segunda-feira, 23 de janeiro de 2023

A CAVERNA

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Meus sentidos caminham ao redor e não vejo uma saída
Vislumbro uma penumbra num enorme vazio sem vida
Vasculho, reviro, revisto, não encontro nenhuma palavra
Nem mesmo as lembranças estão visíveis
Foi-se a alegria corroída pela traça
O desespero reverbera uníssono ao silêncio

Nesta escuridão, perdeu-se a visão
Estático como uma estalagmite
Fruto de uma ação inerte
O gotejar constante d'uma opressão caída da estalactite
No tempo que passa devagar quase parando
Pálido sem cor e sem brilho na ausência de Luz

Intolerante ao grito, incomoda qualquer ruído
E quanto mais se aprofunda, mais afunda
Acender uma fogueira só queimaria o pouco do oxigênio
Stress, vertigem, garganta sufocante
Neste vácuo desabitado de pinturas rupestres
Se adaptar no dia a dia para poder chegar ao último instante


"Com o silêncio fiquei mudo; calava-me mesmo acerca do bem, e a minha dor se agravou...Poupa-me, até que tome alento, antes que me vá, e não seja mais." Salmos 39:2 e 13


Wagner Pires
in, Roteiros de Uma Rotina

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