domingo, 26 de abril de 2015
terça-feira, 21 de abril de 2015
ONCOTÔ, PRONCOVÔ - Capítulo 1
Gabinete agitado, jornalistas, convidados e...os mesmos
funcionários.
Novo
mandato para o prefeito da estância Constância. Exatamente, a mesma constância
dos mesmos políticos no comando da pequena e divertida cidade.
Onofre
dos Santos: “Sou Santos, mas não sou Santo, mesmo assim o prefeito perfeito”.
Que slogam mais ridículo, e é assim que consegue se reeleger, ora prefeito, ora
deputados, por vezes vereador, não um simples vereador: presidente da Câmara.
Quando não é ele, algum Santos, que também não é nada santo, assume a cadeira
municipal.
Homem
controverso com uma família nada convencional, sua bela filha, e põe bela
nisso, adora criar uma polêmica amorosa. Pudera: bonita, gostosa, no poder com
muito dinheiro, assessora de imprensa do prefeito, formada em jornalismo, de
uma lábia sem igual, cheia de conversa, sabe conquistar, mas também sabe
arrasar o coração de pobres coitados iludidos pela linda mulher.
Judite,
adora um cartão de crédito, Afinal, quem é que não gosta, até eu que sou mais
bobo. Se pelo menos o cartão fosse só para ela!
Coitado
do Onofre, já entenderam né. Tão simples quanto isso. Suas viagens é que lhe
contam as aventuras. Culpa do prefeito que não deixa a cidade por nada, e o
medo da oposição tomar seu lugar.
Pequena
cidade que se parece com Nova Iorque, tem gente de todo o lugar do Brasil e do
mundo. O último a se mudar para Constância é o professor de história vindo da
capital, este é cheio de história mesmo, nem todas verdadeiras. Senta-se no
banco da praça com as senhoras e alguns aposentados e ficam horas e horas com
suas lorotas. Só esconde uma história, ele pode não contar, mas eu já já conto
para vocês.
Quem
gosta de ouvir suas aventuras é a Dn. Albertina Cossello, com dois “s” e dois
“l”, senão ela fica brava. Viúva de Frederico Cossello, fugidos da Itália nos
tempos da guerra, se estabeleceram na cidade com a plantação de café. Coitada,
só não teve filhos, e como toda boa italiana cozinha que é uma maravilha, como
a família é pequena, só ela e o irmão que gasta tudo o que tem e o que não tem
na jogatina, sempre prepara os almoços de domingo com os amigos e vizinhos, o
professor que é um espertalhão não fica de fora.
Sua
melhor amiga é Dn. Joana, esposa do lusitano vindo de Trás-os-Montes, Sr. Junqueira,
Nuno Junqueira. Torcedor fanático do S. L. e Benfica, aqui no Brasil ele torce
para o ameriquinha, que está muito mal das pernas.
Por
falar em futebol, quem gosta mesmo de futebol é Konstantinov Sporotiuk, eita nome difícil. Gosta de
futebol e de cerveja. Como é que este ucraniano veio parar aqui nesta cidade?
Não sei, mas vamos descobrir.
Ele não
me é estranho, parece com alguém que eu conheço, ou com algum personagem da TV.
Ah sim, TV, já sei: tio Chico da família Adams. Baixinho, cabelo ruivo bem
ralo, de longe até parece careca, e meio gordinho. Safado, adora uma
brasileira, e quem não gosta. Bem, tem um cidadão da cidade que não gosta!
Calma, a história está apenas começando, com paciência você vai conhecer todos
os moradores e suas curiosidades.
Ainda
tem o padre Lito. Lito somente para os íntimos, para os demais é padre
Carmelito. Estranho, quem não é íntimo nesta cidade tão pequena. O Chicão, dono
do boteco, vindo do sertão, montou o boteco com o dinheiro que juntou da
construção civil. A família Esteves: Amilcar Esteves, Teresa Esteves, Juan e
Paola Esteves, bolivianos que ficaram um tempo como trabalhadores escravos na
capital, conseguiram fugir e se estabelecer na estância de Constância
trabalhando como costureiros. A família toda conhece a profissão.
Os
irmãos Marsh e Mellow, nome artístico da dupla sertaneja que não consegue nem
tocar no boteco do Chicão, que dirá no resto do Brasil, o máximo que conseguem
e uma palhinha nas festas da cidade, mas por caridade. Os irmãos Fonseca:
Jackson e Anderson. Ainda têm outros três irmãos: Wellington, Clayton e o
caçula Valdeno. Seus pais foram bem criativos. Têm uma única irmã Joycekleina.
Toda
boa cidade do interior tem suas festas, reuniões, fofocas e brigas e para
conter toda a euforia somente o xerifão da cidade para por ordem. Será que põe
mesmo?
Pois é,
Eduardo Paciência é o sujeito. É tanta paciência no camarada que só seu fiel
escudeiro para intervir em tudo: Carlão, irmão da não menos bela do que a filha
do prefeito, Natália, mariana, mas ao contrário da filha do prefeito, esta aí
não é para qualquer um não, bela, inteligente, com um corpão bem trabalhado na
academia e nas lutas de Jiu-Jitsu. E um irmão pra lá de ciumento.
O gaúcho
até que tenta conquistar a moça, tem presença, tem conversa, um carrão, mas
falta-lhe inteligência. Bah, tchê, este gaúcho, Thiago Morais, criador de gado
é bem esperto. Gremista que adora provocar o sr. Nuno, só porque a camisola do
Benfica é semelhante à do Colorado gaúcho.
E
aquela casinha, o sobrado azul ali na esquina?
Ah sim,
aquela é a minha casa, eu sou apenas o narrador, um sonhador metido a escritor
que também tem muitas histórias para contar. Primeiro vou contar as histórias
desta maluca cidade, a minha...fica para depois.
Wagner Pires
Wagner Pires
terça-feira, 14 de abril de 2015
NA CONTRA-MÃO
Não gosto do que é popular,
Populismo,
Modismo.
Se está na moda:
Estou fora.
A moda não reflete a maioria.
Ela influencia.
Influencia quem quer estar na moda.
O mundo é apenas negócio:
business.
Música, arte, cinema, moda...
Tudo é interesse
Buscando o lucro.
Por isso,
Não me venha com Neymar,
Funk ou sertanejo,
Novelas e BBBs.
Tenho meu eclético estilo,
Meu caráter e meus gostos.
Nem me incomodo se não agrado.
Mas luto pela minha opinião,
Ainda mais quando tenho razão.
Critico a anti-cultura,
Ou a falta dela.
Nacionalista?
Não tenho nacionalidade,
Tenho naturalidade,
Acaso da natureza.
E naturalidade de gostar do que me agrada,
Onde me agrada.
O blábláblá
Tem que ser inteligente,
Convincente
Para me convencer.
Senão,
Prefiro andar na contra-mão.
Wagner Pires
in, Crônicas de Um Andarilho
sexta-feira, 10 de abril de 2015
HORIZONTE
Meu grito em silêncio é assustador
Do tiro deflagrado no escuro
Injusto e covarde que me atingiu pelas costas
Perfurou o meu lado esquerdo
E o sangue escorrendo denúncia meu caminho
Vermelho sobre a branca areia da praia
Tentativa de esconder-me a espera de ajuda
Assustado só queria fugir sem rumo e sem destino
Mas com um único objetivo de parar e descansar
Apenas com um olhar vazio do infinito limite
Encontro do céu e o mar
Perseguido, seguido, não permitindo que dormisse
Faminto e aflito, corria em desespero perdido
Abrigar-me na cidade em meio à multidão só trouxe solidão
No campo desilusão e frustração
A cada dia doía ainda mais a ferida fazendo o sangue
jorrar
Queria poder suportar
Uma dor para poder esquecer
Uma dor para poder esquecer
Quanto mais apertava: menos cicatrizava, menor a esperança
Procuro o remédio, a cura para estancar a hemorragia
Que leva minha força e minha fé, que não reagia
Não destruiu a minha alma que mesmo cambaleante
Insiste em levantar-me após cada tropeço estonteante
Gostaria de me conduzir em direção à este mar
Na praia além das colinas
Refugiando sob o vento na escuridão da noite
Despertar deste aquecido, e nunca esquecido amor
Que me faz procurar o meu horizonte!
Wagner Pires
in, Roteiros de Uma Rotina
quinta-feira, 9 de abril de 2015
VIDA NA ROÇA
Meu despertador canta
na madrugada e o sol já bate à janela.
Levanto
em direção ao curral para preparar meu café da manhã: leite da vaca, leite da
cabra, ambos para dentro da panela.
Mesa
posta com tudo fresco, quentinho. Farinha batida no pilão para fazer o pão no forno à
lenha e o cheiro do café passando pelo coador de pano. Queijo caseiro e outras
iguarias.
Muito
alimento para suportar o trabalho pesado, com a enxada na mão, bota nos pés,
chapéu na cabeça, pois o sol é quente, ninguém aguentaria. Carpir o mato, roçar a terra. Pegar o arado.
Pensamentos tranquilos apreciando a bela natureza. Som que vem das quedas do riacho é o
arranjo instrumental para o cantarolar das aves, cacarejos, relinchar e o coral
é completo pelo tom grave dos mugidos do gado: trabalho com som ambiente,
naturalmente.
Terra
arada, semente jogada, preparada, esperando a época da chuva cair para regar e dar os seus frutos grandes, sabaorosos e imponentes.
Mãos já calejadas, suor escorrendo pelo enrrugado rosto desgastado pelo ardente calor, com a barriga avisando que está ficando vazia. Uma pausa porque o cheiro da lenha, que queima o dia inteiro sem se apagar, já me
atiça e a barriga continua a roncar.
No
campo o fuso horário é outro, o almoço serve-se mais cedo. E, depois de farto, quando o sol estiver
bem alto, uma sesta para descansar e relaxar.
Alimento
vindo da horta, é abundante. Temperos para diversificar os sabores para
saborear: couves, abóboras, salsas e os ovos logo cedo apanhados no galinheiro - codornizes e galinháceos
A
horta é uma terapia, ervas de todos os tipos, legumes, especiarias, muito bem
simples, cultivados no fundo do quintal.
O
almoço é para todos, aos porcos no chiqueiro, o gado no pasto, as aves no
galinheiro, sem esquecer-me dos pequenos no viveiro. Os equinos procuram seus
alimentos soltos por aí, não falta nenhum animal. O pavão calmamente esnobando suas penas na varanda da humilde casa.
Trabalho,
descanso, trabalho, e as crianças correm e se divertem: alegres, e os pés descalços
sobre a terra vermelha, isto é que é liberdade.
O trabalho que tem que
continuar, as frutas nas árvores necessitam ser colhidas, selecionadas e
vendidas na cidade.
O
trabalho no campo é incessante, sobre o gramado, o rastelo varre as folhas
secas e os frutos caídos, derrubados pelo vento.
O
sol vai sumindo, descendo escondido atrás dos montes, atrás da floresta, a pequena relva. Regar a roseira, flores rasteiras e as parreiras, temperatura
mais fria, este é o momento de se refrescar.
Tirar
a cela do cavalo, ferramentas, alguns apetrechos e outros instrumentos, tudo
bem guardado para o dia seguinte com mais trabalho.
Antes
de um banho, ficar na rede com um copo de café bem quente e um pedaço de bolo
de fubá, enquanto o joão de barro se ajeita no galho, as borboletas a se assanhar, outros pássaros a viajar, os cães aos meus pés se deitarem.
Nem
chegou a noite, mas é preciso dormir. Ir me deitar, amanhã meu despertador irá
cantar quando o sol estiver batendo à minha janela para eu me levantar.
Este
é o COTIDIANO da roça com o ROTEIRO DE UMA ROTINA. Em todo ano, todas as
estações, mesmo que caia chuva na campina rompendo o SILÊNCIO, O CULTO a se cultuar.
Wagner Pires
in, Crônicas de Um Andarilho
quarta-feira, 8 de abril de 2015
PONTOS OPOSTOS
Conflitos
da mente
Quem
é realmente
Alegrar-se
com otimismo
Murmurar
no pessimismo
Enfrentar
a realidade
Perambulando
pela cidade
Com
eclipse ao meio dia,
Nem
é noite, nem é dia
Trevas
em pouca luz
O
cego que lhe conduz
Culpa
do coração partido
Inimigo
atraído
Um
beijo no rosto
Anunciando
que o momento é posto
Hora
da despedida
Nem
imagina a alma traída
Enquanto
sentia saudade
Outra
maquinava a maldade
Egoísmo
inconsequente
Consequência
permanente
Morte
anunciada
Nem
assim sentia-se culpada
Estar
sozinho é de melhor valia
Quando
nem lhe fazia companhia
Porém
a solidão é uma tortura
Desespero,
angústia, amargura
Boca
amarga querendo o doce sabor
Lábios
que possam lhe dar o amor
Desejo
sedutor e natural instinto
Voraz
como animal faminto
Tudo
poderia estar diferente
Se
não fosse a conversa atraente
Língua
enganosa em momento oportuno
Virando
as costas, ficando sem rumo
Ferida
aberta que não cicatriza
E
a mente se martiriza
Culpa
que não recebe o perdão
Transformando
em depressão
Sorrir
é apenas uma farsa
Chorar
é um sentimento que não passa
Ainda
cansado e desanimado
Carrega
o peso deste fardo
Pensamento
viaja distante
Sonhar, nem com implante
Já
se foi a esperança
Só
espera pelo futuro daquela criança
Que
torne um homem de sucesso
Missão
cumprida, acabou este processo
Resta
o corpo ao pó voltar, a alma descansar
E
o espírito ao céu retornar
Wagner Pires
in, Crônicas de Um Adnarilho
terça-feira, 7 de abril de 2015
MEU ROTEIRO ITINERANTE
Foram subidas e descidas na serra do mar: Santos, São Vicente, Praia Grande, Guarujá. Peruibe, Itanhaém, Mongaguá. Era um sobe e desce constante.
Até que definitivamente se estabeleceu no planalto. Mas em uma vida recheada de viagens sem parada. Foram muitas, algumas bem rápidas, diversas. Divertidas.
Este pequeno rebento caçando coelho num sítio em Jundiaí para que fosse parar numa grelha e completar o cardápio do almoço.
No final da tarde, aquela reunião da família para a tradicional foto em preto e branco, encostados num chamoso Aero Willis verde claro.
Do alambique de Serra Negra só saboreei mesmo foi o doce de leite de Águas de Lindóia, e este sabor permanece até hoje em minha memória.
Bem lá distante, esta mesma cidade nos recebeu para um encontro de casais, e resolver seus, e também meu, problemas
conjugais.
Por falar em águas, não posso esquecer de mencionar o bate e volta em Águas de São Pedro, São Pedro e a própria Lindóia, que da nome e fornece água mineral.
Nestes bate e volta, ainda teve Eldorado e suas cavernas:
Caverno do Diabo - Estalactites e estalagmites, um riacho gelado, simpático, calmo e tranquilo. Uma estrada sossegada e sinuosa.
Marília, Marília, Roteiros de Uma Rotina vivida numa timidez que intriga.
Teve ainda, lá nos primórdios da juventude, uma fuga para o carnaval de Bocaina. Sim foi literalmente uma fuga, um adolescente irresponsável. E, de Jaú, tive que vir escoltado, escoltado até a capital.
Mas como eu disse, era um adolescente irresponsável (nem tanto assim), e como era carnaval, fui direto para o litoral, com um lorota para poder embarcar.
E por falar em carnaval, viagem de trem até Bauru. O tempo mudava a cada cidade, a cada estação: pelo caminho muita chuva e eu pendurado na porta, logo em seguida um sol que imediatamente me secava. O vento partia meu rosto, que foi salvo pelo corrimão que segurou o papel higiênico jogado pela janela do banheiro do vagão que ia à frente. Ainda tivemos um divertido acidente a caminho de Dois Córregos, e que nos fez ir até em Barra Bonita, às margens do rio Tietê, e apreciar a famosa barragem. De barrados no hotel até celebridades por viramos correspondentes da Rede Globo Oeste Paulista.
Ah, as belas meninas de Riberão Preto e o mais famoso
chopp do estado de São Paulo.
Belas também são as praias catarinenses: Navegantes,
Cabeçudas, Balneário Camboriú, atravessando pela balsa em
Itajaí.
Certa vez, passando por Gaspar, ia ficando pelos lados da linda Blumenau, na sossegada e quase alemã Pomerode. Muito bem recebido e acolhido pela família Kulhmann.
Petiscos no Froshinn, cerveja no Biergarten, empório da Vila Germânica da Oktoberfest. Malas prontas, emprego arranjado na Rádio Tropical e na TV Atlântica, mas eu não era mais louco que o Batman.
O vento minuano que cortava o Jardim Lindóia, em Porto Alegre, era implacável. O tradicional churrasco gaúcho não poderia ter ficado de fora do roteiro. E o Lago Guaiba. Nas lembranças algumas cuias e mate para o chimarrão.
Frio, também de rachar no Morro do Elefante que tem uma vista incrível de toda a cidade. Vista que me fez voltar por algumas vezes. Para aquecer mesmo só com um chocolate quente no boulevard no fim de tarde, com um valor impagável em Campos do Jordão.
Sol escaldante em Maceió, jangada até os arrecifes, mergulhar e apreciar os peixes e saborear um drink servido dentro de um abacaxi. Na praia do Francês é ambulante para todos os lados, todos os gostos e bolsos - irritante.
Nas dunas do Delta do São Francisco escorregar e apreciar a reserva natural que é um nascedouro de tartarugas marinhas. Num pequeno barco atravessamos e em 5 minutos já estamos em Sergipe.
Para chegarmos no delta, tivemos uma passagem por
Coruripe, e depois em Piaçabuçu.
Quem nasce em Piaçabuçu é o que?
Diz aí.
Claro que não poderia passar sem relatar as aventuras boêmia nas noites cariocas de Copacabana, insano.
Terminando num maravilhoso nascer do sol no Leblon, que ficou registrado num quadro. Insano, também, foi sair de lá correndo para ir para Jacarepaguá e assistir aos GPs de Fórmula 1, uma loucura. Ao final do GP, pular o alambrado, fugir da polícia e ir parar dentro dos boxes, no paddock, no pódio. Muitas fotos para registrar o momento.
Na rota da Castelo Branco teve o retiro em Mairinque, o futebol em Sorocaba - derrota do Corinthians e fuscão quebrado em Osasco no caminho de volta.
Teve uma visita à Boituva, que ainda me deve um salto de paraquedas, ou um voo em balão. Mesmo com meu medo de altura, nem que eu vire uma anedota.
Depois de um tempo, peguei a estrada fugindo da barulhenta e cinzenta São Paulo, com destino à bela, grande e rica cidade de Campinas, onde meu filho nasceu, o meu orgulho.
Indaiatuba, Valinhos, Hortolândia e a famosa Vinhedo, também ficam registradas. Jaguariúna e Pedreira também.
Tempos depois fui parar na pequena, porém aconchegante, Mogi Mirim. Morei num casarão de esquina, próximo ao Bosque, que lugar gostoso. Morar lá e dividir o trabalho entre Campinas e Mogi Guaçú.
Uma rápida passada na sem graça Santa Bárbara D´Oeste, entre Americana e Piracicaba.
Para quê?
Melhor esquecer, nem vou perder meu tempo contando alguns
detalhes, deixa para lá.
Enfim, o destino me levou para a quente e rural Presidente Prudente. Inconscientemente, tudo sendo planejado.
Com hospedagem em Cambé, parti para oficializar o futuro destino que seria carimbado em Londrina. Neste intervalo, as economias foram recolhidas em Tupi Paulista, Rancharia e Regente Feijó.
Mariápolis e Flórida. Não foi uma aventura na Disney, foram almoços em família, na Flórida Paulista. A mesma família de Campo Limpo Paulista. Pertinho de Jarinú, aquela do tradicional sorvete artesanal na praça ao domingo.
Num domingo qualquer, uma visita surpresa em Cabreúva, depois de um longa jornada em um ônibus um tanto quanto desconfortável e esquisito. Parecia aqueles de filme: galinhas e gaiolas, pessoas da roça, outras vindas das missas.
Voltando ao tema Presidente Prudente, esta estadia por lá me pregou algumas peças. Estas não da para esquecer, mas enfim, tem que viver. Seguir e viver, tinha algo mais importante por vir.
E de lá, fazer uma adorável ponte aérea: destino Lisboa com escala em Madrid. Barajas até Chamartín.
Bons anos, bons tempos. Uma saudade diária, meu choro constante neste meu COTIDIANO. E o muito que me arrependo.
Lá era trabalho, muito trabalho. Mas, enquanto eu trabalhava, aproveitava para passear e divertir.
No verão, pelo calçadão da Vila do Conde esbarrava em turistas de vários países. Pude saborear uma deliciosa francesinha. Calma gente, não é um linguajar vulgar. Francesinha não era uma turista, é uma sandes, típico sanduiche da região do Porto.
Ainda fui ao sul de Portugal. Nos casinos do Algarve não tinha nada de apostas, preparava os jantares do teatro musical, eu era o Chef. Ementa completa: polvo a açoreana, tamboril gratinado, coelho a dona Rosa e arroz doce na sobremesa, tradicional doce português.
Pratos servidos na rota: Portimão, Vila Moura e Monte
Gordo. Todas as cidades visitadas em uma única vez.
Mas minha vida não era só trabalho. As férias de verão se passavam nas praias de Sesimbra, sempre na companhia do meu fiel companheiro, meu filho. Batíamos cartão nas praias da Fonte da Telha, pertinho de nossa casa no Jardim das Paivas, Seixal.
Seixal, um dos meus locais de trabalho, cidade histórica.
Por falar em história, não esquecer de Sintra. Seus castelos, sua arquitetura, seu clima, sua cultura.
No caminho, as praias de Cascais no passeio de comboio.
Com todo este trabalho: do trabalho propriamente
dito, criar meu filho, ainda uma criança, escola, médico
e outras responsabilidades; preocupado, fiz um voo de volta. Que acabou se transformou numa revolta.
Minha vida precisa de uma reviravolta.
Neste ínterim, uma confusa pausa nas Minas Gerais de Caratinga e Bom Jesus do Galho.
Parece aquelas antigas histórias de caminhoneiro meio safado que deixa uma mulher em cada cidade. Não deixei mulher alguma, mas deixei lembranças e saudade.
Por falar em Minas Gerais, nunca comi um sorvete de queijo tão gostoso, exótico, como em Itajubá. A terra do pão de queijo e do tutu de feijão com fubá.
Fui de volta para o barulho e a truculenta cidade cinzenta.
Estou ficando velho, preciso decidir meu incerto destino, tenho que partir antes que eu chegue aos 60.
Sou um sonhador nato. Queria mesmo era estar em Amsterdã ou Roterdã. Talvez, a história dos Países Baixos faça parte da minha história, da minha vida. Acredito eu, gerou minha vida. Uma semente deixada em João Pessoa, Paraíba. Primórdios do Brasil, tempos da colonização e invasões.
Um parênteses, eu sou uma miscigenação de negro índio, portugueses da Madeira e trasmontano de Bragança e, provavelmente, holandeses.
Depois deste parênteses, voltamos às histórias deste sonhador.
Paris, mesmo que de passagem, será maravilhosa visita. Lembrança daquele verão, mês de agosto de 2008, um projeto que não se concretizou.
De uma amiga, tive um convite para ir para Zurique. Ficou só na promessa, morar na Suíça seria chic.
Quero estar mais uma vez em Madrid. Desta vez sem muita pressa e sem susto de um tímido que caiu de paraquedas. Voltar a Chamartín, conhecer o Santiago Bernabeu.
Oh, meu Deus!
"Hala Marid y nada más".
Pena que o medo não permitiu que vivesse em Bruxelas. Não faltou vontade, nem oportunidade. Era loucura demais, mas valeria muito a pena, afinal, o destino já estava decidido (eu ainda não sabia) - e não foi decidido por mim.
Um sábado e o telefone tocou, direto de Barcelona, até me surpreendi, nem espera o contato de um amigo me chamando para um trabalho. Mas a empresa não se firmou.
Em minhas surpresas, copa do mundo no Brasil, outro
telefonema: "DJ? Vem tocar aqui nos pubs da Irlanda". Assim, de repente, sem planejamento, sem dinheiro? Nem sei se era apenas brincadeira, ou conversa de bêbado. De qualquer maneira, teria que ficar para a próxima oportunidade.
Nas minhas postagens nas redes sociais fez surgir mais uma coversa: "vem para cá, vem trabalhar aqui" (Nova Zelândia).
Uma coisa eu tenho como certa, meu planejamento é ir embora, de preferência onde se fala a língua inglesa.
E o Canadá?
Não sei se eu me acostumaria com o frio. Quase que o ano todo abaixo de zero, bem diferente de Portugal que tem sol quase que o ano todo, mesmo no frio.
E, neste caso, quem sabe um dia reviver e morrer em Lisboa. Morar em Belverde ou na Aroeira.
O que eu preciso é manter esta chama sempre acesa. Trabalhar para realizar o sonho.
E como não é proibido sonhar, porque não antes disso, passear em Munique e Berlim. Sófia e Varsóvia; Budapeste e Bucareste. De Turim a Póvoa do Varzim...Numa caravana, conhecer a Europa de leste a oeste.
Um espírito inquieto, desbravador do desconhecido para poder me tornar conhecido.
Contador de muitas histórias nas Crônicas de Um Andarilho.
Wagner Pires
in, Crônicas de Um Andarilho
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