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Sento-me solitário no meio do picadeiro
Nāo te vejo sentada na platéia vazia
Sinto-me abandonado
Nos holofotes apagados sopra o ar do silêncio
Já nāo tenho vestes coloridas
Sāo trajes em preto e branco, cinza, pálido
Nem calço aqueles enormes vermelhos sapatos
Hoje, me pesa o caminhar descalço
Ainda assim, consigo sentir tua tristeza
Vejo o escorrer de algumas lágrimas
Vindas das tuas lembranças
De quando eu sorria e te fazia sorrir
Tantas fotografias que acabaram arquivadas numa caixa
Como memória - restou uma única pregada na parede
Junto ao vaso de flores regado pela chuva
Enquanto sou privado de ver o nascer e o pôr do sol
O mundo nāo é mais o mesmo de um tempo tāo recente
Entre madrugadas quentes acordados e tardes em frente à tela
Repouso encolhido numa noite fria
Escondido, para que nāo seja devorado
Segue seu caminho, virando-me as costas
Deixando um obstáculo entre nós
Sāo caminhos opostos, direções contrárias
Enquanto você se renova, fico sem pressa de despertar
por Wagner Pires
in, Roteiros de Uma Rotina

