Leis existem para serem cumpridas, analisadas, julgadas e sentenciadas dependendo de casos e casos.
Em 04 de Novembro de 2006 resolvi me mudar de casa, sair de casa pois o casamento já havia acabado em 25 de Dezembro de 2005 e eu estava apenas adiando uma situação que já deveria ter sido tomada.
Neste dia, ou melhor, nesta noite em que fiz minhas malas, meu filho, na época com 5 anos e 8 meses, quis me fazer companhia, e o fez durante todo o final de semana.
Morávamos em Portugal desde 2004, eu era cozinheiro, apesar de sempre ter trabalhado no Brasil na área Administrativa/Financeira. Não tínhamos nenhum parente por lá, somente alguns amigos brasileiros e portugueses.
Até o dia 28 de Julho de 2006, ou seja, durante 8 meses de separação, por comum acordo, tínhamos guarda compartilhada, na época eu nunca havia ouvido nada a respeito deste tema. Eu pegava meu filho na 2ª feira logo após o almoço e o levava de volta na 4ª ou 5ª feira, também após o almoço. Ou ainda buscava-o no Sábado ou Domingo dependendo da necessidade da mãe.
Porém, neste dia 28 de Julho, devido a uma dificuldade da mãe, eu decidi que meu filho ficaria o verão somente comigo até o início das aulas, 15 de Setembro de 2006 - ele iria iniciar no 1º ano do 1º Ciclo (atual 2º ano do ensino fundamental aqui no Brasil), podendo ficar com a mãe aos finais de semana - o que não ocorreu durante 45 dias.
Quando ele estava com a mãe, eu dava um valor mensal à ela para ajudar nas despesas, como se fosse a pensão alimentícia. O valor foi calculado baseado em meus rendimentos e sugerido por um promotor da Câmara do Seixal, a qual eu havia procurado. Por lá não formalizamos o divórcio e a pensão devido a legislação.
Como eu disse, eu era cozinheiro e em Portugal trabalha-se em horários repartido - das 10 as 15 e depois adas 19 as 23 horas. Tinha a necessidade de levá-lo comigo algumas vezes, apesar de eu ter contratado uma babá (em Portugal esta profissional chama-se ama). Meu patrão é uma pessoa muito solidária e humana, por isso não se importava de levá-lo ao trabalho. Ele ficava andando pelo restaurante conversando com os clientes, fazendo amizades pelo bairro, tanto com crianças como com adultos, ele é uma criança muito querida e educada e tem muita facilidade em comunicar-se com adultos devido este respeito. Sempre fui muito elogiado pela educação dele. Na primeira reunião escolar fui tão elogiado que não me contive, o que também não é difícil, sou chorão por natureza.
Aos finais de semana eu trabalhava até 1 ou 2 horas da madrugada e ele dormia na própria cozinha num lugar que eu preparava para ele descansar. Íamos nos adaptando à nova rotina.
Quando o início das aulas já estava chegando, ele deveria voltar a morar com a mãe e eu iria vê-lo aos finais de semana para que eu não atrapalhasse com a rotina trabalho x escola.
Para minha surpresa ele não quis mais voltar a morar com a mãe, foi uma decisão dele. Claro que eu gostei, mas não quis interferir, procurei apenas analisar as vantagens e desvantagens de nós três (pai, mãe e filho), e cheguei a conclusão que isso realmente seria o melhor para ele em vários aspectos, para não dizer em todos.
Isso me obrigou a trocar de trabalho para que eu pudesse dar mais atenção à ele.
Tínhamos uma rotina normal de uma família e, acredito eu, a rotina normal de uma mãe separada que cria seu filho sozinha: trabalho, casa, escola, lição, médico preventivo e corretivo, lazer, enfim uma vida normal; mesmo morando apenas nós dois sem ajuda de ninguém: não estava com namoradas, amigas, e nenhum familiar.
Até pude entender o porque dos homens serem os primeiros a ficarem prontos para uma festa ou evento e as mulheres sempre atrasadas.
Ele continuou crescendo educado e respeitador, uma criança como uma outra qualquer em situação semelhante ou com a família. E nunca precisou de ajuda de profissional na área psicológica.
Sua mãe retornou ao Brasil em Dezembro de 2009 e nós permanecemos por lá até o final de 2010.
Voltamos ao Brasil para morar na capital paulista e sua mãe estava morando na grande Belo Horizonte até mudar-se para Presidente Prudente-SP.
Sempre digo à ele que o amor, carinho e respeito pela mãe deve ser igual ao meu, que os problemas que tivemos foi de marido e mulher, e nada deve interferir no relacionamentos dos pais com ele.
Eles se falam via redes sociais e telefone, se veem pouco devido à distância, trabalho e escola.
Eu e ela não somos amigos, mas também não somos inimigos, ela tem todo o direito de acompanhar a vida do filho, e cada um de nós seguimos a nossas vidas.
Hoje ele está quase para completar 14 anos, o que fará no dia 6 de Março de 2015. Foi, e está sendo, uma experiência mais do que gratificante, foi aprendizado e amadurecimento para nós três.
Além de filho, ele é meu amigo e companheiro; vivendo na fase de adolescência com suas descobertas, curiosidades e dificuldades, onde procuro orientá-lo quanto a sociedade atual, e dou minha opinião quanto a família, escola, trabalho, vícios, drogas, relacionamento amoroso (gostem ou não, sou contra o homossexualismo, não tenho nada contra o homossexual, pois tive vários funcionários nestas condições e alguns bons profissionais, outros ficaram a desejar, mas não por sua homossexualidade, apenas pela sua capacidade de desenvolver o trabalho).
E assim nós vamos vivendo o COTIDIANO atual, sem saber o que virá pela frente.
A guarda compartilhada não pode ser um caso generalizado, assim como a guarda apenas da mãe. Não podemos mais viver na tradição e costumes. O mundo passa por transformações constantes e de tempos em tempos vemos mudanças no comportamento da sociedade.
Cada caso deve ser analisado pelos pais, pela família, podendo chegar à justiça, mas principalmente ouvir a criança. Dando atenção e credibilidade.
Como eu sempre digo, os filhos são as principais vítimas de um relacionamento fracassado, mas não podem ser reféns do problema. A solução tem que ocorrer para em primeiro lugar o bem estar das crianças, nem que isso alguém tenha que modificar seu comportamento, pensamento e rotina, para que possamos formar bons cidadãos, integrantes de uma sociedade mais digna e justa.
Wagner Pires
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