Meu despertador canta
na madrugada e o sol já bate à janela.
Levanto
em direção ao curral para preparar meu café da manhã: leite da vaca, leite da
cabra, ambos para dentro da panela.
Mesa
posta com tudo fresco, quentinho. Farinha batida no pilão para fazer o pão no forno à
lenha e o cheiro do café passando pelo coador de pano. Queijo caseiro e outras
iguarias.
Muito
alimento para suportar o trabalho pesado, com a enxada na mão, bota nos pés,
chapéu na cabeça, pois o sol é quente, ninguém aguentaria. Carpir o mato, roçar a terra. Pegar o arado.
Pensamentos tranquilos apreciando a bela natureza. Som que vem das quedas do riacho é o
arranjo instrumental para o cantarolar das aves, cacarejos, relinchar e o coral
é completo pelo tom grave dos mugidos do gado: trabalho com som ambiente,
naturalmente.
Terra
arada, semente jogada, preparada, esperando a época da chuva cair para regar e dar os seus frutos grandes, sabaorosos e imponentes.
Mãos já calejadas, suor escorrendo pelo enrrugado rosto desgastado pelo ardente calor, com a barriga avisando que está ficando vazia. Uma pausa porque o cheiro da lenha, que queima o dia inteiro sem se apagar, já me
atiça e a barriga continua a roncar.
No
campo o fuso horário é outro, o almoço serve-se mais cedo. E, depois de farto, quando o sol estiver
bem alto, uma sesta para descansar e relaxar.
Alimento
vindo da horta, é abundante. Temperos para diversificar os sabores para
saborear: couves, abóboras, salsas e os ovos logo cedo apanhados no galinheiro - codornizes e galinháceos
A
horta é uma terapia, ervas de todos os tipos, legumes, especiarias, muito bem
simples, cultivados no fundo do quintal.
O
almoço é para todos, aos porcos no chiqueiro, o gado no pasto, as aves no
galinheiro, sem esquecer-me dos pequenos no viveiro. Os equinos procuram seus
alimentos soltos por aí, não falta nenhum animal. O pavão calmamente esnobando suas penas na varanda da humilde casa.
Trabalho,
descanso, trabalho, e as crianças correm e se divertem: alegres, e os pés descalços
sobre a terra vermelha, isto é que é liberdade.
O trabalho que tem que
continuar, as frutas nas árvores necessitam ser colhidas, selecionadas e
vendidas na cidade.
O
trabalho no campo é incessante, sobre o gramado, o rastelo varre as folhas
secas e os frutos caídos, derrubados pelo vento.
O
sol vai sumindo, descendo escondido atrás dos montes, atrás da floresta, a pequena relva. Regar a roseira, flores rasteiras e as parreiras, temperatura
mais fria, este é o momento de se refrescar.
Tirar
a cela do cavalo, ferramentas, alguns apetrechos e outros instrumentos, tudo
bem guardado para o dia seguinte com mais trabalho.
Antes
de um banho, ficar na rede com um copo de café bem quente e um pedaço de bolo
de fubá, enquanto o joão de barro se ajeita no galho, as borboletas a se assanhar, outros pássaros a viajar, os cães aos meus pés se deitarem.
Nem
chegou a noite, mas é preciso dormir. Ir me deitar, amanhã meu despertador irá
cantar quando o sol estiver batendo à minha janela para eu me levantar.
Este
é o COTIDIANO da roça com o ROTEIRO DE UMA ROTINA. Em todo ano, todas as
estações, mesmo que caia chuva na campina rompendo o SILÊNCIO, O CULTO a se cultuar.
Wagner Pires
in, Crônicas de Um Andarilho
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