capacidade e respeito, eu deixo como herança
Uma representação fîsica e mental daquilo que eu vivi
Mesmo que o lugar seja mal iluminado debaixo da pequena árvore
Ou a rede um tanto quanto fraca para me aguentar
Simplesmente deixo de balançar e espero o tempo passar

Pois, não preciso de uma sombra para maquiar a minha personalidade
Para uns, a transparência já se incubiu de me transformar num monstro
Para outros, talvez, ela me revelou um fraco e incapacitado
Fico imaginando se alguém é capaz de enxergar além das minhas entranhas
No oculto, onde não há sombras


"Porque da janela da minha casa, olhando eu por minhas frestas, vi entre os simples, descobri entre os moços, um moço falto de juízo, que passava pela rua junto à sua esquina, e seguia o caminho da sua casa; no crepúsculo, à tarde do dia, na tenebrosa noite e na escuridão." Provérbios 7:6-9


Wagner Pires
in, Crônicas de Um Andarilho

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