Rafael Pires, 01/01/2009, Amora, Seixal, Portugal
segunda-feira, 23 de novembro de 2015
domingo, 15 de novembro de 2015
REINO DE MARVÃO
O
reino dourado do rei João
Com
sonhos prateados, viaja na sua imaginação
Rosto
amarelo,
pálido, muito assustado, estourou o rojão
Assina
um decreto com o lápis roxo que está à sua mão
Mandou
pintar o céu de azul para voar o avião
Apagar
o cinza,
porque é muita depressão
Laranja
é cor, é fruta é o sol na imensidão
O
vermelho
pulsa o coração
No
jardim do castelo brota o rosa do botão
E
no marrom,
joga-se bola lá no terrão
Caramelo
é o nome do seu cão, valente como um leão
Preto
e branco:
seu irmão
O
rei adora se vestir de verde limão para chamar a atenção
Desfilando
com Violeta,
a rainha, sua paixão
Morena bronze,
cor do verão
Montando
Turqueza,
égua veloz como um furacão
História desenhada e rabiscada em grafite o lápis de carvão
Uma
caixa de colorido lápis num reino sempre em construção
por Wagner Pires, in Reino de Marvão para Colorir
quinta-feira, 12 de novembro de 2015
FOTOGRAFIAS
No porta
retrato outra fotografia
Fazendo
companhia a outros acontecimentos
Negativos revelados revelam momentos
Do dia a dia do COTIDIANO
São contos sem legendas
Com início e sem um fim
Eterno percurso pela galeria de arte da vida
Arte de viver uma
imaginação
Ao observar cada
foto
Fazendo
exercitar a mente
Puxar na
memória o fato ocorrido
Geralmente
por motivos felizes
Comemorações,
lugares, pessoas, ocasiões...
Em viagens
ou visitas, mudanças.....talvez
Mudanças
aparentes provocadas pelo desgaste do tempo
Brota no
coração o sentimento de saudade
Escorre uma
lágrima, abro um sorriso
Lembranças
do passado, esperança para o futuro
Impressão em
preto e branco deste colorido mundo
Telas pendurados
na parede, ou esculturas espalhadas pelos móveis
É o meu museu particular contando minha própria história
Wagner Pires
domingo, 8 de novembro de 2015
COMBOIO FORA DOS CARRIS
No banco, sentado na estação, aguardando meu embarque. Trem
ainda parado, estacionado, pronto para levar-me sem destino por este mundo sem
rumo e direção.
Desce a serra a caminho do litoral. Ambiente selvagem e
cosmopolita. Na água só até a margem, brincar e correr na fina areia da praia.
Rápida parada, rápida visita, de volta, me aguardem.
Subindo a serra, de volta à metrópole, a mesma correria de
pessoas que se esbarram e ignoram, congestionamento em dias de sol nublado pela
fumaça. Circulando de estação em estação para agilizar o crescimento, em
desenvolvimento com o envolvimento, população que cresce e padece: já não tem
mais os seis ou sete, já passa dos dez.
Novamente prefere descer através do nevoeiro da serra rumo
às praias. Tempo ruim, trovoadas, chuvas e mal dá tempo para uma longa parada, apenas fazer um lanchinho. Lugar cheio de turistas, alguns em ônibus fretado para a
farofada deixando um retrato lotado.
Inquieto, subindo ao ponto de partida, indecisão de um
maluco turismo de idas e vindas, sem precisão e definição. Novamente a cidade
já não é a mesma, outros ares, outras cores, com novas caras: cara de política,
em formação e orientação, com capacidade de opinar e criticar; muita crítica.
Personalidade
de exigência devido a inteligência. Criou sua trilha sonora, carros sempre
velozes, com presa acompanham esta musicalidade que segue sem idade. Faz o
coração marcar o compasso na batida do som grave, fazendo jorrar combustível
pelas veias. Cidade de duas paixões para muitas outras paixões.
Paixões impiedosas que trouxe desilusão. Mesmo assim segue
seu rumo em prumo sobre os trilhos, firme sem descarrilhar. Contratempos que
fazem atrasar a viagem, exigindo reparos e manutenção. Envelhecendo sem enferrujar,
apenas reciclar, recriar, refazer, outra vez.
Refazendo a ideologia, na seriedade, compromisso, um brilho
especial, limpeza com óleo, lustrado, atualização do sistema operacional,
sempre atualizado, pontual. Controvérsias nas conversas. Funcional e eficaz. Planejava
prosseguir num TGV atravessando as fronteiras.
Outros passageiros, nova rotinas, diferentes visitas.
Percorrendo os caminhos do interior do Estado, mudando o estado de espírito. Aguerrido,
valente e corajoso. Cidades cada vez mais distantes, entre grandes e pequenas prósperas,
urbanas e rurais. Verificando o gado nos currais, conhecendo o desconhecido.
E por falar em desconhecido, navegou para algo nada, até então,
parecido. Navegando em águas internacionais de diversos idiomas e alguns dialetos,
seu lugar predileto. Assustador, intrigante, queria que fosse permanente. Romance
após o romance interrompido, sofrido. Quase que ali, partiria para aposentadoria,
viraria história de uma peça de museu retratada em poesias, prosas e crônicas.
Algumas situações cômicas, outras dramáticas, a problemática.
Roteiros de uma rotina mal elaborada, itinerário mal
planejado, pouco orquestrado. Restou atrelar um único vagão e voar ao passado. Pouco
abastecido, carregando poucas bagagens, prosseguindo pelo mundo que ficou desconhecido.
Estradas não trafegáveis; sem recursos, sem manutenção, acabou
a emoção. Ficou pesado, sobrecarregado, mesmo estando solitário sem passageiros
e acompanhantes. Ia à frente a velha Maria Fumaça movida a vapor sujando, com o carvão, o rosto
do condutor. Puxava o tender cheio de combustível para queimar na
fornalha, jogado pela pá do assistente no árduo e solitário trabalho.
Com pouco vigor, cansado e agora enferrujado, segue nos trilhos,
também enferrujados, sobre dormentes danificados; olhando no retrovisor para não
perder o passado de vista. Atentando ao túnel que se aproxima, pouco iluminado,
escuro, imprevisível caminho, perplexo com sonhos obscuros só restam lamentos. Com esperança, que ao
final deste túnel, Maria Fumaça e seu reboque, reencontrem sossego num turismo
de amor e alegria.
Wagner Pires
Assinar:
Postagens (Atom)