Os memes por aí dizem que "o brasileiro tem que ser estudado".
Na verdade o brasileiro precisa é estudar. O estudo desenvolve a cultura, o conhecimento, a educação e o respeito às pessoas.
Ontem, na rede social vizinha, uma jovem mãe a filmou dentro de um ônibus, possivelmente na cidade do Rio de Janeiro, onde o motorista conduzia em alta velocidade e cometendo várias imprudências. Ela pedia aos gritos que alguém cedesse um banco para que ela e o bebê de 7 meses pudessem se sentar. Filmou vários tipos de pessoas: crianças, jovens, senhores, senhoras...e ninguém se manifestou, todos ignoravam a mulher e a filmagem.
Pois bem, semana passado eu fui ao supermercado e ao chegar no caixa duas moças com duas crianças já estavam finalizando suas compras. Porém, deixaram alguns sucos de uva em caixinhas de 200ml ainda sobre a esteira porque não iriam mais leva-los - não tiveram o trabalho de retira-los, deixa-los ao lado, ou devolve-los, apenas deixaram para que o próximo palhaço tirasse do caminho.
No momento de pagarem suas compras, uma delas pediu para a operadora que dividisse em 3 cartões. Passou o primeiro terço no crédito, o segundo terço no vale alimentação e o terceiro, e último, seria pago no débito, cartão este que ela foi buscar com a outra mulher.
Ao tentar efetuar o pagamento o cartão foi recusado, foi quando percebeu que era o cartão errado. Voltou a ir até à outra mulher para pegar o cartão correto. E eu continuava a esperar com as minhas compras sobre a esteira.
Neste momento chega o marido com mais produtos e pergunta à mulher porque já estava efetuando o pagamento visto que ele ainda tinha mais coisas a serem pagas. Ele deixa uma peça de carne e alguns outros produtos na minha frente para pagar, mas saiu para buscar o pacote de sal grosso que havia esquecido.
Eu continuava ali parado, aguardando.
A mulher tentava pagar o último terço da compra anterior, mais uma vez não foi autorizado, desta vez a senha estava incorreta.
Já que o caixa ao lado desocupou eu disse: "fiquem à vontade, afinal o caixa é de vocês mesmo?!"
Hoje, mais uma vez, fui ao supermercado para fazer as compras para o almoço de domingo. Acordei meio tarde, estava cansado da semana que foi bem puxada, e tive que ir às pressas para não atrasar tanto o almoço - ilusão. Chego ao caixa exclusivo para pessoas acima de 60 anos, entre outros, e à minha frente 3 pessoas: uma moça já finalizando suas compras, uma outra jovem moça com o carrinho lotado e imediatamente a minha frente um rapaz com uma criança de uns 6 ou 7 anos. Ou seja, nenhum destes três se encaixavam no critério de caixa preferencial. O rapaz olha para mim, olha para meu carrinho de comrpas, olha para o filho e o retira de dentro do carrinho de compras dele e o segura ao colo (inutilmente, pois este tipo de situacão não é considerada preferencial, não é um bebê de colo).
Mais uma vez vejo ao lado um caixa quase vazio, não digo nada e prefiro trocar de caixa. Um casal de idosos finalizando suas compras, meio atrapalhados, e em seguida uma senhora com 3 pacotes de macarão, 3 sachês de molho de tomate pronto, 3 latinhas de extrato de tomate e uma garrafa de 1,5 litros de guaraná Antarctica. O casal finalizava o pagamento já com a esteira livre para a senhora colocar seus produtos, porém ela, sem pressa alguma, já que aparentemente seu almoço de domingo ficaria pronto em uns 15 a 20 minutos, não tirava os olhos de seu celular verificando algumas conversas whatsapp, deslizando para cima e para baixo.
Quando o casal finalmente partiu a atendente cumprimentou a senhora e pediu para que ela pudesse colocar seus produtos na esteira. Lentamente os colocou um a um, se deslocou para a frente e simplesmente me ignorou deixando o carrinho de compras dela vazio no caminho. Mais uma vez o palhaço tem que fazer o serviço dos outros e colocar o carrinho onde não atrapalhasse mais ninguém. Passado todos os produtos no leitor a atendente questiona qual seria a forma de pagamento. Ela vira-se para a atendente e pergunta se no supermercado havia caixa eletrônico porque ela estava com um problema no cartão e teria que sacar o valor. Não consegui entender que problema seria este em que o cartão passa num caixa eletrônico, mas não passa na máquina de cartão do caixa. A atendente diz que tem e que provavelmente ela não conseguiria sacar o dinheiro porque o caixa estava com problemas. Mesmo assim ela deixa suas compras já registradas no caixa, eu esperando e vai à procura do tal caixa eletrônico. Volta sem sucesso. A atendente sugere para ela se cadastrar online no cartão de crédito do supermercado. Eu com minha paciência que sempre é próxima à zero pergunto se ela está a passeio, fazendo turismo, porque eu estou fazendo compras. Ela, ainda se cadastrando no cartão, e tendo dados incorretos, vira-se para mim e diz que o problema são estes velhos da terceira idade que são rabujentos. Eu pergunto à ela: se é o meu problema, possivelmente seria o dela também, porque se não fosse ela não deveria estar num caixa preferencial para este tipo de pessoa, idosa. Sínica, tenta me mostrar seu documento comprovando sua idade de 67 anos apesar da sua "aparência não demonstrar", segundo ela. Eu tive que rir porque realmente a aparência dela não demonstrava ter apenas 67 anos, parecia algo próximo aos 80 anos. Num calor de mais de 27ºC, esta senhora trajava um casaco de couro com pelos nas mangas, na gola e nos punhos; uma bota com um salto de 15 centímetros, vestindo uma calça de couro preta bem fajuta. Tudo isso para ir ao supermercado ao meio dia de um domingo ensolarado. Sua falta de senso não era apenas com sua aparência física, mas também com sua vestimento.
Não me interessa a aparência dela, a idade dela, sua alto estima, suas vestes, ou ainda qual seira o cardápio do seu almoço, tudo isso foi apenas para ilustrar esta crônica. O que interessa mesmo nestes 3 fatos acima mencionados é a falta de respeito dos cidadãos com as outras pessoas. Sejam elas homens ou mulheres, jovens ou velhos, rico ou pobre, preto ou branco. Ninguém não está nem um pouco preocupado com o semelhante.
Conclusão, o brasileiro, em geral, com raríssimas excessões, não respeitam filas no supermercado, filas no ponto de ônibus, faixa de pedestre, não respeitam nada e ninguém.
Tenho "n" histórias vividas no atendimento ao público que comprovam esta minha visão. E tenho tantas outras histórias de fatos que presencial principalmente nestes últimos anos (melhor dizendo, desde que retornei ao Brasil). Não é uma visão de um antinacionalista, é o COTIDIANO que acompanho in loco e online. Um ufanismo irritante, que transformam estas pessoas em arrogantes e soberbas. Preocupadas apenas com si mesma. Não são fatos exclusivos de desconhecidos, mas também de conhecidos, amigos e familiares que agem desta mesma forma egocêntrica.
Vendo isto eu me pergunto, e não me preocupo, como será o Brasil daqui 10, 20, 50 anos?
Wagner Pires
in, Roteiros de Uma Rotina
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