sábado, 24 de janeiro de 2015

TREM PARA LISBOA




Chamartín próximo ao estádio do Real Madrid,
Destino Lisboa.
Embarco assim como diversos grupos,
Com variados idiomas.
Mochilas, cajados, bermudas e chinelos;
Peregrinos.
Muitos estudantes em férias percorrendo a Europa,
Aproveitando o verão.
Caminhos de Santiago de Compostela,
Uns para religiosa meditação,
Outros para admirar o quanto é bela.
São pequenas aldeias. Casas de pedra,
Vindimas, pecuária ovina.
Vinhos, queijos, enchidos e muita fartura.
Hospedagem em albergues,
Comunitários e solidários
Numa viagem que não seria longa,
Pouco mais de 600 km.
Viagem noturna, bobeei: cochilei,
Nem percebi a primeira paragem,
Despertei e apreciei a linda cidade,
Não me perguntem o nome.
Parados por longos minutos
E seguimos viagem.
Voltei a dormir.
Mas com isso,
Não perdi por deixar de observar a paisagem,
Era noite, madrugada chegando,
Só teria visto as luzes das casas,
As luzes dos postes nas ruas,
A luz do luar.
Enfim, o melhor foi mesmo dormir,
Recuperar o cansaço de um voo de 10 horas.
Roncava enquanto sonhava.
Sonhos mesclados com o passado
Que ia ficando para trás das rodas trilhando os trilhos,
Com o futuro das trilhas que teria que trilhar,
As quais viriam à minha frente.
Ansiedade, curiosidade, felicidade.
Atravessando a fronteira sem barreiras,
Amanhecendo em terras lusitana
Regiões áridas, casas pálidas
Seria o Alentejo?
Não vou saber precisar.
Tinha alguma cultura agropecuária,
Senhoras com longas vestes em pleno verão,
com lenço na cabeça para proteção.
E estes cenários vão sumindo com a chegada de nova arquitetura:
Aproximam-se as pequenas cidades,
Tranquilas, pouco movimento,
Alguns monumentos.
Viagem curta, porém demorada,
Havia imaginado que chegaria mais rápido.
Talvez a velocidade tenha sido pequena,
Ou as paradas longas.
Santa Apolônia, parada final.
Preocupado, assustado, desanimado,
A aparência do lugar, prédios antigos,
Alguns mal tratados, azulejados pintados à mão.
Moradores de rua, e muitas obras cruas.
Lágrimas nos olhos:
Já seria saudade ou seria alegria?
Cheguei em meu destino,
Porém não cumpri o meu destino.


Wagner Pires

Nenhum comentário: