domingo, 15 de junho de 2025

INOCÊNCIA

origem da imagem: https://br.pinterest.com/pin/72831718972728603/



Correndo com os olhos fechados,
O sorriso aberto,
Braços estendidos para os lados,
Querendo agarrar o vento,
Abraçar o mundo.

Cabeça jogada ao alto,
Ouvidos astutos à natureza.
Exalando a alegria,
Sem medos, sem traumas,
Sem nenhuma lágrima que possa escorrer pelo rosto.

Boca escancarada exibindo os brancos dentes,
Pernas não tão firmes, mas velozes.
Sem pressa de chegar.
Não querer olhar para traz,
Nem precisar olhar para a frente.

Um pássaro voa de um lado e o riacho corre ao outro.
Com total despreocupação para apreciar o momento:
O brilho do sol,
Escutar o estralar da grama seca,
Que contrasta com a relva tão verde.

Pele ardente tornando as bochechas rosadas
Refrescada pela chuva.
Barro espirrado para todos os cantos deixa os calçados encharcados,
Camiseta molhada, borrada, fica o calção quase que caindo,
Chegando próximo às pequeninas meias - que um dia foram brancas.

Não sei se era uma intensa chuva de verão,
Ou a fria e fina garoa de outono.
Mas no horizonte reflete as cores do arco íris.
Porém, não importa o tempo ou a estação.
Se há frutos nas árvores, ou se ainda florescem.

O que interessa mesmo é correr por correr esta longa distância
Para que não precise chegar a nenhum destino.
Mesmo tendo o seu ponto de partida:
Apenas deleitar-se como uma infância,
Antes que a vida lhe peça para ser um adulto.


por Wagner Pires
in, Crônicas de Um Andarilho